Mulheres estão exaustas em se preocupar com própria imagem e corpo
A pressão estética recai sobre todas nós, mas, para a população gorda, isso tem um efeito ainda mais duro - principalmente no mercado de trabalho
Se tem algo que as mulheres não aguentam mais é de terem que se preocupar constantemente com a própria imagem e corpo. E, para as mulheres gordas, essa preocupação ganha contornos ainda mais evidentes – principalmente no mercado de trabalho. De acordo com a pesquisa Contratação, a Demissão e a Carreira dos Executivos Brasileiro, 65% dos executivos de empresas preferem não contratar pessoas gordas.
”Se preocupar com o próprio corpo é exaustivo”, disse a psicóloga não gordofóbica Gabriela Menezes, em evento que aconteceu na tarde desta quinta-feira (9) na Casa Clã, – evento acontece entre 8 e 11 de março na Casa Higienópolis, em São Paulo. Além de Menezes, o talk Empoderamento e autoamor: mulheres gordas no mercado de trabalho, contou com a apresentadora e radialista Letticia Muniz e a podcaster Mabê Bonafé. O papo foi mediado pela jornalista da Veja SP Alessandra Balles.
Ficou interessada ou interessado em participar do evento? É só preencher os formulários: para o dia 09, para dia 10 e para o dia 11 de março. Ainda é possível se inscrever de maneira presencial. Confira a programação completa aqui.
Além do mercado de trabalho, o papo girou em torno sobre como mulheres gordas podem se empoderar para conseguirem furar a bolha em meio a uma sociedade que pressiona tanto os corpos femininos por um padrão estético (que, cá entre nós? sabemos que é impossível de ser alcançado).
”Entre os 10 e 28 anos da minha vida eu tive todo tipo de transtorno alimentar. Fui bulímica, tive vício em laxante e compulsão alimentar. Foi só aos 28 anos que as coisas mudaram. Após ter encontrado a conta da Ashley Graham eu comecei a ver que outros corpos poderiam ser bonitos. E que eu poderia ser eu”, disse Letticia Muniz.
Além dos desafios no mercado de trabalho, existem outros ainda mais básicos que a população gorda enfrenta diariamente. O primeiro deles é que as roupas plus size não são baratas. E elas explicaram como roupa não é simplesmente algo para ‘tampar ou vestir o corpo’, mas é algo que expressa a nossa identidade. (Quem aqui já não se sentiu mais confiante depois de vestir uma roupa bonita, que gosta? A gente sabe como isso funciona, né?)
Além disso tudo, muitas marcas não fabricam roupas de tamanhos maiores do que P, M, G. O que acaba restringindo as opções para a população plus size.
”Se você for numa loja de departamento você não vai encontrar a mesma blusa [plus size] por R$ 39,90. Você até consegue comprar, mas às vezes não vai ter uma boa qualidade e nem um bom caimento. E aí eu falo que é uma engrenagem que não gira direito. porque como que você vai para uma entrevista de emprego? Você precisa de dinheiro para comprar aquela roupa, aí você não tem. Mas para você comprar aquela roupa você precisa de um salário. Só que mesmo quando você tá numa empresa às vezes você não consegue subir, também por conta do seu corpo”, explica Menezes.