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Nesse Carnaval, saiba diferenciar paquera de assédio

Ao contrário do que muitas pessoas dizem, nem tudo é permitido no Carnaval. #NãoÉNão

Por Amanda Oliveira Atualizado em 31 out 2024, 00h40 - Publicado em 8 fev 2020, 10h03

Seja na diversão da folia carnavalesca ou na rotina corrida da vida real, mulheres lidam com situações de assédio justificadas por agressores como “apenas uma paquera” diariamente. Quantas vezes você já viu alguém diminuir um abuso dizendo que foi uma simples cantada? Pois é. E embora esta seja uma realidade recorrente em todos os outros dias do ano, o Carnaval é uma época capaz de trazer diferentes tipos de assédio em um curto período de tempo. Por isso, é preciso entender (de uma vez por todas) e explicar para quem não sabe quais são os limites entre a paquera e o assédio.

Getty Images/Reprodução

Foi essa a discussão que a marca de beleza OGX em parceria com AZMina propôs com o movimento #MeuCabeloNão. Em conversa liderada pela Cris Barti, do podcast Mamilos, com participação da Juliana Luna e Carolina Oms, da Revista AzMina, a campanha refletiu sobre a beleza e a liberdade feminina no Carnaval, apesar da sensação de insegurança devido ao assédio.

Ao mesmo tempo em que há a sensação de que se pode tudo no Carnaval, vem o assédio e limita. Mostra que não é bem assim”, reflete Cris. Ela, que demorou um bom tempo para assumir seus cachos, afirma que hoje em dia é preciso de até mesmo uma certa dose de revolta para “se assumir bela”, principalmente quando o desafio é aceitar seu cabelo natural, do jeitinho que ele é. “O que o assédio vem e faz? Tira essa liberdade. Porque o assédio diz ‘isso é um convite’ e o Carnaval é o ápice do assédio”, diz.

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Para Carolina, a linha entre paquera e assédio é simples, direta e fácil. “Quando a gente para pra pensar o que é paquera e assédio, eu começo pelo ‘não’. O ‘não’ é bem óbvio. É ‘não me toca se eu não te der abertura pra me tocar’, ‘não puxa meu cabelo’ e ‘não é pra chegar sarrando se eu não estou dançando com você'”, comenta. Carol também destaca a importância e necessidade do homem estar aberto a entender que não rolou, reconhecer o erro e pedir desculpas. “Tudo bem levar toco, mas falta abertura para receber esse não“, ela opina.

Para quem está sozinha, dizer um “não” pode se tornar uma tarefa muito assustadora, embora seja um direito básico da mulher. Afinal, nunca dá para saber se o cara vai reagir numa boa. Por isso, há quem recorra a outros tipos de resposta para rejeitá-lo sem receber uma reação agressiva, como inventar que tem namorado – mesmo que você seja solteira. “O nosso primeiro estímulo é o da defesa”, ressalta Cris.

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Mas, se você estiver acompanhada das amigas e achar que vale a pena tentar conversar sobre o assédio, respira fundo, seja didática e tenha paciência. Foi o que a Juliana, que tem um cabelo afro, fez. “Estava no bloco de carnaval, chega um grupo de franceses e o cara começa a rir e apontar para o meu cabelo. Ele estava com uma peruca igual e ficou falando ‘Olha, eu tô igual ela'”, lembra. Juliana, que sabe falar francês, puxou uma amiga na mesma hora e foi explicar para o cidadão que aquilo não era legal e que ele não deveria se comparar a ela, pois no final do bloco ele tiraria a peruca. “Acho que hoje não vou mais receber puxão de cabelo no bloco para saber se meu cabelo é peruca. Espero“, ela brinca.

“Eu disse não” Reprodução/Reprodução

Atire uma pedra a mulher que já foi para bloco de Carnaval e não sofreu pelo menos um tipo de assédio – ou talvez até tenha sofrido e não percebeu. Puxar pelo braço, segurar o rosto, tentar beijar à força, insistir em beijar depois do “não”, puxar o cabelo, chegar dançando por trás, encostar muito sem necessidade nenhuma… Enfim, quantos assédios cabe em um bloquinho? Ou uma balada? No transporte público ou na rua? Saiba reconhecê-los e denunciá-los.

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Paquera é quando a cantada te agrada, te faz sorrir e, acima de tudo, te respeita. Se ultrapassou o “não” ou nem te deu a chance de dizê-lo, é tudo assédio. 

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