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Jovem morta por ex estava escrevendo TCC sobre violência contra a mulher

Elitânia de Souza mudou o tema do trabalho de conclusão de curso no meio do caminho, mas não conseguiu concluído, pois virou estatística.

Por Isabella Otto Atualizado em 31 out 2024, 01h03 - Publicado em 2 dez 2019, 11h39

Na última quarta-feira, 27, Elitânia de Souza da Hora, de 25 anos, moradora de Cachoeira, na Bahia, foi assassina com um tiro na cabeça e dois no peito pelo ex-namorado José Alexandre Passo Góes Silva, que foi detido na sexta, 29, no município de Feira de Santana, após se entregar à polícia.

O assassino e a vítima. Reprodução/Reprodução

Essa não foi a primeira vez que o homem tentou se reaproximar da ex, mesmo tendo uma ordem de restrição. A polícia não disse porque das outras vezes ele não foi preso, sendo que estava descumprindo a determinação judicial. A jovem estava cursando o 7º período de Serviço Social na UFRB (Universidade Federal do Recôncavo Baiano). João Paulo Aguiar de Sousa, professor orientador de Elitânia, contou que a estudante, que estava fazendo um TCC sobre os cancelamento de benefícios do Bolsa Família, pediu para alterar o tema para violência contra a mulher dado o que estava vivendo. “Ela pediu para mudar, porque estava sob medida protetiva. Agora, no finalzinho, disse que não tinha estrutura para pesquisar sobre o tema, porque tinha sido vítima mais uma vez de agressão. Por fim, fechamos com o tema da cultura quilombola no âmbito escolar”, informou o professor, uma das últimas pessoas que a aluna viu antes de ser morta.

 

Elitânia estava na companhia na amiga, voltando da faculdade para casa, por volta das 22h, quando foi surpreendida pelo ex, que, segundo a amiga, testemunha do caso, chegou em uma moto, fez os disparos e fugiu.

“Eles namoravam há uns três meses quando resolveram morar juntos. No final do ano passado, em uma das vezes em que ela apanhou, decidiu se separar”, contou um dos parentes da vítima. José Alexandre não lidou bem com a rejeição e sentiu-se no direito de tirar a vida da ex-namorada. “Ela relatava sempre as ameaças, mas todos achavam que essa perseguição era porque ele ainda estava apaixonado. Na verdade, não se acha que vai acontecer com uma pessoa próxima de nós”, lamentou uma das primas.

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Além de o Brasil ser o 2º país mais perigoso do mundo para mulheres viajarem sozinhas, segundo ranking realizado pela Women’s Danger Index neste ano, a ONU (Organização das Nações Unidos) fez um levantamento que comprovou que o lugar mais perigoso do mundo para uma brasileira é o “lar, doce lar” onde mora,  índices altíssimos de violência doméstica e feminicídio.

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