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Ser ansioso é diferente de ser uma pessoa agitada

Ansiedade em Divertida Mente 2 é fofa, enérgica e muito animada, mas o transtorno de ansiedade é bem diferente na vida real

Por Mavi Faria Atualizado em 29 out 2024, 15h34 - Publicado em 21 jul 2024, 15h00
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m Divertida Mente 2, embora o acréscimo de quatro novas emoções – Ansiedade, Tédio, Vergonha e Inveja – tenham trazido mais camadas ao filme, foi a Ansiedade que revolucionou a história e conquistou o enredo e os telespectadores. A nova emoção chega no painel de controle da mente da Riley com muitas malas e uma aparente vontade de trabalhar em conjunto com as emoções já vistas no filme anterior, a Alegria, Tristeza, Raiva, Nojinho e Medo.

Pouco tempo depois, a personagem pequena e laranja expulsa as emoções primárias e assume o comando do controle e da mente da protagonista, que, segundo ela, seria redefinida. Pensamentos e falas muito aceleradas, atitudes enérgicas e descontrole nas ações e pensamentos são algumas das atitudes que marcaram a Ansiedade no filme e que uma galera se identificou aqui do lado de fora.

Mas, será que a ansiedade é realmente assim na vida real? Ou melhor, será que somente esses tipos de comportamento, e uma pessoa mais agitada e enérgica definem um ansioso? Para a psicóloga e psicanalista Luciana Inocêncio, não! Ela afirma, inclusive, que a comparação pode ser até perigosa por banalizar a ansiedade como doença.

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“A Ansiedade, personagem do filme, oferece um estereótipo animado, proativo e até muito simpático. O personagem é caracterizado por um sorrisão e isso faz da Ansiedade uma ‘fofa’, é quase impossível ‘brigar’ com ela. Porém, é importante ressaltar que ansiedade é um transtorno mental, que causa muito sofrimento nas pessoas“, alerta a psicóloga. 

A agitação presente na personagem, que chega a beber energético para ficar acordada e ainda mais elétrica, também não são atributos obrigatórias de uma pessoa ansiosa. Até porque, Luciana lembra que características como elétrica, animada, extrovertida, não são frutos de um transtorno de ansiedade, e sim fazem parte da personalidade de cada um.

Da mesma forma que uma pessoa agitada pode ter ansiedade, outra calma, quieta e introvertida também pode. “O exterior de uma pessoa pode fornecer algumas pistas sobre sua ansiedade, mas não é um indicador definitivo. A ansiedade não define personalidade, não é um transtorno de personalidade. Sendo assim, a pessoa pode ter o temperamento calmo e tranquilo e, ainda assim, sofrer de ansiedade”, explica a psicóloga.

A ansiedade, quando em excesso, é um problema que interfere de modo significativo no dia a dia da pessoa adoecida, tanto na saúde mental, quanto na física. Luciana lembra que os sintomas são extensos e podem ser físicos, emocionais, comportamentais e cognitivos. Alguns dos mais comuns são:

  • Palpitações cardíacas e tremores;
  • Sudorese excessiva;
  • Falta de ar, sensação de sufocamento e tontura;
  • Nervosismo, medo, irritabilidade;
  • Agitação e tenção muscular;
  • Preocupação excessiva e dificuldade de relaxar e de concentrar.

Embora alguns desses sintomas, e até outros, serem visíveis, a psicóloga lembra que é muito comum pessoas ansiosas mascararem os sintomas, deixando o sofrimento interno escondido. A seriedade do transtorno, por todo o sofrimento que trás ao ansioso, é um dos principais fatores de risco ao associar o problema ansiedade com a personagem do filme, que, segundo Luciana, mesmo tendo demonstrado comportamento descontrolável e ansioso, como da doença, não é uma representação completa ou única.

“A ansiedade é um transtorno psicológico que deve ser tratado com psicoterapia e, em muitos casos, associar medicamentos psiquiátricos ansiolíticos”, afirma a psicóloga. Segundo ela, “uma pessoa ansiosa está doente psicologicamente e emocionalmente; já uma pessoa agitada e energética pode ter somente uma característica comportamental que, simplesmente, não gera a ela sofrimento algum”.

Por isso, é importante reconhecer que, embora o excesso de pensamentos descontrolados da personagem sejam fiéis aos de ansiosos, “não podemos reduzir o transtorno de ansiedade a uma simples caricatura de filme, pois este transtorno na vida real não tem nada de fofo, de alegre, de engraçado. É assunto sério!”. 

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