Continua após publicidade

O serviço militar pode mesmo acabar com o futuro do BTS?

Nova lei aprovada pela Coreia do Sul permite que grandes astros de K-pop adiem o alistamento obrigatório até os 30 anos de idade

Por Gustavo Balducci Atualizado em 30 out 2024, 23h09 - Publicado em 4 dez 2020, 13h46
colecao capricho sestini mochila bolsas
CAPRICHO/Sestini/Reprodução

Um dos assuntos mais temidos e comentados pelos fãs de K-pop é o alistamento militar. Na Coreia do Sul, todo homem fisicamente apto precisa servir às forças armadas por um período de até 2 anos, entre 18 e 28 anos de idade. A medida é um reflexo dos conflitos com a Coreia do Norte. Somente músicos clássicos premiados e atletas de grande destaque, condecorados por medalhas olímpicas ou ouro nos Jogos Asiáticos são isentos, participando apenas de quatro semanas de treinamento militar básico.

Esta semana, no entanto, a Assembleia Nacional do país aprovou uma revisão da Lei do Serviço Militar, permitindo que astros do K-pop adiem seu alistamento até os 30 anos. Agora, a revisão permitirá que os idols solicitem esse adiamento caso tenham recebido medalhas do governo por elevar a influência cultural do país internacionalmente — que é o caso do BTS. Em tese, todos os sete integrantes já estão qualificados após receberem o prêmio Hwagwan, uma ordem do mérito cultural do governo coreano, entregue em 2018. BTS é o grupo mais jovem a entrar na lista dos que já receberam essa medalha. “No caso deles, pessoalmente gostaria de permitir isenções de acordo com certos padrões, mas a Administração de Força de Trabalho Militar e o Ministério da Defesa Nacional estão inclinados a reduzir o escopo geral. Ao contrário das artes clássicas ou dos desportos, é difícil fixar os critérios de seleção nas áreas da cultura e das artes populares, o que dificulta a institucionalização”, comentou o ministro da Cultura, Esportes e Turismo da Coreia do Sul, Park Yang-woo, durante o Fórum de Ministros da Cultura da UNESCO em 2019.

A nova emenda, apelidada pela mídia de “Lei BTS”, deixou o fandom ARMY agitado. Isso porque Jin, o integrante mais velho do BTS, completou 28 anos de idade no dia 4 de dezembro — data limite para o seu alistamento. Agora, o cantor poderá atrasar, ou não, sua admissão por até 2 anos. Embora a decisão do governo tenha chamado atenção, a discussão sobre os impactos negativos que o alistamento poderá acarretar na trajetória do grupo ainda estão quentes. Mas será mesmo que isso pode afetar o futuro do BTS? Não é o que o histórico de Jin, Suga, Jimin, RM, Jungkook, V e J-Hope indica.

Somente em 2020, BTS conquistou dezenas de premiações, quebrou recordes musicais, lançou game, fez um novo discurso na ONU e inovou ao produzir um dos maiores shows virtuais de todos os tempos. Em setembro, por exemplo, o septeto lançou Dynamite, seu primeiro single cantado em inglês. A faixa brilhou nos charts e estreou em primeiro lugar na parada HOT 100 da Billboard — que é a principal lista de faixas mais vendidas e executadas nos Estados Unidos. Batendo 101 milhões de views em 24h no YouTube, o grupo foi notado pelo diretor geral da OMS, pela família de Michael Jackson e recebeu elogios até do presidente sul-coreano, Moon Jae-in..

Continua após a publicidade

E não parou por aí. No dia 20 de novembro eles lançaram BE, um álbum intimista cheio de reflexões sobre a pandemia de COVID-19. Life Goes On, a faixa principal do disco, também atingiu o topo do HOT 100 e se tornou a primeira música não inglesa da história a estrear em #1 na lista dos 100 melhores. BTS comemorou ainda a sua quinta vez no HOT 200 e o cantor Paul McCartney fez questão de falar sobre eles. No podcast SmartLess, da Apple, Paul comentou sobre o sucesso estrondoso do septeto e comparou a boy group com os Beatles: “Pra mim, vejo jovens passando pelo que nós passamos — BTS, os rapazes coreanos”, disse.

Continua após a publicidade

Com feitos históricos em menos de 1 ano, é claro que o grupo também causa impressões positivas na economia da Coreia do Sul. Um dos expoentes da Onda Hallyu, o K-pop movimenta mais de US$4,7 bilhões todos os anos. Segundo o Instituto Hyundai, em 2018, somente o BTS gerou uma receita de US$3,6 bilhões ao país. Se artistas de K-pop devem ou não ser isentos do serviço militar obrigatório, cabe somente a opinião pessoal dos próprios artistas e do governo coreano, e, principalmente, é necessário respeitar que existem diferenças culturais e sociais intrínsecas nesta discussão.

Anteriormente, Jin já havia comentado sobre seu alistamento militar: “Como coreano, ir para o exército é algo natural e, quando o dever chamar, estaremos prontos para ir e fazer o nosso melhor”, disse em uma entrevista à CBS News em 2019. Bang Si-Hyuk, CEO da Big Hit, também reafirmou a obrigação do serviço militar como cidadão coreano: “A empresa acredita que o serviço militar é uma obrigação. Tentaremos mostrar aos fãs o melhor do BTS até, e depois, que os membros tenham cumprido seus deveres de serviço”, completou. Também especula-se que a empresa tenha interesse em enviar todos os integrantes de uma vez para as forças armadas. Dessa forma, o processo longe dos palcos duraria pouco tempo.

Já aconteceu com o Super Junior e está acontecendo com o EXO, mas nada disso rompeu a força ou a relevância que esses grupos construíram ao longo da carreira. Em novembro, fãs do SHINee também celebraram o retorno dos membros Onew, Key e Minho do serviço militar de forma emocionante.

O que você achou da nova lei?

Publicidade