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Por que você deveria (ou não) assistir a minissérie Um Dia

Nova adaptação do livro de David Nicholls divide opiniões de espectadores que comparam a produção com o livro e o filme inspirado na história

Por Mavi Faria Atualizado em 22 fev 2024, 16h29 - Publicado em 22 fev 2024, 16h29

Ter um livro adaptado para o cinema é uma sorte que poucos fãs tem, mas ter a sua obra preferida adaptada não só em filme, mas também em série… É uma raridade que os amantes de Um Dia, romance de David Nicholls, puderam vivenciar. A nova produção estreou na Netflix em fevereiro, apostando no formato de minissérie para contar a história do título publicado em 2009 – e que já havia tido uma versão em filme, lançado em 2011, com Anne Hathaway e Jim Sturgess como protagonistas.

Agora foi a vez de Ambika Mod e Leo Woodall assumirem os papéis de Emma Morley e de Dexter Mayhew em uma narrativa desenvolvida ao decorrer de 14 capítulos de 30 minutos cada. Com o lançamento, muitos fãs do livro e do filme chagaram a questionar a necessidade de uma nova adaptação, enquanto outros comemoraram a versão atual.

Mas será que vale a pena assistir uma história de amor já conhecida e muito trágica sendo contada de uma outra forma? Para te ajudar nesta decisão, a CAPRICHO elencou os pontos mais bacanas da minissérie e os que deixaram a desejar. Ah, e cuidado, os comentários a seguir podem conter spoiler!

O que mais amamos na minissérie de Um Dia

Representatividade feminina negra

A primeira coisa que chama muito a atenção na série (e que diverge bastante do filme) é a representatividade dos personagens: da protagonista branca padrão de Anne Hathaway, Emma Morley agora é uma mulher negra e filha de indianos. Outra personagem que ganha representatividade na minissérie é Tilly (Amber Grappy) melhor amiga e colega de quarto de Emma.

O relacionamento das duas é também uma mudança muito bem-vinda: elas são bem mais próximas e Tilly faz até um discurso no casamento de Emma com Dexter — sem palco para rivalidade feminina desnecessária.

Mais detalhes da história

Adaptar um livro de mais de 400 páginas em um filme 1h48 min é uma tarefa muito difícil e vai ser preciso deixar bastante coisa de fora. Já com um tempo bem maior — mais especificamente com 14 episódios de 30 minutos cada — é mais fácil apresentar detalhes da obra que precisaram ser cortados no passado.

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O momento em que Emma e Dexter se conhecem, por exemplo, na festa de formatura da faculdade, é mostrado na minissérie em detalhes, enquanto que no filme, e até mesmo no livro, essa parte foi pulada para quando ambos já estão deitados na cama de Emma conversando.

A evolução da carreira de Emma também foi um ponto mais abordado na série, que mostra com mais detalhes cada momento profissional da protagonista, seja ele bom ou ruim.

Protagonistas mais realistas

Todo romance, por mais realista que tente ser, sempre tem um pé no mundo das possibilidades perfeitas e mostra uma versão da vida um pouco mais fantasiosa, certo? Bem, a nova versão de Um Dia provou que não.

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Neste ponto, os fãs do filme podem até se assustar porque a história de Dexter e Emma é contada, nessa primeira versão, pela lente romantizada de Hollywood que ameniza muitos problemas e características negativas. Isso quer dizer que até mesmo os defeitos dos protagonistas não são tão pertinentes e intensos quanto no livro e agora na minissérie.

Nesta produção, tanto Dexter quanto Emma são mais crus em suas qualidades e defeitos, se aproximando mais de uma história de vida real — até mesmo fugindo um pouco do romance comum. Emma, por exemplo, é muito mais crítica, sarcástica, cínica e determinada com suas ideias, ações e pensamentos, enquanto Dexter consegue ser ainda mais canalha em seus relacionamentos, irresponsável, descompromissado com todos ao seu redor e, em seu pior momento, ainda mais degradante.

A atenuação da realidade na história permite uma identificação ainda maior do público com os personagens porque temos a possibilidade de vê-los como pessoas reais. Entretanto…

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O que menos gostamos

É tão real que… Foge o romance

Este mesmo ponto, que pode tornar a proximidade com o leitor maior, também pode afastá-lo. Os protagonistas são tão diferentes e possuem diálogos, principalmente no começo, que expõem de forma tão intensa como não combinam, que é difícil acreditar que eles querem ficar juntos, seja como amigos ou como casal.

Na medida que os anos vão passando e seus respectivos caminhos se tornam ainda mais diferentes, com brigas e desencontros, você pode se perguntar, mais de uma vez, qual é o motivo para que eles continuem se encontrando e percebe que “amor” não é uma resposta que satisfaz pelo caminho que foi traçado.

Uma das prováveis razões para este sentimento também pode ser o fato de que, embora a série consiga trazer mais cenas e detalhes sobre a vida um do outro, ela ainda não consegue ser profunda o suficiente para transmitir pensamentos de cada um. No meio dos episódios, não é difícil você se esquecer de que Dexter e Emma possuem sentimentos românticos um pelo outro, embora diferentes.

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Sem o principal diálogo, fica o gostinho de ‘cadê?’

Mesmo com todos os episódios, um diálogo muito importante do livro (que apareceu no filme) que resume a história de Dexter e Emma ficou de fora. Ao longo dos 20 anos de idas e vindas entre o casal, Emma percebe, em determinado momento, que seus sentimentos por Dexter mudaram.

Na conversa, ela diz: “Eu te amo, Dexter, muito. Eu só não gosto mais de você“. Na minissérie, o momento dessa conversa aparece e quem já conhecia a história, fica na expectativa pela fala, que acaba não surgindo.

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Com muita expectativa, a surpresa perde a graça

Um dos momentos mais famosos de Um Dia, se não o mais (e também o mais traumático), é o final em que Emma sofre um acidente e morre. Originalmente, ela é atropelada no meio do dia, de surpresa, quando ninguém espera que isso aconteça. Na série, o momento em que ela é atropelada é construído com muita dramaticidade em uma cena de tensão: no meio da chuva, com o clima fechado e o céu nublado.

Por mais que toda essa construção ansiosa possa trazer mais emoção, o fator surpresa continua sendo muito importante para a construção desse acidente, principalmente porque é em um momento em que ela e Dexter estão finalmente juntos, casados e bem. Neste caso, desenvolver a expectativa acaba fazendo com que o momento perca seu grande impacto original.

E aí, o que você achou da minissérie?

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