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BBB21: Elenco negro do reality nos faz enxergar além da representatividade

A edição conta com o maior número de participantes pretos e nos mostra o quão diverso eles são

Por Vitória Macedo Atualizado em 30 out 2024, 18h03 - Publicado em 7 fev 2021, 10h00

O Big Brother Brasil 21 começou gerando no público altas expectativas. Isso porque esta é a edição com o maior número de participantes negros desde sua estreia em 2000. Para comemorar, não é mesmo? Afinal, seria a edição com a cara do Brasil, cuja população autodeclarada preta e parda somam mais de 56%. A comunidade negra ficou muito contente com o tanto de pessoas pretas para eles torcerem. Mas, para além da representatividade destas pessoas, nós vimos o quão diferentes eles são umas das outras. 

Logo pensamos que o BBB21 poderia ser, no melhor sentido, uma bela continuação do BBB20, que teve Thelma Assis, uma médica negra, como campeã. Porém não é isso o que está acontecendo.

Gilberto, Lumena, Lucas, Nego Di, Karol Conká, Pocah, Projota, Camilla de Lucas, João Luiz

O debate racial permeia a opinião pública no ambiente digital, nas notícias, nas ruas, e está ocupando cada vez mais espaços, graças à militância, ao movimento e influenciadores. Não é de surpreender que ele apareça também no reality show da Globo, com um elenco diverso.

O ponto importante que o programa nos traz, a partir da escolha dos participantes e de seus convívios dentro da casa, é o quanto os negros são diferentes e divergem entre si. Eles possuem sua própria subjetividade e não são uma massa homogênea. Temos Lumena, pesquisadora na área da psicologia, Projota, rapper de sucesso, Nego Di, humorista e influencer, Karol Conká, cantora e apresentadora, Camilla de Lucas, influencer, Lucas Penteado, slammer e ator, João Luiz, professor de geografia, Pocah, cantora e Gil, doutorando em Economia. Cada qual com sua história de vida ocupando um mesmo espaço.

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A presença dessas pessoas traz debates importantes para a sociedade, pois sabemos que o BBB deixou de ser um programa de mero entretenimento. Diante do que aconteceu na casa, discussões sobre a autoestima do homem negro com Lucas, transfobia e estereótipos com Lumena e, infelizmente, xenofobia com Karol puderam ser feitas.

As brigas protagonizadas pelos pretos, em pouco mais de uma semana de confinamento, mostram que eles, assim como qualquer outro ser humano, possuem discordâncias entre si. Lucas não agradou seus companheiros quando quis fazer uma “reparação histórica” no programa a partir de um aquilombamento (deixar só os pretos no programa), que soou até radical. “Juntar os pretos para tirar os brancos” era a sua intenção. Uma ideia precoce e equivocada fez o slammer ser cancelado dentro e fora da casa.

E cabe aqui falarmos das armadilhas da representatividade. Não basta apenas ocupar um espaço e representar o todo, porque isso é impossível. Não tem ninguém ali em nome de “todos os negros”. São pessoas que defendem, sim, uma pauta em comum, mas cada qual com sua maneira de lutar e de se expressar.

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Inclusive, atitudes de grosseria e soberba de Lumena ou de Karol não refletem todos os negros, muito menos o movimento. Afinal, enfiar o dedo no rosto dos outros não é militar, né? O comportamento de certas pessoas muitas vezes pode não condizer com os objetivos e lutas que buscam as pautas raciais. São atitudes que mostram falta de humanidade e certa idealização de ser o opressor. 

A edição que estava escrita para ser o Big Black Brasil anda decepcionando muita gente. Além disso, há a preocupação de como o programa será vista pelo público geral. Será que teremos mais uma vez a militância e o movimento negro tidos como “mimimi”?

E aqui fica a ressalva: a união do povo preto é importante, mas cada um com a sua subjetividade.

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