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O triste relato da jovem que engravidou aos 12 anos após abuso sexual

Só em 2021, 17.316 garotas de até 14 anos foram mães no Brasil.

Por Da Redação 24 jul 2022, 19h57
História de abuso sexual
O relato da influenciadora Vivian Nascimento viralizou no TikTok – e levantou debate sobre abuso sexual na infância e adolescência. @vivianmnascimento/TikTok/Reprodução

“Até os meus 16 anos eu não tive consciência do que eu tinha passado. Eu sentia muita tristeza, muita coisa dentro de mim que eu não entendia”, desabafou a influenciadora pernambucana Vivian Nascimento, de 18 anos. Ela, que é moradora de Toritama (PE), viralizou no TikTok nesta semana com relato pessoal, que gerou uma discussão sobre abuso sexual na adolescência e consentimento.

Ela engravidou aos 12 anos e a gestação foi fruto de um abuso sexual que sofreu de um homem que, segundo ela, teria 17 ou 18 anos e se apresentava com 15 anos, e que ela acreditava ser seu amigo. “Eu achava que estava apaixonada. É isso, quando a gente é jovem a gente acha que está sentindo essas coisas.”

 

Em uma sequência de vídeos que já somam mais de 400 mil visualizações, ela conta sua história e diz que teve depressão, crises de ansiedade e ainda hoje se sente culpada por ter sido ingênua, mesmo sabendo que na época era uma criança. “E depois de tanto tempo eu ainda me sinto culpada. Porque me dá nojo de lembrar de tudo o que aconteceu.”

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Os dados mais recentes do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública) mostram que a realidade vivida por ela é compartilhada por muitas outras meninas e mulheres. Uma mulher foi estuprada, em média, a cada dez minutos no Brasil em 2021. O estudo contabiliza 56,1 mil casos, incluindo estupros de vulnerável – quando a vítima é menor de 14 anos.

Já dados preliminares do Ministério da Saúde mostram que, também em 2021, 17.316 garotas de até 14 anos foram mães no país. Caso a violência leve à gestação, as vítimas tem direito ao aborto legal.

@vivianmnascimento

Nao se magoem se eu nao responder algo sobre esse assunto, espero que seja a ultima vez que eu falo sobre isso 🤍 #fy #explorar

♬ som original – Vívian Nascimento

No caso de Vivian, ela optou por continuar com a gravidez e hoje é mãe de Gabi, de 5 anos. Em seus vídeos, ela é discreta sobre pormenores da história e afirma que há uma ação judicial em curso e que o agressor não teve contato com sua filha desde o nascimento – tanto por falta de interesse, quanto pela situação de violência envolvida.

Seus pais, à época, não fizeram uma denúncia formal. “Meus pais erraram muito. Me dói muito falar isso, mas eu aos 12 anos fiz a escolha de ficar com ele [o agressor]. Eles me deram a escolha de ficar com ele ou não. Mas eu não tinha cabeça para entender que aquilo não era certo pra mim.”

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Uma publicação compartilhada por Vívian Nascimento | uma vida atípica (@vivianmnascimento)

Após quatro meses juntos, ela conta que decidiu terminar o relacionamento e viveu uma sequência de situações de perseguição, ameaças e violência física e psicológica. Quando descobriu a gravidez, ela conta que se sentiu sozinha. “Fui na farmácia com os únicos dez reais que eu tinha e comprei um teste de gravidez”.

O próximo passo foi contar para os seus pais, que tinham passado por uma separação recente. Em sua cidade, ela foi julgada como “como safada, como puta” tanto na escola como por pessoas conhecidas e da família. “Eu era uma criança extremamente sexualizada desde pequena. Eu sempre tive coxas grossas, quadril e a gente sabe como isso é visto.”

Hoje, em suas redes sociais, ela compartilha sua rotina, fala sobre maternidade, beleza e vida real. Mas ressalta que só se deu conta de que o que viveu deixou marcas em sua saúde mental e física, há dois anos, quando completou 16. “Eu entendi tudo o que eu passei e voltei a procurar ajuda psicológica. E tudo foi se encaixando. Eu tinha nojo de mim.”

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