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“Volta pra senzala”: mulher cobra uso de máscara e é vítima de racismo

Passageiro disse ainda que a profissional da saúde é "massa de manobra" e uma "ignorante energúmena"

Por Isabella Otto Atualizado em 30 out 2024, 16h23 - Publicado em 4 fev 2022, 09h49

Entre crimes de racismo contra Douglas Silva, do BBB22, e as mortes do imigrante africano Moïse Kabagambe e de Durval Teófilo Filho, mais uma caso de discriminação racial vem à tona. Em Curitiba, a profissional de saúde Jessica Matos, 30, cobrou uso de máscara de proteção contra a Covid-19 dentro do ônibus em que estava e foi vítima de racismo. Ela recebeu um bilhete que dizia “volta para a senzala”.

Bilhete que mulher negra recebeu após pedir que passageiro de ônibus colocasse a máscara de proteção contra a Covid. O papel é branco, escrito em caneta azul e contém os dizeres
Arquivo Pessoal/Reprodução

Jessica estava viajando de Porto Alegre (RS) para a capital paranaense quando, no município de Torres, um homem entrou no ônibus e sentou-se ao seu lado. Segundo ela, a primeira coisa que ele fez foi afirmar que não usaria máscara. Ela, que é profissional da saúde, pediu com gentileza para que ele cumprisse corretamente os protocolos contra o coronavírus.

Ele ignorou, disse que não iria direcionar a palavra a mim e que era para eu calar a boca, que não iria usar a máscara. Ele deixava a máscara no queixo e dizia que dentro do ônibus não precisava”, relatou em entrevista ao portal Banda B.

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Entre tossidas desaforadas e comentários grosseiros, o passageiro desembarcou em São José dos Pinhais, mas não sem antes deixar um bilhete para ela.

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“Quando ele estava desembarcando, eu estava dormindo. Ele tocou no meu ombro e disse: ‘Oh, moça!’; e me entregou o bilhete. Na hora, eu não entendi direito. Demorei ainda para ler. E, quando olhei pra trás, ele desceu rindo de mim“, relembra.

Além de escrever “volta pra senzala”, o homem escreveu que ela deveria ter cuidado, porque “o Covid pega é em pessoas ignorante, energúmena, como você! Você faz parte da massa de manobra ridícula!“.

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Jessica Matos, que é uma mulher negra, declarou que em 30 anos nunca tinha vivido algo parecido e que ficou bem assustada com tudo. A Polícia Civil do Paraná investiga o caso e tenta localizar o suspeito.

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