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Miss Alemanha é eleita sem prova de biquíni e com júri totalmente feminino

Mas será que as mudanças no concurso de beleza são suficientes?

Por Gabriela Junqueira Atualizado em 20 fev 2020, 14h20 - Publicado em 20 fev 2020, 12h21

O Miss Alemanha é o concurso de beleza que seleciona quem vão ser as representantes do país na disputa pelo Miss Universo. Na edição deste ano, que aconteceu no último dia 15, o evento decidiu fazer algumas mudanças no processo de seleção.

A vencedora foi Leoni von Hase, uma empresária de 35 anos, que venceu a competição sem precisar se submeter à tradicional prova de biquíni e foi eleita por um juri totalmente feminino. Desde 1952, quando o concurso surgiu, essa é a primeira vez em que o júri é composto apenas por mulheres.  “Minha percepção de uma mulher bonita é a força, o caráter e a autenticidade que ela irradia”, disse a escolhida.

Até a edição deste ano, em que o lema escolhido foi “Empoderando Mulheres Autênticas”, competidoras casadas e mães não podiam participar da disputa. A idade mínima para participar continua sendo 18 anos, mas a máxima aumentou. Agora, mulheres de até 39 anos podem participar.

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Leoni, a nova Miss, é mãe de uma criança de 3 anos e era a participante mais velha da disputa. Apesar de Von Hase estar dentro do padrão de beleza europeu, sua vitória mostra que, aos poucos, algo está começando a mudar.

Atualmente, vivemos a quarta onda do feminismo. Na segunda, que aconteceu em meados dos anos 80, as mulheres conquistaram mais espaço para debater igualdade de gênero, violência doméstica e mudanças nas leis de divórcio. Com essas novas conquistas, os mecanismos usados para controlar as mulheres mudaram, explica Naomi Wolf, autora de O Mito da Beleza. Reforçou-se a ideia de que o valor da mulher estava na sua beleza.  Wolf diz que, por mais perto que uma mulher esteja do que é considerado (pela sociedade) como belo, ela ainda não estará livre de julgamentos e comentários sobre sua aparência.

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É claro que as situações enfrentadas por uma mulher branca, magra e de classe média alta são totalmente diferentes das enfrentadas por uma mulher gorda, negra e que mora na periferia. Wolf defende, contudo, que nem a mulher que se encontra dentro do padrão está livre, porque essa busca não tem fim. Apesar de se existir uma ideia do que é bonito, o conceito é abstrato.

A própria existência dos concursos de beleza e o seus efeitos na autoestima feminina são um tema de grande discussão. Os passos tomados pelo concurso, analisados em comparação aos que ainda precisam ser tomados para uma mudança efetiva, são pequenos mas estão acontecendo.

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Algumas mudanças já aconteceram em 2020. Esperamos que em 2021 elas sejam muito maiores – e não só dentro desses concursos. A maneira como nos enxergamos, falamos do nosso corpo, do copo de outras garotas, desejamos (ou achamos que devemos) ser é reflexo de todo uma cultura. Falar sobre a existência desse padrão e contestá-lo é o primeiro passo para não virar refém dele.

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