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Família de Fiuk quer processar psicóloga que o chamou de “boy probleminha”

Manuela Xavier, Mestra e Doutora em Psicologia Clínica, analisou o discurso e arquétipo do ator e cantor durante sua participação no BBB21

Por Da Redação 1 fev 2021, 13h05

Não é só na casa do Big Brother Brasil que as coisas fervem, não. A família do Fiuk, participante do BBB21, pretende processar a psicóloga Manuela Xavier que fez uma live em seu Instagram analisando e criticando o comportamento do ator e cantor. Ela diz que “a performance e o arquétipo dele são um perigo para as mulheres.” Como feminista, defensora dos direitos e da emancipação das mulheres, a psicanalista está recebendo apoio de suas seguidoras. 

Manuela Xavier, Mestra e Doutora em Psicologia Clínica, fez uma live neste sábado (30), em que, além de analisar a imagem que Fiuk está passando, comentou o comportamento de outros participantes do reality e debateu sobre a “cultura do cancelamento”.

A advogada da família de Fiuk, Talitha Zuppo, tem acompanhado o caso e as manifestações da psicóloga. “Eu e minha equipe assistimos à live da psicóloga Mariana Xavier. Ela analisou o Fiuk como se tivesse propriedade, ela usou termos baixos e expôs uma pessoa que, apesar de ser pública, não merecia isso. Ela não tem propriedade. A inscrição dela no Conselho Regional de Psicologia está cancelada. Eu e minha equipe estamos tomando todas as medidas legais e cabíveis contra ela. A Justiça vai prevalecer e ela não vai poder falar mais sobre o Fiuk ou sobre o Filipe Kartalian Ayrosa Galvão em qualquer meio de comunicação”, disse à revista Quem neste domingo, (31).

Durante a live, Manuela relembrou o discurso de Fiuk na roda de apresentação com os outros participantes. “Logo naquele primeiro discurso dele, na roda, eu vi que ele era uó. Como ele se veste de mulher e acha isso legal? A máscara cai”, disse. Ela também reforçou o seu compromisso profissional. “Meu compromisso é com as mulheres que sofrem com a violência doméstica. O relacionamento abusivo vai extraindo muitas coisas das mulheres, como autoestima, autonomia. O relacionamento abusivo gera danos gravíssimos. E falo isso porque vivi. A minha antena apita [para sinais de homens que tenham comportamentos abusivos]”, afirmou.

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Ela ainda continuou fazendo referência ao episódio em que Fiuk perdeu 500 estalecas por comer uma banana no Vip enquanto está na Xepa. “Fiuk nunca vai chegar e te dizer que você é uma escrota ou filha da p***. Ele vai chegar e dizer que se magoou muito. Naquela situação da xepa, quando ele comeu a banana que não podia, ele quis dividir a culpa. Isso é uma característica típica de boy probleminha. É um tipo de cara que não mata no peito a responsabilidade”, disse.

No seu Instagram, a psicóloga colocou um destaque intitulado “boy probleminha”, em que analisa o discurso e o arquétipo do Fiuk. “Fui casada com um boy probleminha. Tenho uma clínica só de mulheres e todos os dias ouço os relatos de mulheres que convivem com boys probleminhas. […] Eu, como doutora em psicologia, como alguém que estudou formalmente 11 anos, faço análise de discurso”, explicou Manuela sobre suas falar em relação à Filipe. Ela também escreveu que não está julgando o cantor e ator. “Eu estou julgando o Fiuk? Não! Estou dizendo que ele é um boy abusivo? Não. Estou dizendo que o Fiuk representa um perfil comportamental que compõe sim o que eu chamo de boy probleminha. Eu estou analisando o Fiuk? Não. Estou analisando o discurso e o arquétipo Fiuk”, justificou.

Ainda vendo a fala do Fiuk diante dos brothers e das sisters em sua apresentação, Manuela colocou em destaque: “Em um programa com recorde de pessoas pretas, Fiuk, que vem como camarote, dizer que teve uma vida muito difícil é uma sacanagem. Ele é branco, cis, hétero, rico, padrão, veio de uma família rica e ainda é famoso. Esse é o momento dele entender esse lugar ao invés de tomar um protagonismo de que realmente teve uma vida muito difícil”, comentou, apesar de reconhecer que ele realmente possa ter passado por problemas em sua vida.

Na live, ela também falou de outros participantes. “Acho que o Lucas [Penteado] é inconveniente”, disse. Também afirmou que Kerline é “escorregadia” e que Karol Canká teve várias falas problemáticas.

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Diante dos acontecimentos, no domingo Manuela publicou uma nota oficial em sua rede social sobre o processo que estava recebendo da família do Filipe e logo depois uma carta aberta direcionada à advogada Talitha e à Cristina Kartalian, mãe do ator.

Leia trecho da Nota Oficial publicada por Manuela. 

Desde o dia 26/01/2021, a psicanalista faz posts em seu Instagram com intuito de analisar socialmente, a partir da perspectiva feminista e psicanalítica, as ressonâncias sociais dos comportamentos dos participantes do reality show Big Brother Brasil. Especificamente no dia 30/01/21, a Dra. Manuela fez uma live no YouTube, na qual analisou uma cena de grande repercussão entre dois participantes do reality show, demonstrando os possíveis problemas decorrentes de um comportamento específico de Fiuk, reforçando que este comportamento é corriqueiro em relações amorosas. Durante esta mesma live, a Dra. Manuela começou a sofrer ameaças e agressões morais.

É fundamental esclarecer que a análise da Dra. Manuela se faz, única e exclusivamente, a partir da ética psicanalítica – que se sustenta na análise de discurso – e pela ótica feminista. Não se trata de uma análise de determinada pessoa, uma vez que essa pessoa não está sob os cuidados clínicos da Dra. Manuela. A análise é sempre crítica, política e social. Além disso, a psicanalista não atribuiu qualquer característica difamatória ou caluniosa à pessoa examinada, apenas uma análise psicológica e subjetiva daqueles atos.”

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Sobre a fala de Talitha de que a inscrição de Manuela do Conselho Regional de Psicologia está cancelada, a nota explica:   “Ao contrário do que foi falsamente veiculado pela agressora, a própria Dra. Manuela suspendeu a respectiva inscrição no Conselho Regional de Psicologia (CRP), tendo em vista que o exercício da atividade de psicanálise não exige tal registro”.

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Já na carta aberta, a psicanalista lamenta o processo que está acontecendo, colocando mulheres uma contra a outra, e o chama de “tentativa de censura”. Confira:

“Queridas,

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É o nome de vocês duas que estampa uma notificação extra judicial que chega ao meu e-mail. Talitha, é o seu nome que aparece no meu direct pedindo que eu tome conta da minha vida amarga, e também foi o seu nome que chegou aos portais de comunicação entregando a ameaça de me processar.

Cristina, que é também o nome da minha mãe, é o nome que aparece como notificante. A minha mãe, a mãe do Filipe, que coincidência, carregam o mesmo nome. Escrevo abertamente a vocês duas como uma forma de dizer que eu sinto muito.

Sinto muito que o patriarcado empurre mulheres umas contra as outras. Sinto muito que mulheres se sirvam de instrumentos chisheteropatriarcais de poder para silenciar uma mulher que se levanta, com seu corpo e sua voz, em nome de outras mulheres.

Sinto muito que ainda hoje, um homem mobilize tantas mulheres. Sinto muito que a mordaça do patriarcado faz lustrar as minúcias de um homem e universaliza o próprio homem como se tudo fosse sobre ele. Talitha, eu podia processar você. Eu fui orientada a notificar você na OAB pelas suas ameaças. Você sabe que seus atos violaram a conduta ética da profissão. Mas eu não vou fazê-lo.

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Porque eu, Manuela Xavier, não vou me servir dos instrumentos histporicamente e institucionalmente utilizados para manter as mulheres nos lugares de silêncio e obediência. Talitha e Cristina, vocês ainda não sabem, mas estamos do mesmo lado: somos mulheres, temos um mundo inteiro contra nós. Eu não vou me levantar contra vocês.

Querem seguir adiante com o processo? Com a tentativa de censura? Boa sorte, isso é o que o patriarcado espera de vocês. Mas saibam que com isso vocês ferem uma mulher que usa seu espaço, sua vida e sua voz a serviço de que não haja nenhuma de nós oprimidas, silenciadas, violadas ou mortas.

Eu quero as mulheres vivas e fortes em suas vozes. E se eu luto pela voz das mulheres, eu quero que vocês também tenham preservadas as vozes de vocês. Sigo aberta ao diálogo. E desejando que vocês entendam que nessa luta, estamos do mesmo lado.

Simone de Beauvoir apontou: o opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os oprimidos. É o patriarcado contra nós, manas. É preciso escolher um lado, e o meu lado é o das mulheres. Seguirei atenta, firme e forte. Ano passado eu não morri, e esse ano eu também não morro.

Com amor e resistência, Manuela Xavier.”

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Confira também a live, publicada no canal da Manuela.

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