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O que podemos esperar do primeiro 7 de setembro do novo governo Lula

Comemoração quer ressignificar o Dia da Independência, que ganhou conotações equivocadas nos últimos 4 anos

Por Marcela de Mingo, para a Capricho Atualizado em 29 out 2024, 18h21 - Publicado em 6 set 2023, 21h06

Quando a gente fala em feriado da Independência… bate um sentimento esquisito por aí também? Pois é, nos últimos quatro anos, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, parte da população viveu com entusiasmo e excitação essa data – que passou a cultuar o militarismo e serviu de plataforma política – enquanto um outro lado sentia decepção e estranheza.

Aconteceu o mesmo com a camiseta da Seleção Brasileira – usar a blusa verde e amarela virou um símbolo de apoio às agendas conservadoras e, ainda hoje, é estranho considerar usar o uniforme tão famoso do nosso futebol, mas há tentativas de ressignificar alguns dos símbolos nacionais como este. 

Este ano, porém, com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a ideia é “resgatar os valores da República”. O governo anunciou que será um desfile tradicional cívico e não militar, como nos últimos anos.

Em pronunciamento em rede nacional na noite desta quarta-feira (6), véspera do feriado, ele afirmou que “democracia não é apenas a matéria prima dos nossos sonhos, é também a ferramenta para torná-los realidade” e que comemorar o 7 de setembro é “defender a nossa soberania.”

Ele, no entanto, não fez alusão direta ao governo anterior ou ideais políticos ou morais que possam alimentar as controvérsias que geraram a polarização política que vemos hoje no país. O foco do discurso foram as ações promovidas pelo governo em relação à economia e em mostrar, de forma indireta, que há um projeto de governo e planos para o futuro.

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E agora, CAPRICHO, como será?

Lu Alckmin, Geraldo Alckmin, Luiz Inácio Lula da Silva e Janja Lula da Silva na posse do presidente Lula em Brasília
Lu Alckmin, Geraldo Alckmin, Luiz Inácio Lula da Silva e Janja Lula da Silva na posse do presidente Lula em Brasília Mateus Bonomi/Anadolu Agency/Getty Images

Ainda é incerto se o presidente Lula vai participar presencialmente de outros eventos do 7 de setembro além do tradicional Desfile Cívico. A dúvida não é em relação à agenda do presidente, mas, sim, um esquema tático de segurança e uma forma de amenizar os ânimos, tão inflamados por conta da última eleição presidencial.

É importante considerar também que já foram anunciados atos tanto de apoiadores e simpatizantes do petista quanto dos apoiadores de Bolsonaro, que este ano foi considerado inelegível até 2030. 

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No ano passado, Jair Bolsonaro gastou uma fortuna dos cofres públicos para, dentre outras coisas, levar o ato de 7 de setembro para a praia de Copacabana no Rio de Janeiro. Por lá, o evento costuma acontecer no centro da cidade, e a mudança foi considerada uma tática para “causar” mais na cidade, além de garantir a reeleição (o que não aconteceu). Em 2023, porém, o evento volta a acontecer no lugar de origem. 

Exaltar esses símbolos nacionais é fundamental para reavivar o que está na Constituição brasileira

Paulo Pimenta

Outro ponto importante é a retomada dos símbolos da democracia brasileira: “[Serão] resgatados os valores da República, os símbolos oficiais, como a Bandeira do Brasil e o Hino Nacional, que sempre foram de todos nós e que contam nossa história”, explicou o ministro da Secretaria de Comunicação do governo, Paulo Pimenta, à imprensa. “Exaltar esses símbolos nacionais é fundamental para reavivar o que está na Constituição brasileira.”

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O slogan do Desfile Cívico deste ano, segundo o site do Senado Federal, é “Democracia, Soberania e União”, e a ideia é que ele dure menos de duas horas – um tempo menor do que os desfiles de anos anteriores. A expectativa é que o público também seja menor: 30 mil pessoas são esperadas na Esplanada dos Três Poderes. 

Outro ponto importante é que, este ano, o desfile será dividido em diferentes eixos temáticos que vão reforçar as mensagens que o atual governo Lula defende: “Paz e Soberania”, “Ciência e Tecnologia”, “Saúde e Vacinação” e “Defesa da Amazônia”. Ou seja, quase o exato oposto do que o antigo presidente defendia.

7 de setembro: uma data polêmica?

Vamos primeiro relembrar o que aconteceu nos anos anteriores, incluindo os anos de pandemia? Com a conexão de Jair Bolsonaro com os militares, as falas controversas sobre golpes militares e fechamentos do Congresso Nacional, o Dia da Independência se tornou uma data comemorativa para os chamados “golpistas” – pessoas que apoiavam os ideais bolsonaristas e concordavam com a volta da ditadura militar. 

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No dia, além do tradicional desfile que acontece anualmente em Brasília, o país era tomado por protestos que defendiam ideias antidemocráticas, que iam de pedidos pelo fechamento do Congresso Nacional, ao fim do Supremo Tribunal de Justiça e à tomada do governo pelos militares. 

Os eventos que levaram a essa ressignificação do 7 de setembro se concretizaram no dia 8 de janeiro deste ano, quando opositores de Lula invadiram e vandalizaram as sedes dos Três Poderes. Não à toa, o Supremo Tribunal Federal decidiu manter o mesmo esquema de proteção desenvolvido durante o governo Bolsonaro para os atos deste ano, em uma forma de se proteger contra eventuais manifestantes antidemocratas. 

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