Crianças vão gravar vídeo para a Copa e terminam em campanha de Bolsonaro
Pai de aluna registrou um B.O. e disse que questão não é partidária: "Não é porque é o Bolsonaro ou o Lula(...) Eu preciso saber onde a minha filha vai"
Neste final de semana, repercutiu a informação de que o Centro Educacional CCI, em Brasília, levou uma turma de alunos menores de idade para participar sem o consentimento dos pais ou responsáveis de uma gravação em prol da campanha do presidente Jair Bolsonaro. A denúncia foi feita por Admilson Paiva, pai de uma das crianças, que registrou um Boletim de Ocorrência na Delegacia da Criança e do Adolescente, em Taguatinga. A notícia foi dada em primeira mão pela coluna de Guilherme Amado, do Metrópoles.
Conforme diz autorização enviada pela instituição aos pais, compartilhada por Paiva, a gravação do videoclipe seria um projeto para a Copa do Mundo. Por isso, foi solicitado que os alunos fossem com a camisa da Seleção Brasileira de Futebol Masculino ou com o uniforme escolar. “Já iniciamos a contagem regressiva para a Copa do Mundo. E é nesse clima de emoção e muito adrenalina que estamos nos preparativos para a gravação do videoclipe”, consta no documento, que diz que as filmagens aconteceriam “em pontos específicos no centro de Brasília”.
O pai da criança, contudo, descobriu o teor das filmagens quando Fabio Wajngarten, secretário-executivo do Ministério das Comunicações, na última sexta-feira (7), compartilhou um vídeo no Twitter em que mostra os estudantes cantando a música Mostra Tua Força, Brasil ao lado de Bolsonaro, dando a impressão de que todos estavam lá participando de um ato eleitoral em prol do candidato à reeleição.
Inclusive, grande parte dos comentários feitos no vídeo é de pessoas dizendo ficar emocionadas com algo do tipo e questionando: “Como não votar num presidente desses?”. Admilson Paiva também comentou na publicação, pedindo a exclusão da mesma, uma vez que a imagem da filha, de 10 anos de idade, estava sendo divulgada sem o seu consentimento. Ele foi ignorado. Até o momento da publicação desta matéria, o vídeo continuava no ar.
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“Não queremos tratar de política nesse caso. Não é porque é o Bolsonaro ou o Lula. A questão é que eu preciso saber onde a minha filha vai. Não gostei de vê-la exposta nacionalmente e mundialmente agora”, desabafou o cantor, conhecido artisticamente como Milsinho, em entrevista ao g1.
A CAPRICHO entrou em contato com a escola CCI, para entender o que havia acontecido, mas até o momento da publicação deste texto não obteve resposta. Nem a equipe de Jair Bolsonaro nem a de Fabio Wajngarten se manifestaram sobre o assunto, permanecendo o silêncio ensurdecedor. A Delegacia da Criança e do Adolescente deve apurar o caso para entender se a escola já sabia do encontro da turma com Bolsonaro e se Wajngarten fez uso indevido de imagens de menores de idade.