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Entrar uma hora mais tarde na escola pode ajudar até na saúde mental

Longe de nós parecermos preguiçosas, quem está pensando nesses benefícios é a ciência 💤

Por Bruna Nunes Atualizado em 30 out 2024, 15h39 - Publicado em 22 ago 2022, 18h11
Dormir mais
Malte Mueller/Getty Images

Não, você não leu errado. E sim, a gente sabe que você – às vezes – não resiste e dorme na aula. Ou até dá aquela enrolada boa pra acordar. Mas a novidade é que atrasar em uma hora o início das aulas do turno da manhã pode beneficiar a qualidade de sono e o humor dos adolescentes – contribuindo com o desempenho escolar de cada um. E quem está dizendo é a ciência, viu?

“Atrasar um pouco o sono é um comportamento que faz parte do desenvolvimento da puberdade, que envolve mudanças no cérebro do adolescente, que ainda está em formação nessa fase da vida. Nós observamos isso em todas as culturas ao redor do mundo, não é algo restrito ao Brasil”, explica Felipe Beijamini, professor da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS).

Pois é: aquela preguiça mental e pouca produtividade nesse horário não acontece só com você – mas com adolescentes do mundo todo. Já pensou em ter uma qualidade do sono melhor, acordar mais bem-humorada e cultivar boas notas?

Beijamini é um dos autores de uma pesquisa brasileira sobre o tema feita em parceria com o Programa de Pós-graduação em Biociências da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA). Os cientistas chegaram aos resultados após observar, durante três semanas, 48 adolescestes de 15 a 18 anos. Todos eram alunos de uma escola em Palotina (PR).

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“Na Califórnia, recentemente proibiram o início das aulas no ensino médio antes das 8h30. No Brasil, acreditamos que é preciso conversar sobre isso em cada região, levando em consideração as suas especificidades. A longo prazo podemos pensar até em modelos flexíveis”, defende o especialista.

A gente explica como foi feita a pesquisa aqui no Brasil: por três semanas, os alunos tiveram o sono monitorado por um aparelho e também responderam um questionário no fim de cada ciclo.

  • Na primeira semana, os alunos entraram às 7h30, o horário padrão;
  • Na segunda semana, o horário mudou para às 8h30, uma hora depois do costume. Apesar do “atraso” de uma hora, o horário de dormir se manteve o mesmo da semana anterior;
  • Na terceira semana, os estudantes voltaram para sua rotina.
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Além da diminuição na sonolência e o aumento da disposição, o professor da UFFS, Felipe Beijamini, revela que o estudo também observou um impacto nas emoções, já que houve uma diminuição nos sintomas de depressão e ansiedade. Muita gente pensa que é frescura ou falta de esforço, mas os especialistas realmente consideram 7h da manhã um horário muito cedo para colocar os adolescentes para estudar, viu? Até porque, nessa faixa etária, o cérebro ainda está em formação.

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Uma pesquisa da própria Associação Brasileira do Sono (ABS) mostrou que 65% dos brasileiros têm dificuldades no sono, e a maior parte desse grupo, são jovens. Então, levando em consideração esses dados, os especialistas acreditam ajustar o horário dos alunos pode não ser a solução para todos os problemas, mas pode sim, ajudar a melhorar o dia a dia.

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“Nós dormimos porque precisamos de uma limpeza metabólica no nosso cérebro que acontece apenas durante o sono. É também quando consolidamos nossa memória, o que é importante para nosso processo de aprendizado, além de regular nossas emoções”, esclarece o especialista. Vale ressaltar que, nessa pesquisa, os alunos não foram dormir mais tarde do que o comum, então eles realmente tiveram mais tempo de descanso.

Colocar até o sono em perspectiva – nunca é demais

ilustração de uma garota dormindo

Em paralelo, uma outra pesquisa publicada no Journal of Clinical Sleep Medicine, concluiu que, para realmente ter uma qualidade de vida melhor e aumentar o desempenho de jovens no período escolar, é preciso levar um outro fator em consideração: o socioeconômico.

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Pesquisadores descobriram que o impacto do atraso no início do horário das aulas foi maior entre alunos economicamente e racialmente desfavorecidos. Ou seja, em alunos de baixa-renda e majoritariamente negros. Por isso, é importante levar em consideração as realidades de cada um. Quanto mais longe o aluno morar da escola, mais cedo ele têm que acordar, e dependendo do meio de locomoção, a rotina se torna mais cansativa ainda, por exemplo.

E aí? Como anda o seu sono e o seu desempenho na escola?

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