Por que essa Copa do Mundo é tão marcante pra história do futebol feminino
Sabia que a Copa do Mundo Feminina deste ano está cheia de conquistas históricas? Listamos bons motivos pra acompanhar o futebol-arte de nossas meninas!
Quando falamos em Copa do Mundo, o que te vem à cabeça? Provavelmente, você deve pensar em toda aquela decoração verde e amarela que invade as ruas das cidades durante a época do mundial. É tempo de festa! Todo mundo se reunindo para ver os jogos e o país praticamente decreta feriado nacional nos dias das partidas brasileiras. Agora, permita-se fazer um questionamento: quando falamos em Copa do Mundo FEMININA, o que te vem à cabeça?
Na teoria, os dois torneios têm a mesma temática, mas, na prática, as coisas são bem diferentes. Estamos muito longe de ver o futebol feminino alcançando toda essa atenção, mídia, público e patrocínios que o masculino tem. Aos poucos, contudo, estamos avançando – e essa Copa do Mundo de Futebol Feminino é a maior prova disso! Nos últimos tempos, nenhum Mundial feminino foi tão representativo quanto esse da França. E eu te conto o porquê.
Apesar de ainda termos muito pela frente, a visibilidade da categoria está muito maior. Nunca se falou tanto sobre futebol feminino como agora, principalmente no Brasil. Para começo de conversa, a Copa do Mundo Feminina de 2019 já bateu o recorde de maior venda de ingressos, com mais de 720 mil entradas comercializadas até o abril.
É também na Copa da França que a Seleção Feminina da Jamaica vai disputar o mundial pela primeira vez na história, conquista que só se tornou possível depois da ajuda de Cedella Marley, a filha do Bob Marley. Chamadas de “Reggae Girlz”, as atletas chegaram a ficar três anos sem jogar e buscando patrocínio para manter o time em atividade. Foi quando Cedella decidiu colocar a Fundação Bob Marley como patrocinadora oficial da equipe e se tornou a embaixadora global do futebol feminino na Jamaica, o primeiro país caribenho a disputar a maior competição feminina do mundo.
No Brasil, a lista de conquistas e curiosidades sobre a importância desse Mundial é maior ainda! Entre elas, uma das mais significativas é que essa será a primeira vez que a Rede Globo, maior emissora de canal aberto do país, transmitirá as partidas da Seleção Feminina. Além disso, tanto a Globo quanto o SporTV terão mulheres comentando os jogos. Milene Domingues, ex-jogadora de futebol e rainha das embaixadinhas, é um dos grandes nomes que integram o time de comentaristas da emissora. A jornalista Ana Thais Matos, que comentou os amistosos preparatórios para o mundial, também está na equipe. Se faltava transmissão televisiva para o público começar a apoiar mais o futebol feminino brasileiro, não falta mais.
Aliás, essa Copa do Mundo está repleta de primeiras vezes. A competição também marca a primeira vez que a Seleção Brasileira Feminina jogará com um uniforme feito e pensado para elas. Entre 1988 e 2011, as jogadoras tinham que usar os uniformes masculinos com pequenos ajustes. Em 2015, a equipe ganhou uma camisa feminina. Agora, em 2019, o uniforme inteiro recebeu um modelo exclusivamente para o corpo feminino – e isso não é uma questão de estética. Como em todo esporte, ter uma roupa adequada contribui no desempenho em campo.
Essa também é a primeira vez que mais marcas e empresas estão começando a olhar com atenção para o futebol feminino. A principal delas é o Guaraná Artarctica, que fez uma propaganda criticando a falta de patrocínio da equipe feminina em comparação ao time masculino e provocando as marcas que realizaram trabalhos com os homens em 2018, mas se esqueceram das mulheres neste ano. “No ano passado, teve um monte de comerciais com jogadores e, neste ano, quase nenhum com as jogadoras. Uma vergonha, não?“, diz um trecho do comercial acima. E funcionou. Mais marcas se juntaram ao Guaraná no movimento “É Coisa Nossa”, como GOL, LAY’s e O Boticário – esta última, inclusive, liberou os funcionários para assistirem os jogos brasileiros da Copa Feminina, como acontece durante o torneio masculino.
Mas, infelizmente, não é só de primeiras vezes que essa Copa será feita. Tudo indica que essa também será a última vez que veremos o trio veterano Marta, Formiga e Cristiane atuando juntas em campo. Aos 41 anos, Formiga está disputando sua sétima Copa do Mundo, o maior número de participações em Mundiais tanto na categoria feminina quanto na masculina! Ela disputou a primeira quando tinha apenas 17 anos e, desde então, vem fazendo história e deixando seu nome como um dos mais importantes na história do futebol feminino brasileiro. Marta e Cristiane ainda estão na “casa dos 30” e devem voltar para as próximas Copas, mas Formiga provavelmente se aposentará dos gramados em breve. Já são 24 anos vendo Formiga na Seleção e, sem dúvida, ninguém está preparado para vê-la se despedir…
Se com todos esses motivos incríveis e inspiradores eu conseguir te convencer a assistir pelo menos um jogo das nossas meninas na Copa do Mundo 2019, já estou satisfeita. Assim como Neymar, Coutinho, Firmino e todos os homens muito talentosos que vestem a camisa da nossa Seleção, essas mulheres também merecem seus gritos de apoio e aplausos. Elas merecem estampar comerciais, aparecer nos assuntos mais comentados das redes sociais e ter suas figurinhas colecionadas em álbuns. Até porque a luta das mulheres por respeito e igualdade existe fora de campo também e elas deveriam ser sempre lembradas – não só em época de Copa do Mundo.
Vamos cumprir o nosso papel de torcedor por elas? Se você tiver alguma dúvida, comentário ou sugestão para nossa cobertura futebolística, envie para amanda.oliveira@abril.com.br ou me chama na direct do Instagram. A Copa do Mundo Feminina estreia no dia 7 de junho e o primeiro jogo do Brasil é no dia 9, contra a Jamaica. Acompanhe tudo na CAPRICHO!