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Women’s March: 3 meninas, 3 cidades, a mesma Marcha das Mulheres

'Ver crianças segurando cartazes feministas e ouvir todas as pessoas gritando que o silêncio acabou é algo que nunca vou esquecer!'

Por Isabella Otto Atualizado em 31 out 2024, 11h17 - Publicado em 27 jan 2018, 16h30
Promoção CAPRICHO Volta às Aulas 2018
Divulgação/CAPRICHO

Em janeiro de 2017, o mundo parou. Na verdade, foi justamente o contrário que aconteceu. Ele avançou uns bons passos na corrida pela igualdade. Mulheres se uniram ao redor do mundo e saíram pelas ruas em forma de protesto. Protesto por direitos iguais, pelo fim da violência contra a mulher, pelo direito de andar na rua com a roupa que quiser sem ser assediada, pelo direito à educação, pela liberdade de ser quem é. Neste ano, mais uma vez, as mulheres se uniram. E elas foram ouvidas!

Arquivo Pessoal/Isabella Bruder/Reprodução

Isabella Bruder, ex-integrante da Galera CAPRICHO, está atualmente estudando em uma universidade nos Estados Unidos e participou da 2018 Women’s March em Nova York. Em entrevista à CAPRICHO, a jovem de 18 anos revelou que foi muito emocionante ver tantas garotas juntas em um mesmo lugar, apoiando umas às outras e buscando as mesmas coisas. Isa também ressaltou que muitas meninas foram à marcha protestar mais uma vez contra Donald Trump, atual Presidente dos EUA, que tem projetos misóginos de governo e já foi acusado de assédio sexual por diversas mulheres. Leia a seguir o depoimento completo da Isa Bruder:

Fazer parte da marcha foi muito incrível e empoderador. Caminhar ao lado de mulheres de todas as idades, lutando por igualdade e justiça, foi lindo! A marcha também foi um ato contra o governo racista e misógino de Trump. Enquanto nós caminhávamos, gritávamos coisas como: “say it loud, say it clear, refugees are welcome here! Say it loud, say it clear, everyone is welcome here! (“digam em voz alta, digam claramente, refugiados são bem-vindos aqui. Digam em voz alta, digam claramente, todo mundo é bem-vindo aqui!”). Haviam mulheres na terceira idade, adultas, adolescentes, crianças, homens e até nenês. Tinha um carrinho de bebê, com uma criança de uns 6 meses dentro, com uma faixa com os dizeres: “If you build a wall, my generation will tear it down” (“se você construir uma parede, minha geração vai destruí-la”). Um homem estava segurando um cartaz que gostei muito: “men of quality don’t fear equality” (“homens de qualidade não tem medo de igualdade”). Achei sensacional! A energia foi bem forte. Todo mundo junto, lutando pelas mesmas causas, todo mundo de mente aberta, todo mundo querendo igualdade, justiça e inclusão.

Bea Brito, de 22 anos, participou da marcha em Londres, na Inglaterra. Apesar de estarem separadas por mais de 3 mil milhas, as duas sentiram a mesma energia. Para Bea, que trabalha com cinema, a Women’s March deste ano foi ainda mais significativa, por todas as denúncias de assédio que aconteceram em Hollywood e por essa indústria ainda ser tão machista. Ela ainda lembra que, apesar de a marcha ter sido essencialmente branca, não podemos nos esquecer das minorias. Leia a seguir o depoimento na íntegra da Bea Brito:

Bea Brito/Reprodução

Sou feminista e esse foi o principal motivo que me levou a participar do movimento. Já sofri vários assédios, como a maioria das mulheres, e nunca falei sobre eles. Isso é algo que me deixa muito incomodada. Principalmente, na minha área de trabalho, que é cinema, o machismo e o assédio estão presentes em peso. Desde que algumas mulheres de Hollywood têm se pronunciado sobre os acontecimentos horríveis que elas tiveram que passar na indústria, isso tem me dado mais força e motivação. Quando cheguei à estação de metrô mais próxima da marcha, já consegui sentir a energia do lugar. Andei até perto do palco, em que estavam acontecendo os discursos, e foi um sentimento de libertação incrível! Tinham pessoas de todas as idades e alguns homens também. Mas as mulheres eram maioria. Ver crianças segurando cartazes com os dizeres “sou feminista” e “luto por direitos iguais” foi uma sensação muito emocionante. Ouvir todas as pessoas gritando “o silêncio acabou” e “nós somos o suficiente”… Nossa, é algo que nunca vou esquecer! Ter feito parte da 2018 Women’s March me deu mais força para batalhar pelos meus, pelos nossos, direitos e incentivar outras pessoas a serem fortes também, e a falarem sobre o assunto. O tempo não estava dos melhores. Chovia muito em Londres e até nevava um pouco, mas nada disso nos impediu de ser parte de um todo. Porque juntas somos mais fortes! Aproveitei também para registrar alguns dos meus momentos favoritos. Quando olho para as fotos que fiz, sinto muito orgulho. Não só por mim, mas por todas que estavam lá. De alguma maneira, espero que essas imagens incentivem outras meninas. Chegou a hora de nos unirmos e lutarmos contra o assédio, o machismo e o preconceito. Nós somos livres, e o patriarcado não vai nos impedir nunca de continuarmos buscando nossos direitos e salvando mulheres. Temos sempre que lembra que existem minorias e que as mulheres negras e trans são as que mais têm dificuldade de lidar com a realidade. É muito assustador viver em um mundo onde você vê mulheres serem estupradas o tempo todo, e ter esse medo constante quando anda sozinha na rua é terrível. Então, chega! Essa é a hora de mudar. Essa é a hora que as mulheres em massa devem se juntar e dizer que, sim, nós podemos tudo. E nós somos o suficiente!

A jovem Kit Hornby também participou de tudo, só que cruzando o oceano. Em Toronto, no Canadá, ela saiu mais uma vez às ruas para lutar a favor das mulheres, principalmente das que fazem parte da comunidade LGBTQ+. Essa foi a sua segunda marcha das mulheres – mas ela participa ativamente de protestos pelo reconhecimento e aceitação das pessoas que se consideram gênero fluído. Neste ano, a canadense sentiu que o manifesto abraçou mais as minorias, que ficaram um pouco de lado na marcha de 2017. Confira o depoimento completo dela logo abaixo:

Arquivo Pessoal/Isabella Bruder/Reprodução

Este ano, a marcha foi diferente, mas de um jeito bom, já que ela foi direcionada a pessoas que não foram tão lembradas assim na marcha do ano passado, que teve as mulheres brancas e heterossexuais como foco. Este ano, teve uma grande diversidade de discursos, e a maioria foi de pessoas com menos de 25 anos e da comunidade LGBTQ+. A primeira mulher negra a ser uma ministra de gabinete no Canadá, Zanana Akande, discursou, assim como uma poeta negra local, Whitney French. Teve também uma mulher indígena que falou e abriu nossos olhos sobre as mulheres indígenas desaparecidas e assassinadas ao longa da história. Uma garota trans de 9 anos também falou sobre sua experiência pessoal e toda a multidão começou a gritar o seu nome, o que seria muito incrível para qualquer criança, mas foi maravilhoso para ela, que um pouquinho antes falou sobre o bullying que sofreu por ser quem é. Kristyn Wong-Tam, uma mulher asiática e lésbica que faz parte da assembleia da cidade, foi a última a discursar e falou sobre campanhas de apoio às pessoas sem gênero e com gênero fluído que estão sendo desenvolvidas.

No site da Bea Brito, você ainda confere mais um montão de imagens maravilhosas feitas durante a 2018 Women’s March de Londres. Na sequência, selecionamos algumas de nossas favoritas para você entender a grandiosidade do evento – e como ele une tantas mulheres ao redor do mundo.

Bea Brito/Reprodução
Bea Brito/Reprodução
Bea Brito/Reprodução

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