Entenda em 5 pontos o caso que expôs a atriz Klara Castanho

Caso da atriz gerou comoção nacional e mobilizou investigação da postura de profissionais de saúde que a atenderam.

Por Andréa Martinelli Atualizado em 30 out 2024, 15h50 - Publicado em 27 jun 2022, 06h00
Klara Castanho ensina como usar sobreposicao
@klaracastanho/Instagram

A atriz Klara Castanho, 21, escreveu um relato em suas redes sociais em que revela que engravidou após estupro e que entregou a criança para adoção. Castanho ainda relatou ter sofrido com o descaso e mal atendimento da equipe médica à época.

“Este é o relato mais difícil da minha vida. Pensei que levaria essa dor e esse peso somente comigo”, escreveu a atriz. “No entanto, não posso silenciar ao ver pessoas conspirando e criando versões sobre uma violência repulsiva e de um trauma que sofri. Fui estuprada.”

A intimidade da atriz foi exposta sem a sua autorização. Em seguida, foi alvo de ataques nas redes sociais, escreveu relato trazendo detalhes da violência sexual e institucional que sofreu e gerou comoção nacional. Em 5 pontos, a CAPRICHO te explica detalhes desta história:

1. Como a intimidade de Klara Castanho foi exposta?

A conspiração e exposição a que Klara se refere no texto aconteceu após a atriz, Antonia Fontenelle, 49, sem citar o nome de Castanho, dizer em uma live que uma ex-atriz mirim da TV Globo tinha engravidado e entregado o filho para a adoção. Ela afirmou que a jovem “não quis olhar para o rosto da criança” e que implorou à imprensa que não divulgasse o caso.

Influenciadores e seguidores de Fontenelle, então, começaram a investigar e chegaram ao nome de Castanho que, foi alvo de ataques nas redes e escreveu uma carta aberta contando detalhes de sua experiência traumática e íntima. O nome dela ficou entre os assuntos mais comentados no Twitter no último sábado (25).

Relembrar esse episódio traz uma sensação de morte, porque algo morreu em mim”, continua ela no texto. “Não estava na minha cidade, não estava perto da minha família, nem dos meus amigos. Estava completamente sozinha.”

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Antes de Fontenelle, o colunista Matheus Baldi, do Fofocalizando, no SBT, publicou em maio nas redes sociais sobre uma suposta gravidez da atriz. A pedido dela, ele apagou a publicação. Após a publicação da carta de Klara, o colunista Leo Dias, do Metrópoles, publicou um texto sobre o caso que, momentos depois, foi retirado do ar.

“Expusemos de forma inaceitável os dados de uma mulher vítima de violência brutal. A matéria foi retirada do ar”, escreveu Lilian Tahan, diretora de redação do Metrópoles.

Mais tarde, o colunista Leo Dias pediu perdão à Klara em um novo texto publicado no site. “Errei ao publicar sobre Klara. Mesmo que eu não tenha revelado a história, reconheço que não tenho noção da dor dela e peço perdão”, afirma.

2. O caso dela não é isolado ou exceção, mostram dados

Segundo dados do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), uma mulher foi estuprada, em média, a cada dez minutos no Brasil em 2021. O estudo contabiliza 56,1 mil casos, incluindo estupros de vulnerável, com pessoas do gênero feminino como vítimas.

Já dados preliminares do Ministério da Saúde, coletados pelo G1 apontam que, também em 2021, 17.316 garotas de até 14 anos foram mães no país. De acordo com a legislação vigente, sexo com menores de 14 anos é considerado estupro de vulnerável. Caso a violência leve à gestação, como no caso de Klara Castanho, a criança tem direito ao aborto legal.

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Nesta semana, veio à público a história de uma menina de 11 anos teve o acesso ao aborto legal negado pela Justiça de Santa Catarina. O caso gerou repercussão na redes sociais, chegou a ser alvo de fake news e, assim como no caso de Castanho, sua privacidade e a decisão ou não pela interrupção da gravidez foi questionada. No último dia 23, o MPF (Ministério Público Federal) afirmou que o hospital que negou atendimento à criança cumpriu com a determinação de realizar o procedimento.

3. A resposta de Antonia Fontenelle

Assim como o nome de Klara, o de Antonia Fontenelle começou a circular também nas redes sociais. Em resposta, ela publicou um vídeo em suas redes sociais em que diz prestar solidariedade à Klara dizendo que não citou o nome dela na live mas “saiu de vilã da história” e que tem “meios de fazer o estuprador pagar”.

Em uma postagem anterior em suas redes sociais, ela afirmou que “parir uma criança e não querer ver e mandar desovar ao acaso é crime, sim. É abandono de incapaz. Ainda mais quando se tem uma situação financeira boa”. A atriz deletou este texto, mas imagens dele ainda circulam nas redes sociais.

A entrega legal ou voluntária para adoção, escolha feita por Klara e exposta em seu relato, está prevista também no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Por meio dele, é garantido que mulheres e meninas que engravidaram e não podem ou não desejam ficar com os bebês entreguem para adoção e não sejam responsabilizadas pelo ato.

4. Postura dos profissionais de saúde será investigada

Em seu texto, a atriz expõe o trauma e o medo que sentiu, além do atendimento dos profissionais de saúde que, segundo ela, não foram acolhedores e a obrigaram a ouvir os batimentos cardíacos.

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Eu não era uma mulher que estava grávida por vontade e desejo, eu tinha sofrido uma violência. E mesmo assim esse profissional me obrigou a ouvir o coração da criança, disse que 50% do DNA eram meus e que eu seria obrigada a amá-lo”, conta. “Minha história se tornar pública não foi um desejo meu, mas espero que, ao menos, tudo o que me aconteceu sirva para que mulheres e meninas não se sintam culpadas ou envergonhadas pelas violências que elas sofram”, finaliza a atriz.

O Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP) informou que vai apurar a denúncia da atriz de que teria sido abordada por uma enfermeira, que teria ameaçado divulgar para a imprensa informações sobre a entrega para adoção de bebê fruto de um estupro.

O conselho manifesta sua solidariedade à atriz e reafirma seu compromisso cotidiano com a ética profissional da enfermagem e com a segurança da assistência prestada pela categoria”, afirmou a entidade em nota.

5. Uma onda de solidariedade e amor se formou

Em resposta aos ataques que a atriz recebeu, Maísa Silva, Larissa Manoela, Thalita Rebouças, Flávia Alessandra e Felipe Neto são alguns dos nomes das celebridades que criaram uma onda de solidariedade à atriz.

Fernanda Paes Leme, Paolla Oliveira, Camila Pitanga, Suzana Pires, Giovanna Ewbank, Flavia Alessandra, Fabiana Karla, Araujo e Anitta, entre muitos outros, também se solidarizaram com Klara.

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Após receber as mensagens, a atriz respondeu nas redes sociais. “Te amo. Amo vocês!”, respondeu em fotos nas quais aparece com Larissa Manoela e Maísa Silva. “Te amo com todo meu coração”, afirmou em post da escritora Thalita Rebouças.

O pai da atriz, Claudio Castanho, publicou uma homenagem nas redes sociais. “Estarei sempre com vocês”, escreveu ele em uma foto em que aparece com os filhos, Klara e um menino, ainda crianças, em uma praia. A imagem foi postada nos stories do Instagram no domingo (26).

Leia o relato de Klara Castanho na íntegra.

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