Moïse Mugenyi: O que sabemos sobre o assassinato de jovem congolês no Rio
O imigrante de 24 anos, que morava no Brasil desde 2014, foi agredido por cerca de 15 minutos e morto no RJ após cobrar salário atrasado
O assassinato do jovem Moïse Mugenyi Kabagambe, um jovem congolês de 24 anos, chocou o Brasil. Na noite do dia 24 de janeiro, ao cobrar o salário atrasado, ele foi amarrado e espancado até a morte. O crime aconteceu no Rio de Janeiro, no quiosque em que Moïse trabalhava, localizado na Praia da Barra. Testemunhas afirmam que “a vítima gritava, pedindo para não o matarem”. A família do rapaz busca por justiça.
O caso veio à tona na terça-feira (25). Segundo relatos, o imigrante morava no Brasil desde 2014 e trabalhava no quiosque, em um regime de pagamento por diárias trabalhadas. O jovem teria ido cobrar dois dias de pagamento atrasado quando foi atacado.
Segundo o G1, a polícia está acompanhando o caso: testemunhas foram ouvidas e imagens da câmera de segurança estão sendo analisadas. Segundo Yannick Iluanga, primo da vítima, as imagens mostram cinco homens agridem Moïse.
Em seu relato, o familiar ainda diz que o local continuou funcionando normalmente. “Eles foram embora e ficou só o gerente do quiosque. E ele [Moïse] deitado no chão, como se nada tivesse acontecido. Trabalhando, atendendo cliente… E o corpo lá”, contou Yannick em entrevista ao G1.
Moïse foi enterrado neste domingo (30), com música e dança, honrando as tradições africanas, mas também em meio a protestos vindos dos familiares, que só ficaram sabendo da morte 12h depois de ela ter ocorrido.
TRISTEZA!😔Famíliares e amigos do congolês Moïse Kabamgabe pedem justiça. O jovem foi amarrado e morto em um quiosque na Barra da Tijuca, após cobrar os salários atrasados. #sbtrio #sbt pic.twitter.com/EPt7IX2Bxv
— SBT Rio (@sbtrio) January 31, 2022
“Meu filho cresceu aqui, estudou aqui. Todos os amigos dele são brasileiros. Mas hoje é vergonha. Morreu no Brasil. Quero justiça” relatou a mãe do jovem. A comunidade congolesa do Rio de Janeiro também se posicionou: “Esse ato brutal, que não somente manifesta o racismo estrutural da sociedade brasileira, mas claramente demonstra a xenofobia dentro das suas formas, contra os estrangeiros”.
A família de Möise pede justiça! #Encontro pic.twitter.com/Dls9deRTsT
— TV Globo 📺 (@tvglobo) February 1, 2022
As investigações estão em andamento na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), do Rio de Janeiro. Em nota, a Polícia Civil afirma que “diligências estão em curso para identificar os autores”. Nesta terça-feira (1), um dos agressores se apresentou à polícia. Em entrevista ao SBT, ele afirma que Moïse tentou agredir um senhor e que não haviam pagamentos atrasados.
“Ninguém devia nada a ele. Foi um fato que, no impulso, a gente agiu. A gente viu ele com a cadeira na mão e foi tentar ajudar o senhor”. Além de destacar que não queria tirar a vida de ninguém, o suposto agressor conta que tentou se apresentar duas vezes, mas a Policia não aceitou. O dono do quiosque também seria ouvido pela polícia nesta terça-feira.
Nas redes sociais, a hashtag #JusticaParaMoise chegou aos trending toppics do Twitter. Nela, pessoas lamentam a morte de Moïse e pedem por justiça.
O assassinato de Moïse aconteceu num local com testemunhas. O motivo, torpe, é conhecido. A polícia já sabe quem são os assassinos. Como eles ainda estão soltos?
Esse país tinha que estar pegando fogo.#justicaparaMoise https://t.co/N25LGHU9MT
Continua após a publicidade— Quebrando o Tabu (@QuebrandoOTabu) February 1, 2022
Trabalhadores do bandejão da USP em greve se levantam por #justicaparaMoise #JusticaPorMoiseMugenyi pic.twitter.com/BLThLJ22jo
— Carolina Cacau (@carolina__cacau) February 1, 2022