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Mc Soffia sofre racismo de empresário e mãe desabafa nas redes: “Cansei”

A rapper foi vítima de comentários preconceituosos sobre o local onde mora

Por Vitória Macedo Atualizado em 3 dez 2020, 16h10 - Publicado em 3 dez 2020, 13h57
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CAPRICHO/Sestini/Reprodução

O racismo está em todas as partes, inclusive no meio artístico, em que frequentemente circulam falas descriminatórias a respeito de artistas. Dessa vez, MC Soffia foi vítima do preconceito de um empresário que lhe ofereceu permuta por um moletom. Sua mãe, a empresária Kamilah Pimentel, desabafou e expôs o ocorrido em sua rede social.

Em áudio vazado, o empresário falou de forma pejorativa sobre o local onde vive a artista. O funcionário relembrou o prédio da Mc Soffia e falou com desprezo do lugar onde a rapper teen mora: “Igual o da MC Soffia. P*** lugar meio trash, no centrão”.

Ao jornal Metrópole, a jovem, que combate preconceitos com suas letras empoderadas, relata como se sentiu magoada. “Eu até chorei, com o tom amargo do racismo naquelas palavras, o racismo vem de todos os lados, precisamos estar bem atentas sempre”, disse.

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Kamilah Pimentel, mãe e empresária de MC Soffia, mostrou indignação em uma publicação no seu Instagram. No vídeo ela diz como as falas eram “de forma pejorativa, racista como eu disse, discriminatória”. Ela também pede ajuda para mobilização dos seguidores em busca de respostas. “Com que autoestima ele coloca o produto dele acima de residências de artistas independentes e acima de artistas que tem uma carreira que não é fácil e que se mantém de forma independente neste país que todos entendem e conhecem quando e como é  a mecânica da música”, questiona ela. Kamilah se refere à uma indústria excludente e racista, que não valoriza seus artistas, principalmente pretos e de origem humilde. “Se acha no direito de fazer um áudio dessa forma, horrível, péssima, querendo rebaixar caminhadas artísticas, querendo rebaixar moradias”, comenta a empresária.

De acordo com Kamilah, o áudio levanta outra questão: “O quão ainda as pessoas precisam mudar a forma de pensamento e de expressão quando querem se colocar enquanto pessoas que querem ser antirracistas”. São atitudes, infelizmente cotidianas, que encobrem preconceitos de raça e classe. E em um país como o Brasil, marcado pela desigualdade entre a população preta, com o seu histórico de escravização, uma coisa está atrelada à outra.

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A marca fez uma nota de retratação e publicou no Instagram. “Primeiramente, a atitude é de desculpas, por não se tratar do pensamento dentro do nosso projeto como marca”, disse o comunicado. Eles ainda afirmaram que o áudio de um dos ex-funcionário foi repassado de forma descontextualizada “com o intuito malicioso de prejudicar a marca”. “Entendemos que a discussão é maior que nós, que muitas marcas e instituições se baseiam e reproduzem esteriótipos de classe, que muitas vezes estão relacionados a questões racistas, e por isso compreendemos e não tiramos o direito de revolta das pessoas que se ofenderam”, finalizam. 

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