Body neutrality: um movimento que veio para questionar o body positivity

Conversamos com a criadora de conteúdo Naetê Andreo, uma das brasileiras que segue o movimento body neutrality.

Por Gabriela Junqueira Atualizado em 31 out 2024, 00h47 - Publicado em 23 jan 2020, 17h40

Provavelmente, você já ouviu ou leu algo sobre o body positivity, movimento que incentiva que você ame o seu corpo do jeitinho que ele é e repense padrões impostos pela sociedade. Recentemente, outra proposta também está chamando a atenção nas redes sociais, o body neutrality. Mas, afinal, o que é essa tal de “neutralidade corporal”?

Helena Morani/Facebook

Esse movimento vem ganhando destaque no Instagram por causa de perfis como o da jornalista Mirian Bottan e o da modelo Bia Gremion. Ambas defendem uma atitude neutra diante do corpo. Enquanto o body positivity incentiva o amor próprio muito focado na aparência, essa outra perspectiva sugere que você se preocupe menos com sua imagem e foque mais nas experiências que o seu corpo pode te proporcionar. É com o seu corpo que você pode viajar, ir de um lugar para o outro, se exercitar, ir ao cinema, abraçar… Às vezes, passamos tanto tempo pensando em como está a nossa aparência que esquecemos de tudo isso, né?

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O termo body neutrality começou a aparecer na internet em 2015 e ganhou ainda mais força em 2016, depois que terapeuta americana Anne Poirer resolveu batizar com esse nome um curso com palestras destinadas para mulheres com distúrbios de imagem corporal. Na apresentação, Poirer comenta sobre o body positivity, movimento que prega o amor próprio, mas diz que, para muitas mulheres, é difícil sair da insatisfação com o corpo direto para esse amor positivo. Segundo a terapeuta, algumas pessoas ficam no meio do caminho, aceitam seus corpos e têm uma atitude mais neutra diante deles.

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A brasileira Naetê Andreo é uma das garotas adeptas do movimento e já até chegou a postar um vídeo sobre o tema em seu canal no YouTube. Para Andreo, o conceito mudou bastante a maneira como ela lida com seu corpo e sua autoestima. “Eu sinto que muitas pessoas hoje se sentem pressionadas a alcançar esse estágio de se amar a qualquer custo e, às vezes, nos esquecemos que estamos suscetíveis a fatores externos que dificultam esse processo, e aí a body neutrality entra como uma alternativa”, afirma no vídeo publicado em seu canal.

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a vida é loka e eu também 🤷🏻‍♀️📸 @sawabbona

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Em entrevista para a CAPRICHO, Naetê contou que, como qualquer outra garota que sofre pressão estética, teve problemas com a autoestima. “Fui buscando referências para me sentir um pouco mais incluída e caí em blogs de garotas plus-size. Mesmo assim, eu não me sentia tão incluída porque me via no limbo, não era gorda nem magra, e não conseguia me relacionar tanto com aquele conteúdo mesmo achando muito mais a minha cara“, disse Naetê.

Na época, a YouTuber conta que foi tentando deixar as neuras de lado ao perceber o quanto aquilo estava sendo tóxico. “A partir daí, comecei a criar a minha autoestima em uma vibe fake until you make it, ou seja, fingindo até acreditar. Mas, depois, percebi que, se me importasse com minha forma física, gatilhos do passado voltariam. Até que eu falei: ‘não vou me importar com isso, eu vou fazer com que essas questões sejam menos importante na minha vida’“, compartilhou para a CH.

 

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fotinho linda pra dizer que eu não tô precisando (nem querendo) emagrecer. Vocês que estão precisando enxergar beleza além de uma padrão estético super limitado. ✨ #pas 📸 @talitaalencar

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Quando Naetê conheceu o termo body neutrality, lembra que pensou o seguinte: “é isso! Todo esse tempo eu estava buscando isso e agora eu entendo! Não quero que a minha forma física seja uma pauta da minha vida. Eu sei que vão ter coisas no meu corpo que eu vou amar, outras que não vou gostar. Quando eu não gosto, apenas as ignoro, as deixo pra lá. Quando a gente gosta, dá aquela exaltada, né? ! Mas procuro não fazer minha vida ser só sobre corpo”. 

Para colocar a ideia do movimento em prática, resolveu fazer algumas mudanças. “Eu parei de fazer dieta desde então. Eu gosto de comer saudável e tento sempre que possível,mas nunca me apego a nada. Não gosto de colocar regras em minha alimentação. Não me peso mais. Parei de responder pessoas que falam que eu emagreci como se isso fosse um elogio. Também não gosto de ficar falando de corpo, não falo de corpo com amigas“, contou.

Reprodução/Reprodução
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Se fosse dar um conselho para uma menina que está desejando fazer as pazes com o corpo, Naetê diz que daria o que funcionou para ela: não pensar tanto na aparência física. Ao gastar essa energia com outras áreas, você pode acabar elevando sua autoestima. “Você começa a se olhar com um pouco mais de carinho porque se reconhece como uma boa pessoa, com sucesso em outras áreas da vida, e aí o seu corpo é só um corpo”, deu a dica. 

A relação com o nosso corpo, nossa casa, está em constante construção. E nem sempre é fácil, mas o body neutrality pode te mostrar um caminho para te lembrar o quanto seu corpo te possibilita viver um monte de coisas legais! 😉

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