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Adele não está linda porque emagreceu, ela sempre foi linda

Mais uma vez uma mulher famosa recebe inúmeros "elogios" que relacionam beleza à magreza

Por Gabriela Junqueira Atualizado em 6 Maio 2020, 19h13 - Publicado em 6 Maio 2020, 16h27

Na última terça-feira (5/5), o come back de Adele no Instagram aconteceu! Ela decidiu postar uma foto para comemorar seus 32 anos. Comentários sobre a aparência da cantora não demoraram para aparecer. Não é a primeira vez que isso acontece com ela: em janeiro, após passar um bom tempo afastada das redes sociais, a britânica apareceu mais magra em uma foto ao lado de fãs – e muitos consideraram isso um motivo para começar a falar sobre seu corpo e a “nova Adele”. 

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Thank you for the birthday love. I hope you’re all staying safe and sane during this crazy time. I’d like to thank all of our first responders and essential workers who are keeping us safe while risking their lives! You are truly our angels ♥️ 2020 okay bye thanks x

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Agora, mais uma vez a aparência de Adele virou assunto na internet. Algumas pessoas elogiaram a beleza da cantora como se ela fosse novidade e estivesse diretamente relacionada à perda de peso. Outras, entretanto, defenderam o fato de que Adele sempre foi bonita e que isso não é algo quem tem ligação com números mostrados na balança.

A chuva de “elogios” que a britânica recebeu tem uma explicação. A ideia de que a magreza está associada à beleza e à saúde tem caráter gordofóbico e ensina, direta ou indiretamente, como nossa sociedade valoriza corpos magros. Essa realidade leva milhares de meninas a odiarem seus reflexos no espelho, começarem dietas malucas e até desenvolverem transtornos alimentares para tentar se encaixarem em um falso padrão de felicidade e aceitação. A pressão estética em cima dos corpos femininos faz com que a aparência se torne uma das maiores preocupações e resulta em milhares de inseguranças.

Muitas mulheres questionam essa ideia de beleza e contestam esses padrões impostos. Movimentos como o Body Positivity, que nos incentiva a amar e valorizar nossos corpos, e o Body Neutrality, que lembra quantas coisas incríveis eles nos proporcionam (que não estão ligadas a números ou formas), vêm ganhando mais força. Mas ainda existe um longo caminho a ser trilhado, e a prova disso é que, mais uma vez, uma mulher famosa recebeu inúmeros “elogios” relacionados à beleza ao aparecer mais magra. Lembrando que a Adele tem o padrão europeu que por si só já a enquadra no padrão de pessoas que são consideradas bonitas: branca, loira, de cabelo liso e olhos claros.

Adele não está linda porque emagreceu, a cantora sempre foi linda. Além disso, muito talentosa. No Grammy de 2017, ela saiu da premiação com cinco gramofones. Ao todo, foi indicada 18 vezes à premiação e já levou 15 estatuetas para casa.

Então, não mais celebre o fato de uma mulher ter emagrecido como algo que a torna mais bonita simplesmente por ter perdido quilos para alcançar um padrão estético (e não por questões de saúde). “Está magééééérrima” não é elogio, mas se transformou em um por causa da sociedade atual em que vivemos que, diferentemente da época do Renascimento, cultua corpos magros e relaciona beleza à magreza, mesmo que inconscientemente.

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A Adele emagreceu, isso é um fato. Ela pode ter postado a foto que postou porque se sente, sim, mais bonita com a aparência atual. Isso é outro fato. E, ok, talvez ela tenha ficado radiante lendo os comentários recebidos da sua “nova versão”. Mas ela não está mais bonita só porque está magra. Isso faz parecer que mulheres gordas nunca serão bonitas o suficiente. Cuidado com tais “elogios” e “xingamentos” que não são nem uma coisa nem outra.

 

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