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Pobreza menstrual tira 14 milhões de meninas por ano das escolas no Brasil

Pesquisa mostra os impactos do problema em estudantes do Ensino Fundamental, Médio ou Superior, e sua relação com a evasão escolar

Por Isabella Otto 16 mar 2022, 14h23

Não é novidade que a pobreza menstrual é um caso de saúde pública no Brasil e no mundo. Nos últimos anos, o assunto tem estado mais em pauta e algumas conquistas importantes foram alcançadas. Por exemplo, no último dia 8, o Congresso Nacional derrubou o veto presidencial ao Projeto de Lei 4968/19, da deputada Marília Arraes (PT-PE), que prevê a distribuição gratuita de absorventes para estudantes de baixa renda da rede pública de ensino e para mulheres em situação de vulnerabilidade social (como moradoras de rua e detentas).

Foto de absorventes externos e internos disponibilizados gratuitamente no banheiro
Annette Riedl/picture alliance/Getty Images

O problema é uma das principais causas de evasão escolar, sendo que 2,9 milhões de estudantes do Ensino Fundamental, Médio ou Superior com 16 anos ou mais são afetadas por ele, conforme pesquisa divulgada pela Always e realizada pelo Instituto Locomotiva. Esse número implica em outro extremamente preocupante: são 14 milhões de faltas anuais computadas de estudantes que, durante a menstruação, não têm condições de irem para o colégio.

Na maioria das vezes, a razão é a falta de itens básicos de higiene, como absorventes descartáveis, para lidar com o período menstrual de maneira digna. O levantamento, que ouviu 1040 mulheres de 16 a 50 anos que menstruam, mostra que 77% das brasileiras já precisaram recorrer a itens alternativos para estancar o sangue. Os mais usados são o próprio papel higiênico, toalhas de pano, roupas velhas, meias e sacolas de papel, como aquelas usadas em padarias. “Queremos fazer parte da solução e por isso estamos nos movimentado para ampliar o alcance dessa discussão, afinal essa é uma luta de todas nós”, explicou Laura Vicentini, Vice-Presidente de cuidados femininos da P&G Brasil, durante evento online realizado na última terça-feira (16).

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Na ocasião, a Always, que é uma marca da P&G, lançou a campanha #MaisAbsorventesMenosFaltas, que prevê potencializar o combate à pobreza menstrual no Brasil por meio de discussões sobre o tema e incentivo financeiro.

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Para isso, foi lançada a Aceleradora Social de Always, primeira do mundo focada em pobreza menstrual. Quatro ONGs serão selecionadas para participar do programa e cada uma delas receberá um investimento de R$ 50 mil para desenvolver projetos que apoiem pessoas em vulnerabilidade menstrual. Cada organização também receberá 100 mil absorventes para serem doados. “Falta informação durante a primeira menstruação, falta acolhimento nos ambientes escolares e de trabalho, falta renda para aquisição de produtos necessários, e faltam políticas públicas para enfrentar o tamanho do problema”, disse Renato Meirelles, Presidente do Instituto Locomotiva.

Falar de pobreza menstrual também é fazer um recorte de gênero (embora homens trans também menstruem e sejam atingidos pela questão, que acaba sendo potencializada pela transfobia). Mas, para exemplificar, 86% das brasileiras que participaram da pesquisa acreditam que o absorvente é um item tão importantes quanto o papel higiênico, que é disponibilizado gratuitamente em banheiros públicos. A diferença é que todos usam o papel, tanto homens quanto mulheres.

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A desigualdade de gênero ainda faz com que as mulheres tenham uma preocupação a mais: a angústia de, no final do mês, não sobrar dinheiro para comprar o absorvente do mês seguinte. 43% das brasileiras disseram sentir medo de que seus itens de higiene não durem até o final da menstruação e 36% confessaram que já tiveram que pedir absorvente emprestado ou dinheiro para comprar o produto.

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