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6 críticas sociais e políticas que você vê na exposição The Art of Banksy

Se você é uma pessoa que se ofende fácil, talvez não deva ver a exposição de Banksy em São Paulo. Ou talvez, pensando bem, ela seja per-fei-ta para você!

Por Isabella Otto Atualizado em 29 out 2024, 19h00 - Publicado em 1 fev 2023, 10h00
Exposição do Bunksy
Totalmente coberto: é assim que Bunksy cria suas artes de rua Isabella Otto/Reprodução

Nesta quarta-feira (1º), a exposição The Art of Banksy: “Without Limits”* estreia em São Paulo, no estacionamento do Shopping Eldorado, onde fica em cartaz até 30 de abril. É a primeira vez que a mostra chega ao Brasil depois de ter passado pela Europa, Austrália e Estados Unidos.

São mais de 160 obras do artista transgressor reunidas em um só lugar, entre originais certificados, murais e instalações de vídeo.

MAS, AFINAL, QUEM É BANKSY?

Ninguém sabe. Quer dizer, Banksy é o pseudônimo usado por um artista britânico que estourou no Reino Unido nos anos 80, com grafites carregados de críticas sociais. Mas a identidade por trás de um dos maiores nomes da arte de rua nunca foi oficialmente revelada.

Sabe-se que Banksy tem cerca de 50 anos de idade, nasceu em Bristol e é casado. O grafite é sua principal referência, e ele também é diretor de cinema e ativista político. Não à toa, suas criações são carregadas de críticas socioeconômicas.

Exposição do Bunksy
Alguns corredores da exposição em São Paulo Isabella Otto/Reprodução

SEIS CRÍTICAS “BANKSYNIANAS” QUE VOCÊ VÊ NA EXPOSIÇÃO

1. Capitalismo

O sistema econômico que se baseia na propriedade privada, no trabalho assalariado e, principalmente, no lucro é um dos principais alvos de Banksy, que não tem medo de incomodar. Ele usa figuras do imaginário infantil, como o Mickey Mouse e o Ronald McDonald’s, para promover essa reflexão no público. Banksy também adora deselitizar obras de arte, como estátuas de mármore que ficam em museus, e usá-las como objetos de protesto.

Exposição do Bunksy
Consumo em massa, Disney, fast-food… Quem são os reféns do capitalismo? Isabella Otto/Reprodução

Outra crítica que o britânico faz com relação ao capitalismo é o quanto ele engole e comanda a sociedade. No quadro abaixo, por exemplo, pessoas esperam numa longa fila, em um festival, para comprar em uma barraquinha hipster uma camiseta nada barata com a estampa “Destrua o capitalismo”. Quantas vezes já não questionamos o fato de capitalizarem em cima de movimentos sociculturais importantes?! É justamente isso que Banksy faz.

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Exposição do Bunksy
Obra “Destroy Capitalism, Banksy’s Irreverent Festival”, de 2006 Isabella Otto/Reprodução

2. Regimes políticos ultrapassados

Por se tratar de um cidadão do Reino Unido, o artista usa e abusa de seu lugar de fala para criticar ferozmente a monarquia. Policiais se beijando às escondidas durante o trabalho, um macaco no lugar da Rainha Elizabeth II, macacos tomando decisões no Parlamento… Inclusive, repare que o animal e as ratazanas são bastante exploradas pelo inglês, e estão por toda parte na exposição – até nos detalhes mais imperceptíveis!

Exposição do Bunksy
“Não há nada mais perigoso que alguém que deseja fazer do mundo um lugar melhor” Isabella Otto/Reprodução

3. A “arte conforto”

É claro que existem várias manifestações artísticas e todas elas têm o seu valor, mas, para Banksy, “a arte deve confortar os perturbados e perturbar os confortáveis”, o que é exatamente o que ele faz com seu ativismo político e artístico. Inclusive, com obras que, à primeira vista, são romanticamente inofensivas, como a famosa “Menina com Balão”.

Exposição do Bunksy
Isabella Otto/Reprodução

A título de curiosidade, em 2018, também como forma de protesto, Banksy leiloou um estêncil na Sotheby’s, em Londres, do quadro em questão, que foi vendido por 1,4 milhão de libras. Assim que o martelo bateu, a obra foi autodestruída por um picotador de papel. Dois anos depois, ela foi arrematada picotada mesmo por um valor ainda mais alto.

4. Guerras

O britânico sempre usou sua arte e fama para lutar contra guerras. Ele, por exemplo, financiou a decoração de todo um hotel na Cisjordânia, o Walled Off Hotel, cujo slogan é: “o hotel com a pior vista do mundo”.

Ele está localizada em frente ao muro de concreto construído por Israel, que há tempos vive em conflito com a Palestina. Em uma das paredes, há a figura de dois homens fazendo guerra de travesseiro: um é soldado israelita e outro é palestino.

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Hotel do Banksy na Cisjordânia
O muro que divide Israel e Palestina, e a famosa arte dos soldados fazendo guerra de travesseiro em um quarto do hotel Beata Zawrzel/NurPhoto e Anthony Asael/Art In All Of Us/Corbis/Getty Images

Na exposição The Art of Banksy: “Without Limits”, em São Paulo, existe uma sala totalmente dedicada à guerra entre Rússia e Ucrânia, com mais críticas políticas do artista, que não tem medo de se posicionar abertamente a favor do país governado por Zelensky e contra Putin.

Na saída do cômodo, é possível fazer uma doação em dinheiro para ajudar a Ucrânia. Além disso, R$ 1 de cada ingresso vendido também será revertido para a organização. É a primeira vez que as artes de Banksy na Ucrânia são reproduzidas fora do país europeu. 

Exposição do Bunksy
Isabella Otto/Reprodução

5. Instituições religosas

Apesar de uma das igrejas mais antigas de Florença, na Itália, já ter organizado uma exposição multimídia do artista (em 2022), Banksy é conhecido também por suas críticas contra instituições religiosas, como a Igreja Católica, suas figuras máximas de poder e sua insistência em vomitar o que chamam de verdades absolutas carregadas de preconceitos.

Exposição do Bunksy
“Grafite é uma das poucas ferramentas que você tem quando você não tem quase nada” Isabella Otto/Reprodução

6. Xenofóbicos e intolerantes no geral

Em 2014, o mural abaixo de Banksy foi apagada de um muro na Inglaterra por “ofender” os imigrantes.

Exposição do Bunksy
Isabella Otto/Reprodução

De fato, na arte, pombos seguram cartazes com os dizeres “Imigrantes não são bem-vindos”, “Volte para a África” e “Fique longe de nossos vermes”. Do outro lado do fio, um lindo pássaro colorido – que representa o imigrante – escuta calado as ofensas – vindas de, novamente, pombos.

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A interpretação de texto faz uma falta dananda também na hora de interpretar obras de arte, não?!

 

*SERVIÇO
The Art of Banksy: “Without limits”
Endereço: Estacionamento do Shopping Eldorado (Av. Rebouças, 3970)
Data: de 1º de fevereiro a 30 de abril
Ingressos: de R$ 45 a R$ 170

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