“Foi fazer um bolo e morreu”, disse mãe de adolescente morta por amiga
Isabele Guimarães Ramos, de 14 anos, morreu após ser atingida por um tiro acidental dado por uma amiga, também de 14 anos, que praticava tiro esportivo
Isabele Guimarães Ramos, de 14 anos, morreu após ser vítima de um tiro acidental disparado por uma amiga, também de 14 anos, no último dia 12/7. O crime aconteceu em um condomínio de luxo em Cuiabá, no Mato Grosso, por volta das 22h30. A família da amiga da adolescente baleada pratica tiro esportivo há alguns anos. O esporte foi liberado para jovens a partir de 14 anos, com autorização de um responsável, em 2019, por um decreto do presidente Jair Bolsonaro.
“Minha filha saiu da minha casa pra ir fazer um bolo e saiu de lá carregada pelo IML”, desabafou a mãe da jovem, Patrícia Hellen Guimarães Ramos, em entrevista ao Fantástico, da Rede Globo. “Eu sabia que eram todos praticantes de tiro, mas não sabia que tinham um arsenal de armas em casa e muito menos que armas circulavam na casa de maneira deliberada. Muito menos armas carregadas! Senão, eu nunca teria deixado minha filha frequentar a casa deles”, lamentou.
Isabele foi encontrada sem vida em um banheiro da residência. Sete revólveres, dois sem registro, foram identificados na casa. O empresário Marcelo Martins Cestari, pai da jovem que cometeu o disparo, foi detido por posse ilegal de armas. Após pagar fiança, ele foi solto. “O valor de R$ 1 mil foi totalmente ilegal, imoral e ofensivo”, disse Hélio Nishiyama, advogado da família de Isabele, para o Fantástico. O valor foi aumentado pelo Ministério Público para R$ 209 mil reais e o caso foi para a Delegacia Especializada do Adolescente.
Segundo depoimento da garota para a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, a arma de que saiu o disparo era do pai de seu namorado, de 16 anos. De acordo com a versão da jovem, ela estava guardando a arma em uma caixa, enquanto Isabele estava no banheiro. A pistola caiu e, quando ela foi guardar novamente, o disparo acidental ocorreu.
Segundo Rodrigo Pouso, advogado da família de Cestari, a adolescente teria chamado o pai assim que a tragédia aconteceu. Ele teria acionado o Samu e tentado reanimar a jovem. Ainda de acordo com o advogado, as armas teriam registro e seriam de uma terceiro, o sogro da adolescente.
“Eu não acredito nisso. Não estou desmentindo o depoimento dela [da amiga], mas acho muito pouco provável. Como o disparo aconteceu justo na cabeça da minha filha e não num braço, numa perna?”, intrigou-se a mãe da vítima.