Quais substâncias estão presentes nos cigarros eletrônicos?

Pesquisa brasileira revela que, com a temperatura, as substâncias presentes nos vapes se transformam em novos compostos e alertam sobre os riscos disso

Por Juliana Morales Atualizado em 29 out 2024, 15h30 - Publicado em 6 ago 2024, 13h00
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pesar dos alertas, os cigarros eletrônicos ainda fazem um sucesso enorme entre a nossa galera. Muitos jovens carregam o dispositivo – compacto, discreto e que parece inofensivo – para todo canto, mesmo sem conhecerem, de fato, o que há dentro dele. Precisamos dizer mais uma vez: os vapes são lobo em pele de cordeiro.

Muita gente pode responder que um vape é formado por nicotina e substâncias como glicerina e o propilenoglicol para dissolvê-la, além de, claro, algum aromatizante. Mas é bem mais complicado do que isso, viu? Um estudo do Laboratório de Química da PUC-Rio mostrou que, com o aquecimento, as substâncias presentes nos cigarros eletrônicos se transformam e os usuários acabam absorvendo compostos bem diferente do que os esperados. 

A reportagem do Fantástico mostrou, no último domingo (6), como os pesquisadores brasileiros chegaram a esses resultados. Para testar se o líquido do cigarro eletrônico é tóxico, eles colocaram a substância para reagir com células de fungos e de mamíferos.

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O estudo apontou que o contato das substâncias líquidas com metais presentes na bateria e de todos circuito do vape podem liberar metais como cromo, ferro, chumbo, zinco, alumínio e silício. A pesquisadora Adriana Gioda ressaltou ao programa da Globo que “muitos desses metais são tóxicos e cancerígenos”.

Ainda há um longo caminho de investigação sobre os cigarros eletrônicos, afinal há diferentes amostras e produtos a serem analisados. Como já falamos aqui na CH, a venda de cigarro eletrônico continua proibida no Brasil e os vapes não são submetidos a controle de qualidade. Isso significa que eles podem carregar mais e diversas substâncias tóxicas que não temos conhecimento.

Em julho deste ano, pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina, em parceria com a polícia científica do estado, detectaram uma substância semelhante à anfetamina em 10 amostras diferentes de vapes.

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À Agência Brasil, a pesquisadora e professora da universidade, Camila Marchioni explicou que existe uma grande diversidade de substâncias no grupo das anfetaminas, mas todas agem de forma semelhante no sistema nervoso central. “Elas deixam o indivíduo mais agitado, mais animado, mais excitado. Por outro lado, também pode causar dano no coração”, esclarece.

Neste mês acontece a campanha Agosto Branco que expande a conscientização sobre o câncer de pulmão. Por mais que falte entender melhor as consequências dos vapes ao longo dos anos, já que trata-se de um fenômeno recente, médicos e especialistas alertam, principalmente a nossa galera, sobre os prejuízos que eles podem trazer, “como doenças pulmonares intersticiais agudas e, a longo prazo, relação direta com o câncer de pulmão e outras neoplasias que o cigarro propicia”.

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