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Klara Castanho sentiu-se ‘forçada a tornar público’ caso de estupro

Em 1ª aparição pública na TV após vazamento de história pessoal, atriz agradeceu apoio e disse que confia na Justiça.

Por Andréa Martinelli Atualizado em 29 out 2024, 18h54 - Publicado em 5 mar 2023, 09h33

A atriz Klara Castanho, de 22 anos, apareceu em público após o vazamento de história pessoal no ano passado. Ela, que participou do programa “Altas Horas” (TV Globo) na noite deste sábado (4) e não deixou de falar sobre o caso; ela fez melhor: abriu o programa com sua 1ª fala em rede nacional sobre o caso.

“Fui forçada a trazer a público a coisa mais difícil da minha vida”, disse ao apresentador Serginho Groissmann. “Pessoas foram muito gentis comigo. Por mais que as pessoas não entendam, as pessoas escolheram respeitar a minha decisão.”

Em junho do ano passado, a atriz revelou que engravidou após sofrer violência sexual e que entregou a criança para adoção. Ela expôs a situação em uma carta aberta após ataques que sofreu nas redes sociais. Na época, ela divulgou o texto repudiando o vazamento de sua história pessoal em uma coluna social e em programas de entretenimento na TV.

 

 

“Este é o relato mais difícil da minha vida. Pensei que levaria essa dor e esse peso somente comigo”, escreveu a atriz em uma carta aberta em suas redes sociais à época. “No entanto, não posso silenciar ao ver pessoas conspirando e criando versões sobre uma violência repulsiva e de um trauma que sofri. Fui estuprada.”

Agora, pouco mais de seis meses após o ocorrido, ela agradeceu  o carinho que recebeu e disse confiar na justiça. “Depois que vim a público, de novo, de forma forçada, denunciei todos os crimes. O que me resta é confiar na Justiça, e eu confio muito”, disse a atriz no “Altas Horas”.

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Relembre o caso envolvendo Klara Castanho

A “conspiração e exposição” que Klara denunciou em 2022, aconteceu após a também atriz, Antonia Fontenelle, 49, sem citar o nome da atriz, dizer em uma live que uma ex-atriz mirim da TV Globo tinha engravidado e entregado o filho para a adoção. Ela afirmou que a jovem “não quis olhar para o rosto da criança” e que pediram à imprensa que não publicasse o caso.

Influenciadores começaram a investigar e chegaram ao nome de Castanho que, diante de ataques, escreveu uma carta aberta contando detalhes de sua experiência. O nome dela ficou entre os assuntos mais comentados no Twitter e, além disso, foi parar em programas populares de entretenimento e colunas sociais.

“Relembrar esse episódio traz uma sensação de morte, porque algo morreu em mim”, continua ela no texto. “Não estava na minha cidade, não estava perto da minha família, nem dos meus amigos. Estava completamente sozinha.”

Segundo dados do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), uma mulher foi estuprada, em média, a cada dez minutos no Brasil em 2021. O estudo contabiliza 56,1 mil casos, incluindo estupros de vulnerável, com pessoas do gênero feminino como vítimas.

 

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“E que bom que eu estou aqui, que bom que é com você. Finalmente eu consigo chorar, colocar para fora. Mais uma vez eu quero agradecer… Que bom que foi agora, que bom que foi agora. Dessa forma”, afirmou a atriz ao agradecer o apoio.

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Atriz foi abraçada pela jornalista Sandra Annenberg e pela cantora Roberta Miranda, que também estavam no palco do programa, realizado em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. Ministra dos Povos Originários, Sonia Guajajara, a ex-BBB Tina Calamba, e a cantora Maria Rita também estavam presentes na atração.

A minha história ela foi contada de forma torta e ainda bem que a minha rede social me proporcionou a minha voz. Mas ali eu encontrei todos os tipos de pessoas

Klara Castanho, no Altas Horas

O cenário vivido por Klara não é uma exceção. Os jovens, adolescentes de 13 anos – principalmente meninas – são as principais vítimas de estupro no Brasil, de acordo com um estudo do Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Além disso, o número estimado de casos deste tipo de violência no país, por ano, é de 822 mil, – o equivalente a dois por minuto.

Esse dado – chocante diga-se de passagem – mostra o tanto que precisamos avançar quando o assunto é violência de gênero no país.

 

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Mais tarde no programa, Klara deu uma nova declaração agradecendo familiares, amigos, companheiros de trabalho e toda sua rede de apoio. Durante a fala ela relembrou o quanto acha difícil viver nesse período em que as redes sociais estão tão em evidência (uma realidade que as leitoras de CAPRICHO conhecem bem, né?).

“Viver na época das redes sociais é terrível! As pessoas acham que elas podem tudo e por elas estarem protegidas por uma tela preta elas têm a falta de compaixão cada vez mais explícita. A minha história ela foi contada de forma torta e ainda bem que a minha rede social me proporcionou a minha voz. Mas ali eu encontrei todos os tipos de pessoas. Pessoas que não tinham ideia do que estavam falando, pessoas que leram uma manchete e assumiram que aquilo era a realidade”, disse.

Leia o relato completo de Klara Castanho no Altas Horas:

 É minha primeira vez, minha primeira aparição pública. Antes de mais nada eu quero muito agradecer a todos vocês. Eu escolhi vir aqui porque principalmente você, Serginho, é muito cuidadoso, sempre me recebeu muito bem, é uma plateia sempre muito cuidadosa, muito amistosa, muito respeitosa. E, meu coração tá muito acelerado. É, muito provável que em algum momento eu vá chorar… É, eu quero te agradecer, de verdade, por esse espaço. Foi um período de recolhimento voluntário. Depois de tudo o que aconteceu no ano passado, eu cheguei no meu limite do que eu poderia, deveria e consigo falar.

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