Estreia com pé direito. Assim foi o início da carreira de Carol Duarte, a Ivana de A Força do Querer, na TV. Paulistana e atriz de teatro, ela deu o pontapé inicial nas novelas com uma personagem de sucesso, que traz à tona a discussão de identidade de gênero. Em entrevista à CAPRICHO, Carol diz estar preparada para as mudanças da personagem.
CH: O público comprou a história da Ivana. As pessoas te param na rua para querer saber mais sobre a história dela?
CAROL DUARTE: Sim! O engraçado é que, quando solto o cabelo, as pessoas ficam olhando e pensam: ‘será? É ela?’ Uma vez, eu estava no mercado e uma mulher veio me perguntar se eu estava me sentindo bem. Eu disse que sim. (risos) As pessoas são receptivas, torcem pela Ivana, mesmo tendo gente que não sabe que a Ivana é uma transexual.
CH: Por esse motivo mesmo que trazer o tema à tona é necessário, né?
CAROL: Com certeza! Somos o país que mais maltrata transexuais no mundo e isso tem que acabar. Trazer o tema é bom porque faz o público repensar certas coisas, as piadas na rua, a atitude de provocar… Existem histórias terríveis de violência.
CH: O Tarso Brant ajudou no processo de construção de Ivana e, recentemente, vocês dividiram uma cena juntos. Como foi gravar com ele?
CAROL: Antes da novela estrear, ele me ajudou muito no processo de pesquisa e construção da personagem mesmo. Foi a pessoa com quem mais tive contato para entender o universo da Ivana. Então gravar com ele foi muito legal. O Tarso é um ponto importante na história da Ivana.
CH: Você já sabe como será a transformação de Ivana?
CAROL: A Gloria está analisando tudo isso. É preciso ver como a transformação vai acontecer na dramaturgia, ainda não temos nada fechado. Mas estou preparada para o que tiver que acontecer. Se tiver que cortar o cabelo, tudo bem. Não tenho problema com isso.
CH: Na novela, Joyce (Maria Fernanda Cândido) faz algumas projeções em relação à filha e acaba deixando a Ivana ainda mais confusa. Você já vivenciou algo parecido?
CAROL: Toda relação entre mãe e filho tem projeções, e todos nós já passamos por isso num certo momento da vida. Mas, uma hora, é preciso romper com essas questões para poder se descobrir. Talvez eu não seja o que a minha mãe tenha sonhado para mim.
CH: Jura?
CAROL: Sim. Eu acho que não. Ela é uma mãe coruja, orgulhosa, mas teve as suas projeções e, talvez, eu não as tenha realizado. Olha, eu nunca tive essa conversa profunda com ela, sabia? Eu vou até ligar depois e perguntar. (risos)
CH: Mesmo sendo uma profissão instável, seus pais deram total apoio para você seguir na dramaturgia?
CAROL: Sempre! Eles queriam me ver feliz e não faltou apoio em casa. Mas me virei e trabalhei como garçonete para poder me sustentar e manter minha carreira no teatro. Não é fácil se manter só com as peças. Hoje, meus pais choram de emoção ao me assistir na TV. A minha mãe trabalha perto de uma banca de jornal e tudo o que sai sobre mim, ela compra e leva para casa.