Marieli Mallmann fala sobre a importância do consumo consciente na moda
Conversamos com a influenciadora sobre seu estilo de vida sustentável, e ela deu dicas incríveis!
Marieli Mallmann, de 25 anos, é conhecida na internet por apoiar marcas de pequenos empreendedores que praticam o consumo consciente, além de indicar cosméticos veganos e ser uma grande fã de plantas – sim, a casa dela tem muitas!
A CH conversou com a influenciadora para entender de onde surgiu esse interesse pela sustentabilidade, quais dicas ela daria para alguém que está se interessando no assunto e como ela vê o futuro da moda.
Os hábitos conscientes de Marieli não são de hoje. Na verdade, ela morou em um sítio com seus pais durante a infância e a adolescência, na cidade de Estância Velha, no Rio Grande do Sul, e, por isso, sempre teve contato com a vida no campo. “Meus pais são bem conscientes quanto à produção de lixo, reaproveitamento, agrotóxicos e cuidado com os animais”, explica.
Depois, ela foi cursar moda em Porto Alegre e continuou tendo alguns hábitos do campo, desde evitar desperdício até manter o reaproveitamento das coisas. “Durante a faculdade, eu fui apresentada ao conceito de consumo consciente, que era uma pauta que estava em emergência. Fui conhecendo também o veganismo como um todo, não só aplicado ao universo de moda, mas a um estilo de vida. A partir disso, com esse mix de sustentabilidade e essa parte mais teórica que eu estava estudando, fui aplicando, aos poucos, dentro do meu próprio estilo de vida. Desde questões simples, como separar o lixo, até dar prioridade a produtos que têm fórmulas veganas e consumir marcas que são livres de crueldade e não testam em animais”, diz. Foi então que Marieli criou seu antigo blog e passou a compartilhar conteúdos dentro desse segmento.
Para ela, o veganismo e o consumo consciente estão relacionados a uma questão política. “Eu acredito que, quanto maior o nosso privilégio social, maior a nossa responsabilidade social. Por exemplo, eu tive a oportunidade de fazer faculdade e de ter vários privilégios na vida que me ofereceram um conhecimento de muitos assuntos importantes, e esse privilégio afeta bastante o meu estilo de vida, porque eu me vi com a responsabilidade de passar essas informações para outras pessoas e continuar aprendendo sobre isso”, afirma.
“O veganismo é uma jornada de uma vida inteira”, garante a influenciadora, que o aplica em diversas áreas, embora não seja 100% vegana: “Dou preferência para alimentação vegana, porém ainda consumo alguns derivados de leite. Não tenho peças de couro, não consumo nenhum tipo de carne e os meus cosméticos são livres de crueldade animal. Mas, por exemplo, o meu pai tem o hobby de ser apicultor e, eventualmente, eu consumo o mel dele. Apesar de não ser vegano, eu sei como é feito e consigo rastrear sua procedência. E aí acho que isso se conecta com o estilo de vida de consciência de consumo.”
Na moda, ela não consome matérias-primas advindas de crueldade animal e dá preferência a tecidos feitos de fibras naturais, como o algodão e o linho, materiais orgânicos, pequenos produtores e marcas feitas por mulheres. “É um consumo político de moda. Penso no ciclo de vida da roupa, da necessidade que existe de eu ter essa peça ou não, do tempo que ela vai ficar no meu armário e qual será o fim dela”, explica.
Fora isso, quando se trata de marcas grandes, de âmbito nacional ou internacional, é ainda mais importante ficar de olho nas atitudes das empresas. “Quanto maior a marca, mais eu me preocupo com a responsabilidade social que ela tem. Como funcionam os trabalhos sociais dela, se oferece alguma iniciativa sustentável. E, quando são marcas menores, eu procuro consumir de quem faz, conhecer quem são as pessoas por trás delas e saber quais foram os processos produtivos. É o movimento do ‘quem fez as minhas roupas’. Precisamos conhecer a matéria-prima, saber se é orgânico ou não, como foi tingido, de onde vem o tecido… É a questão da transparência que a marca tem que ter com seus clientes”, continua.
Pedimos indicações de marcas que se preocupam com o consumo consciente, e a Marieli revelou três de suas favoritas. A IRAL é feita por mulheres e segue o conceito de slow fashion.
A Calma São Paulo desenvolve roupas sem gênero com estampas incríveis!
A FALA oferece opções minimalistas com modelagens atemporais e tem uma grade de tamanhos inclusiva.
Uma dica da Marieli para quem está começando a se aventurar no universo do consumo consciente é: não tenha medo de participar de qualquer movimento que trabalhe a sustentabilidade. “Não é oito ou oitenta – ou você é ou você não é. Na verdade, qualquer pequena ajuda já um grade adicional. Tudo bem se você não conseguir se tonar vegano da noite para o dia, mas existem outras possibilidades que você pode fazer e que vão beneficiar tanto o meio-ambiente como as mulheres que estão por trás dos negócios, por exemplo. É ter o pensamento de vou fazer o que eu posso, na medida que eu posso, dando um passo de cada vez“, diz.
O momento atual de muita reflexão, causado pela pandemia do coronavírus, traz à tona discussões sobre mudanças na forma de consumo. Para a influenciadora, essa é uma questão complicada. “Antes da pandemia, a gente não vivia em um único comportamento. E não existe um único tipo de consumidor. Eu acho que quem já estava com a mente um pouco mais aberta e disposta a entender essas questões, que, como eu disse, são muito ligadas a um privilégio social, tende a seguir esse caminho cada vez mais. Mas, por outro lado, temos consumidores que estão esperando as lojas abrirem para consumirem mais e em mais quantidade. Acho que mudanças vão acontecer, mas nunca sabemos se serão totalmente boas ou ruins. Pode parecer um pouco pessimista, mas talvez esse ‘novo normal’ não seja tão novo assim. São questões que a gente já estava ouvindo antes. Já víamos estudos e artigos que apontavam a digitalização, o trabalho remoto, a colaboração, a diversidade, o propósito e o consumo consciente. Eu só acho que temos que manter em mente que, quanto maior o nosso privilégio social, maior a nossa responsabilidade social, e temos que buscar agir dentro disso da melhor forma que conseguimos.”
E aí, deu para se conscientizar sobre a importância desse assunto? Bora apoiar pequenos empreendedores e marcas sustentáveis! 😉