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7 críticas machistas que o Little Mix rebate no clipe de ‘Strip’

Elas colocaram para fora tudo aquilo que engoliram durante anos - e aqui está a nossa análise.

Por Isabella Otto Atualizado em 25 nov 2018, 10h02 - Publicado em 25 nov 2018, 10h02

No último dia 16 de novembro, o Little Mix lançou o clipe da música Strip no YouTube, com a participação da rapper Sharaya J. A canção de puro empoderamento ganhou um vídeo que é uma espécie de manifesto feminista audiovisual. Nele, Jade, Leigh-Anne, Perrie e Jesy aparecem novamente na companhia de amigos e familiares, mas foi a parte em que aparecem nuas que mais chamou a atenção – principalmente dos homens de meia idade.

Reprodução/Reprodução

A sexta turnê do grupo britânico começa em 2019. As meninas trabalham juntas há alguns bons anos e durante a carreira como um girl group já foram testadas de diversas maneiras, simplesmente por serem mulheres. Em Strip, é como se elas colocassem para fora tudo o que foram acumulando no decorrer do tempo. Algumas respostas são bem diretas, outras nem tanto. O próprio título da canção (“Tire”) já é um recado! Confira nossa análise abaixo:

1. “Eu só prefiro que elas usem o talento para vender álbuns em vez da nudez”, disse o apresentador inglês Piers Morgan logo depois de assistir ao novo clipe do grupo 
Na música, o LM canta que “dizem que somos muito provocativas(…) Daily Mail classificando, de manhã à noite; eu não te devo nada(…) não dou mais a mínima(…) eu não estou mais com medo”. Nesse trecho, as meninas fazem uma crítica aos sites de fofocas que reproduzem fake news e matérias que estimulam a cultura do estupro e a competição entre as mulheres. Uma crítica válida, já que, poucos dias depois de o vídeo ser lançado, um cara foi lá e fez declarações sexistas sobre as meninas. A carapuça serviu bem, hein?

2. “Estando num girl group com três lindas garotas que são mais magras e menores que eu… Eu sei que sou muito maior”, disse Jesy Nelson em 2011
Foi durante o The X-Factor que a cantora fez o desabafo, após ler alguns comentários ofensivos sobre ela, sua aparência e seu peso no Twitter. A britânica contou que sofreu bullying por causa do corpo na escola e que sempre foi bastante insegura com relação a ele. Em 2018, ela chegou a declarar para o jornal Daily Mail que odiava suas curvas no passado e sonhava em ser tão “fininha” quanto a amiga Leigh-Anne Pinnock. O Little Mix serviu para ela como uma escola de empoderamento. Ela aprendeu muito durante os anos e hoje canta em Strip o seguinte: “esfrego todas as suas palavras, não dou a mínima, eu superei(…) Finalmente me amo nua, sou mais sexy quando estou confiante”. Que alegria ouvir isso!

3. “Não significa que não temos cérebro só porque somos popstars”, falou  Jade Thirwall durante o BBC Music Awards
Essa não é uma questão exclusiva do Little Mix. Diversas celebridades sofrem com a exposição, principalmente quando tomam partido em alguma discussão mais séria, por exemplo, sobre política. De um lado, vem as agressões verbais de quem acredita que os famosos não deveriam se meter nesses assuntos, pois podem “doutrinar” os fãs. De outro, as manifestações de surpresa daqueles que não imaginavam que isso poderia acontecer. As mulheres famosas sofrem ainda mais com esses dois lados da moeda. É como se o fato de elas serem conhecidas e confiantes (e, eventualmente, exporem seus corpos em trabalhos) desvalidassem sua capacidade intelectual. “Eu sei que você não está pronto para isso”, ironizam as meninas em trecho de Strip. Isso é o que chamamos de pisar com bondade… (cof, cof)

4. “Sereias também têm cicatrizes”, escreveu Perrie Edwards no Instagram
A britânica se boicotou durante anos por causas de suas sardas e da cicatriz que tem na barriga. O Little Mix também serviu para ela como um grupo de apoio e crescimento pessoal. Ela também já declarou que é preciso suportar as críticas dos haters. Mas suportar não é aceitar calada as ofensas, principalmente as gratuitas. Na verdade, superar é pegar o problema, transformá-lo em música e cantar para o mundo que os padrões de beleza ainda matam, que o racismo ainda é pulsante e que a nossa sociedade ainda é machista. E o quarteto faz exatamente isso – e com ainda mais força em Strip: “eu sou uma mulher, não me teste(…) minhas estrias são sexy”!

5. “Sete anos no Little Mix e essa é a primeira vez que a Capital FM me indicou como a mulher mais sexy”, escreveu Leigh-Anne no Twitter
Em 2018, Leigh-Anne foi indicada pela primeira vez pela Capital FM como uma das mulheres mais sexy do mundo. “Normalmente, eu sou a única que não sou indicada. Isso poderia fazer eu me sentir menos bonita, mas nunca fez! De qualquer forma, saudações por essa nomeação”, completou a cantora, que ainda usou as hashtags #blackgirlmagic e #blackbeauty para deixar implícito que estava sofrendo mais um caso de racismo. “Quer falar de cor?(…) Primeiro de tudo, você tem que amar quem você é”, diz outro trecho da canção lançada em parceria com Sharaya.

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6. “Fazer parte de um girl group é a melhor coisa do mundo!”, revelou Jesy em entrevista a CAPRICHO
A integrante do Little Mix entregou alguns segredinhos sobre o álbum LM5 para a CH e disse que fazer parte de um grupo musical feminino é uma das coisas mais importantes de sua vida. Ela também disse que ela e suas parceiras de trabalho (e de vida) estão mais confiantes que nunca! Grande parte disse é resultado da sororidade estimulada pelo quarteto. Essa sororidade fica clara no clipe, quando passos de salto alto são ouvidos em segundo plano, reproduzindo uma espécie de marcha. É como se todas as mulheres marchassem juntas, lado a lado, sem mais competições tolas. Não é a primeira vez que o LM faz isso. No vídeo de Power, o grupo também deixa claro a importância da marcha das mulheres.

7. Women like us!
“Gorda”, “feia”, “vadia”, “sem talento”, “não é boa o bastante”, “insignificante”, “imatura”, “comum”, nerd”, “estranha”, “cheia de estrias” e “sardenta” são algumas das expressões que Leigh-Anne, Jesy, Jade e Perrie escreveram no corpo para o clipe de Strip. Elas reproduzem coisas que as meninas já ouviram durante a vida, sempre em tom pejorativo, e que tantas mulheres por aí também já escutaram. Mais uma prova de que o manifesto audiovisual do Little Mix é uma crítica às duras críticas machistas que nós não aguentamos mais sofrer – não que o grupo precisasse provar nada para ninguém.

Confira abaixo o clipe de Strip:

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