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Movimento ‘slow living’ defende rotina sem preocupação com produtividade

Defendida pelos Millennials e pela Geração Z, esse estilo de vida prioriza o 'fazer nada'

Por Mavi Faria Atualizado em 29 out 2024, 15h26 - Publicado em 21 ago 2024, 15h13
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assar um dia inteiro descansando, sem fazer nada e longe das telas é possível? E se esse tipo de rotina fosse a sua escolha para passar um ano inteiro – longe de trabalho, faculdade ou escola ou de qualquer tentativa de ser mais produtivo? É até difícil de se imaginar nesse cenário, fora da expectativa da produtividade que é imposta em nós cada vez mais cedo, né? Entretanto, uma galera tem aderido essa ideia.

Nos últimos meses, a hashtag #SlowLiving (viver lentamente, em tradução livre) tem ganhado cada vez mais espaço entre discussões nas redes sociais, em especial entre Millennials, a geração dos nascidos entre 1981 e 1995.

 

Entre essa galera, o estilo de vida mais lento e afastado das expectativas produtivas é entendido como um objetivo e algumas reinvindicações ao redor do mundo elucidam o fato. Em uma matéria sobre a temática da BBC, é lembrado como, no Reino Unido, já há um movimento em prol de quatro dias de trabalho durante a semana.

Além dos Millennials, a Geração Z, dos nascidos entre 1995 e 2010, também abraça a ideia do slow living e estabelecem objetivos de para onde será dedicada sua energia quando afastá-la de crescimento profissional vertical sob exaustão. Entre essa galera, a ideia é poupar energia no trabalho para dedicar-se às questões pessoais que promovem uma vida mais saudável, com autocuidado e hobbies, além de relações sociais.

Já falamos aqui na CAPRICHO, por exemplo, sobre a trend do ‘bed rotting’. Trata-se de passar muito tempo na cama mexendo no celular, assistindo à televisão ou comendo. Uma galera jovem na gringa tem defendido nas redes sociais que isso é, na verdade, um ótimo momento de autocuidado, para relaxar e descansar do estresse do dia a dia.

‘Slow Living’ x Burnout

Parecem ideias mais extremas – e é possível que sejam – mas, para Emma Gannon, a ida de um extremo ao outro foi guiada como uma necessidade, e não escolha. A escritora e podcaster contou à BBC, em reportagem sobre o ‘slow living’, que sentiu as consequências de um burnout intenso afetarem de modo significativo sua vida e o trabalho precisou ser interrompido imediatamente.

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O burnout (mistura das palavras burn e out, queimar para fora, como se explodir, em inglês) é um dos tipos de esgotamento mental e está mais associado ao trabalho, quando as obrigações, pressões e expectativas desse meio levam a pessoa a um nível de estresse elevado alarmante. Nesta outra matéria da CAPRICHO, explicamos melhor sobre os tipos de esgotamento mental.

Na mesma matéria da BBC, a autora conta que ignorou os primeiros sinais do esgotamento psíquico motivada pelo pensamento de que você “nunca pode parar”. “Eu me sentia muito confusa, tinha dores de cabeça pulsantes, não conseguia me concentrar nas coisas na sala, sinais muito assustadores. Mas eu ignorava, [pensando]: ‘estou ocupada, preciso continuar'”, afirma, até que, em 2022, seu corpo ‘se desligou’ de forma forçada e sem controle.

“Eu não conseguia olhar para o telefone, não conseguia olhar para a tela, não conseguia andar pela rua sem me sentir fraca”, explica, sensações que a fizeram perceber que ela não conseguiria mais manter a mesma rotina. Este ponto de esgotamento foi alcançado porque, segundo ela, há um condicionamento social de que o progresso pessoal precisa ser sua prioridade a qualquer custo.

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Depois dessa experiência, Emma decidiu tirar um ano inteiro dedicado somente ao descanso e reuniu sua experiência nesse tempo no livro A Year of Nothing (Um ano de nada, em tradução livre), ainda sem publicação brasileira. Nesses 12 meses, a escritora dedicou sua energia a ter uma rotina saudável, priorizando atividades simples e prazerosas, como ler, caminhar, escrever, nadar e observar a natureza.

A observação final tirada do período de descanso foi de que o ser humano não é feito para as rotinas baseadas em produtividade, e sim para, segundo ela, cochilar, caminhar no parque e nadar – atividades que possibilitam a felicidade para ela.

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Experiências como a de Emma se tornam cada vez mais comum, assim como a tentativa das Gerações Millennial e Z de desacelerar o ritmo e, mesmo em uma rotina com obrigações intensas, retomar a importância primordial em ser produtivo e desassociar evolução pessoal com conquistas profissionais – até porque, quem você é não será alterado por uma promoção de cargo – conquistam o espaço de ‘novo normal’.

Mesmo para os que não podem tirar os 12 meses de descanso ou desacelerar tanto, a ideia de priorizar a sua saúde pessoal com autocuidado ainda deve ser levada em consideração de forma séria. Sem saúde física e psicológica, é impossível ambicionar qualquer evolução onde você esteja saudável e capaz do seu melhor.

Mas e você, visualiza uma rotina mais tranquila e leve do slow living?

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