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27% dos jovens brasileiros não trabalham e o que isso significa para nós

A nossa juventude está passando por muitos perrengues e isso tende a piorar se os investimentos em educação e capacitação profissional não mudarem.

Por Marcela de Mingo, especial para a Capricho 29 Maio 2023, 06h00
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oje em dia, será que a gente consegue pensar em estudos sem pensar em trabalho? E, olhando para o futuro, será possível pensar em trabalho sem considerar os estudos? O mundo está mudando cada vez mais rápido – há quem diga que a implementação da Inteligência Artificial é a nova grande revolução tecnológica – e a gente vai precisar pensar com cuidado nos próximos passos para garantir dignidade para a nossa geração.

Segundo um estudo recente chamado “O Futuro do Trabalho para as Juventudes Brasileiras”, nós, os jovens brasileiros, isto é, as pessoas com idade entre 14 e 29 anos, são as mais afetadas pelas crises no mercado de trabalho. Tanto que, de acordo com a pesquisa, 27% dessa população não trabalha nem estuda por falta de oportunidade.

Triste, né? E não dá para a gente cantar vitória antes do tempo: muitas vezes, essas pessoas recebem salários bem baixos e vivem com a incerteza sobre o futuro – ninguém sabe como vai ser o dia de amanhã e isso gera, sim, uma ansiedade danada.

Mas, vamos por partes? Para começo de conversa, a gente precisa entender o que está rolando quando o assunto é mercado de trabalho e juventude.

O que acontece quando chegamos ao mercado de trabalho

Tá, mas por que a gente precisa pensar sobre isso? Em primeiro lugar porque a pirâmide etária do Brasil está mudando – atualmente, apenas 24% da população brasileira é composta de jovens. Ao mesmo tempo, 24% da população brasileira é composta por jovens, uma parcela bem grande que vai formar a força de trabalho das próximas décadas.

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Considerando as duas últimas recessões – a mais recente agravada pela pandemia de covid-19 – e a precarização do mercado de trabalho (tem jovem empregado que ganha menos que um salário mínimo, sabia?), o cenário não parece muito positivo, né?

No que a gente precisa prestar atenção?

Ok, estamos percebendo que a situação é bem mais complicada do que parece. Então, por onde começar essa mudança? Antes de mais nada, vamos considerar que os jovens de hoje estão divididos, segundo o estudo citado anteriormente, em cinco categorias:

  • Jovem apenas estudando: 15%
  • Jovem estudando e trabalhando: 14%
  • Jovem apenas trabalhando: 39%
  • Jovem estudando e desempregado: 5%
  • Jovem “sem-sem” (sem oportunidade de estudar e trabalhar): 27%

Cada uma dessas categorias têm necessidades e particularidades únicas que precisam ser consideradas quando a gente pensa em futuro e, principalmente, em mudanças. E, sim, essas mudanças precisam ser lideradas pelas esferas municipais, estaduais e federais do governo – afinal, estamos falando de questões individuais, sim, mas, em especial, de políticas públicas.

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E a gente ainda precisa considerar as desigualdades de raça, cor, gênero e renda, que têm um peso enorme não só no mercado de trabalho, mas na sociedade brasileira como um todo.

Mas e agora? Para onde a gente vai?

Para mudar essa realidade e garantir um futuro melhor para todo mundo, entra em cena um dos nossos principais poderes como cidadão: o de escolha. Isso porque a gente precisa escolher bons políticos que nos ajudem a mudar essa realidade, concentrada em quatro principais caminhos, de acordo com a pesquisa:

Expansão e democratização da profissionalização para as juventudes: ou seja, ampliar as matrículas em cursos profissionalizantes, além de oportunidades de aprendizado baseada no trabalho.

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Alinhamento da profissionalização com a estratégia de desenvolvimento produtivo e a demanda de profissionais qualificados: o que significa adaptar as formações profissionais às demandas do mercado atual, acompanhando as mudanças tecnológicas.

Orientação profissional e acompanhamento de carreira das juventudes: a juventude precisa de suporte para se formar profissionalmente, e estabelecer programas de apoio que colaborem para o desenvolvimento individual, visando as necessidades coletivas é essencial.

Governança à altura do desafio da profissionalização orientada para o futuro: as nossas lideranças públicas e privadas precisam manter a juventude em mente na hora de criar suas políticas, principalmente aquelas focadas em educação.

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Para que esses quatro pontos saiam do papel e virem uma realidade, é preciso uma ação conjunta entre governos, instituições públicas e privadas, universidades, escolas, etc., para gerar um ambiente propício ao estudo e ao desenvolvimento profissional da nossa galera.

Nós precisamos também cobrar os governantes atuais para que essas políticas públicas aconteçam, e para que a educação e capacitação se torne uma prioridade dos governos futuros – só assim vamos conseguir mudanças efetivas que revertem esses números alarmantes de desemprego e desigualdade entre os jovens.

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É trabalho duro, viu? Passa por programas de assistência social, de garantia de permanência em empregos, de capacitação… e não é o tipo de coisa que muda do dia para a noite – é um processo bem longo que vai exigir bastante cuidado e consciência. Ao mesmo tempo, é essencial se queremos um futuro melhor, certo?

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