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Síndrome de Asperger: o que é, sintomas, causas e tratamento

O Transtorno do Espectro Autista é uma condição crônica que afeta mais de 150 mil pessoas por ano no Brasil; saiba mais sobre ela

Por Isabella Otto Atualizado em 30 out 2024, 17h37 - Publicado em 10 Maio 2021, 13h06

Durante participação no Saturday Nigh Live, no último sábado, 8, Elon Musk, um dos donos da Tesla e o 2º homem mais rico do mundo, revelou ser a primeira pessoa com Síndrome de Asperger a apresentar o programa. “Estou fazendo história”, disse o empresário.

Ele não é o único em posição de destaque a ser diagnosticado com a síndrome. A ativista sueca de 18 anos Greta Thunberg também tem Asperger, assim como a cantora Lisa Cimorelli, uma das cinco irmãs do grupo norte-americano Cimorelli. Mas o que é a síndrome? Como é feito o diagnóstico? Saiba mais sobre a condição a seguir.

Ilustração no fundo rosa de um tronco humano, com o topo da cabeça cortado, saindo dele peças de quebra-cabeças. As peças são coloridas, em amarelo, azul, verde e rosa.
everything bagel/Getty Images

1. O que é a Síndrome de Asperger?

A Síndrome de Asperger é uma perturbação do comportamento com uma base genética que se enquadra nas perturbações do espectro do autismo, explica o neurocientista e psicólogo Fabiano de Abreu, Doutor e Mestre em Psicologia da Saúde pela Université Libre des Sciences de l’Homme de Paris. É por isso que algumas pessoas com Asperger preferem dizer que são autistas ou se enquadram no espectro autista. “Erroneamente apontam pessoas com Asperger como inteligentes e essa justificativa é perigosa, pois serve como argumento para a falta de cuidado necessário para um melhor desenvolvimento, resultando num melhor bem estar para pessoas com esse espectro autista. Diagnosticados com Síndrome de Asperger podem apresentar determinadas inteligências, mas falham na cognição, que é também uma inteligência. Por isso, deve-se ter todo cuidado educacional e no desenvolvimento cognitivo para que possam se enquadrar melhor na sociedade e contribuir com ela”, alerta o mestre em psicanálise.

Assim como o autismo, a Síndrome de Asperger é um transtorno de desenvolvimento, mas com diferenças nas dificuldades de interação. Por exemplo, pessoas com Asperger costumam apresentar quadros de isolamento social, mas não tão intensos quanto os apresentados por autistas, que também podem não conseguir se expressar em público, diferentemente dos diagnosticados com Asperger, que conseguem fazer apresentações, como são os casos de Elon, Greta e Lisa, mas podem acabar realizando discursos muito longos e até um pouco incoerentes. As dificuldades na fala apresentadas por pacientes com Asperger também são mais leves que as apresentadas por pacientes que recebem o diagnóstico de autistas.

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Em 2013, com o lançamento do DSM-5: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, a Síndrome de Asperger passou a ser considerada “transtorno do espectro autista Leve sem apresentar perdas intelectuais ou verbais”, como explicamos anteriormente. Em janeiro de 2022, o novo CID (International Classification of Diseases ou “Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde”) entrará em vigor e a nova classificação para Aspergers será “transtorno do espectro autista sem transtorno do desenvolvimento intelectual e com leve ou nenhum prejuízo de linguagem funcional”.

2. O que causa a Síndrome de Asperger?

As possíveis causas ainda são estudadas pela ciência, mas sabe-se que transtornos autistas têm relação com fatores genéticos. Ou seja, nascidos que possuem parentes próximos com algum Transtorno do Espectro Autista apresentam maiores chances de virem a ser diagnosticados com a condição, que pode vir a sofrer influência familiar, especialmente no que diz respeito à parte de interação social (como aquela pessoa se comporta em sociedade).

3. Quais são os características?

O neurocientista Fabiano de Abreu conta que as principais características da síndrome estão relacionadas a alterações na interação social, na comunicação e no comportamento. “Pessoas que padecem de Asperger costumam apresentar alguns traços comuns, como dificuldades na interação social, problemas na comunicação e no discurso, problemas de empatia e interesses limitados, interpretação literal da linguagem, comportamentos repetitivos ou rotineiros, descoordenação motora e hipersensibilidade a estímulos sensoriais”, lista.

Como pontuamos anteriormente, alguns desses sintomas podem ficar mais perceptíveis dependendo da criação que o indivíduo recebe. Um exemplo prático, porém ficcional, pode ser observado no personagem Sheldon Cooper, da série The Big Bang Theory. É sabido que ele sofre de algum Transtorno do Espectro Autista, e para muitos esse transtorno é a Síndrome de Asperger, já que Sheldon apresenta muita dificuldade em se relacionar, tendo que criar contratos para ditar interações sociais, não gosta de estabelecer contatos físicos muito intensos e é um físico extremamente inteligente, que chega a ganhar inclusive um Prêmio Nobel, apesar de ter algumas limitações em temas que fogem da sua área de especialização. Por ter sido criado por uma família conservadora do Texas, e por uma mãe bastante religiosa, alguns desses comportamento acabam ficando em evidência, pois, além de existirem por causa da condição dele, também existem por crenças e costumes que lhes foram passados.

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Ilustração de uma psicológica atendendo um garotinho e mostrando para ele algumas letras, como a
AnnaSivak/Getty Images

4. Tem cura?

A neurociência pontua que a Síndrome de Asperger não tem cura porque é uma condição, não uma doença. “Contudo, há passos a desenvolver para melhorar a qualidade de vida de forma geral. Existem diversos tratamentos e intervenção terapêutica que proporcionam oportunidades para os pacientes de se desenvolverem e terem melhor qualidade de vida. Mesmo quando pode incluir tratamento medicamentoso, o acompanhamento psicológico é essencial e muito importante para que a pessoa aprenda a conhecer e a aceitar”, explica o neurocientista Fábio. Quanto antes a condição for diagnosticada e o tratamento começar, melhor será o desenvolvimento do indivíduo.

5. Qual é o tratamento?

Sani Santos Ribeiro, pediatra e pneumologista infantil, conta quais são os três principais tratamentos que devem ser feitos ao receber o diagnóstico de Asperger: acompanhamento psicológico, sessões de fonoaudiologia e tratamento com medicamentos. “O acompanhamento psicológico é fundamental na Síndrome de Asperger, pois é durante as sessões que são observadas as principais características apresentadas pela criança e, assim, é possível identificar situações que essas características são evidenciadas. Além disso, durante o tratamento com o psicólogo, a criança é estimulada a conversar e conviver com outra pessoa que não faz parte do seu dia a dia. É importante também que os pais e os professores participem desse processo e apoiem o desenvolvimento da criança”, conta em matéria publicada no portal Tua Saúde.

A Dra. Sani ainda esclarece que o acompanhamento de uma fonoaudióloga é interessante em casos em que o paciente apresenta dificuldades na fala, na hora de expressar os sentimentos e na modulação do tom de voz, já que alguns podem gritar ou falar mais alto do que é necessário em determinadas situações. Quando o indivíduo apresenta ainda sinais de ansiedade, depressão, hiperatividade ou déficit de atenção causados pelo Asperger, medicamentos podem ser receitados para aliviar essas manifestações.

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