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Linn da Quebrada é alvo de transfobia nas primeiras 24h dela no BBB22

Do termo "traveco" ao pronome "ele": entenda as transfobias que Lina já teve que enfrentar dentro do reality

Por Isabella Otto Atualizado em 21 jan 2022, 16h11 - Publicado em 21 jan 2022, 16h09

Não tem nem uma semana que o BBB22 começou, e faz menos tempo ainda que Linn da Quebrada entrou na casa, uma vez que estava cumprindo quarentena por causa da Covid-19, mas alguns comentários transfóbicos sobre e para a participante já foram feitos.

Montagem com fotos de Linn da Quebrada, Eliezer e Eslovênia do BBB22
TV Globo/BBB/Reprodução

Enquanto comiam na casa, Eslovênia se referiu à sister usando o pronome “ele”, ao que Linn a corrigiu prontamente: “Ela”. Na sequência, Eslo contou o que aconteceu para Lucas, tratando a questão como um “fora”. Nas redes sociais, internautas disseram que ela não deveria ter repassado a história, uma vez que é ofensiva para quem a viveu – no caso, para Linn.

Em outro momento, Naiara Azevedo falou que Lina “não chegou ao reality como mulher nem como trans, mas que chegou como gente”, trazendo à tona a problemática do tal “humanismo”, que serve para desvalidar movimentos sociais importantíssimos, no caso, o direito das pessoas trans dentro da comunidade LGBTQIA+.

No mesmo instante, a cantora corrigiu prontamente a sertaneja, dizendo que chegou, sim, como travesti àquela casa. Vale lembrar que Linn é a segunda travesti que participa do Big Brother Brasil em 22 anos de programa.

Outros dois comentários transfóbicos foram feitos, mesmo que não diretamente à sister. Ao contar uma história envolvendo um aplicativo de relacionamentos, Eliezer usou a expressão “mulher mesmo” e pronome masculino para se referir a travestis.

Mais tarde, em tom de brincadeira, Rodrigo, que ouviu a história de Eliezer, disse que não estava conseguindo dormir porque ficava lembrando “do pinto do traveco” do causo do brother. Ele foi corrigido por Vinícius e Maria, que disseram que ele não estava falando “uma coisa legal”.

Talvez pela culpa e com medo do julgamento aqui fora, no dia seguinte, Rodrigo foi perguntar para a própria Lina se “traveco” era um termo pejorativo, só que ele assumiu também que nem conseguia repetir a expressão para ela, demonstrando que, no fundo, já sabia que “traveco” era um termo ofensivo para se referir a travestis e mulheres trans.

Ela é Lina Pereira dos Santos

Em um de seus primeiros discursos na casa, Linn fez um discurso poderoso e disse a seguinte frase: “Não sou homem nem sou mulher. Sou travesti!”. O debate trouxe à tona duas questões importantes: (1) a marginalização dos travestis na sociedade, muitas vezes até dentro da própria comunidade LGBTQIA+, e (2) o poder representativo de usar a palavra em rede nacional.

Com relação aos pronomes de tratamento usados para se referir a pessoas que se identificam como travestis, queer ou não-binárias, é sempre aconselhável que você pergunte como a pessoa deseja ser chamada, até para evitar a reprodução de transfobias e preconceitos. No caso de Lina, ela possui tatuado na testa o pronome “ela”, deixando bastante evidente a forma como gosta de ser tratada: pelo pronome feminino.

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Sobre o termo “traveco”, ele é pejorativo porque, na língua portuguesa, o sufixo “eco” traz normalmente uma conotação negativa à palavra, por exemplo: livreco, estudanteco, jornaleco… Ele traz uma pequenez que pode tornar os substantivos ofensivos de acordo com o contexto.

Ninguém nasce sabendo e todo mundo pode acabar errando, mesmo que o debate esteja cada dia mais ao alcance de todos. Errou? Reconheça o erro, peça desculpas e aprenda com ele. (Seguir) reproduzindo preconceitos em pleno 2022 é mais inadmissível que nunca!

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