Menina que matou amiga acidentalmente praticava tiro esportivo com o pai

Morador de condomínio de luxo foi preso porque duas das sete armas encontradas não tinham registro; ele foi solto após pagar fiança

Por Isabella Otto Atualizado em 30 out 2024, 23h51 - Publicado em 14 jul 2020, 10h48

Na noite do último domingo (12/7), uma adolescente de 14 anos morreu com um tiro acidental na cabeça dado pela amiga da mesma idade, em um condomínio de luxo em Cuiabá, no Mato Grosso. A jovem que atirou e seu pai eram praticantes de tiro esportivo.

A adolescente de 14 anos, que matou a amiga com um tiro acidental na cabeça, praticando tiro esportivo em Cuiabá Gazeta Digital/YouTube

Marcelo Martins Cestari, de 46 anos, foi detido por posse ilegal de arma de fogo, pois duas das sete armas que foram encontradas na residência não tinham registro. Ele foi conduzido para a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, mas pagou a fiança e foi liberado na sequência. O valor pago não foi informado pela Polícia Civil.

O caso segue sendo investigado pelo delegado Olímpio da Cunha Fernandes Júnior. Em reportagem publicada na última segunda-feira (13), pela Gazeta Digital, é possível ver imagens da garota de 14 anos praticando tiro esportivo enquanto, ao fundo, um homem grita palavras de incentivo, como “boa!” e “só Alpha, hein?”. Na prática, as Zonas A (Alpha) significam aquelas mais certeiras.

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No dia 8 de maio de 2019, o presidente Jair Bolsonaro alterou o decreto que anteriormente só autorizava que menores de 18 anos praticassem tiro esportivo com o aval da Justiça. Desde então, menores de idade podem praticar tiro somente com a autorização de um responsável.

De acordo com a polícia, além da filha de 14 anos, cujo pai era o responsável por levá-la nas aulas, os irmãos da garota também praticavam o esporte. A adolescente estava na divisão light.

No site Jusbrasil, constam seis processos envolvendo o nome de Marcelo Martins Cestari. Tanto o pai quanto a filha bloquearam seus respectivos perfis nas redes sociais. Sobre a possibilidade do tiro esportivo ficar malvisto, Fernando Raphael, presidente da Federação de Tiro de Mato Grosso, deu a seguinte declaração em nota oficial: “Foi um acontecimento isolado, onde todos serão devidamente responsabilizados e o devido processo legal já está e será cumprido pelas autoridades competentes. Não nos cabe especular maldades, responsabilizar pais, ou julgar o esporte. (…) A jovem, que está vida, perdeu uma amiga e irá perder sua alegria da juventude. Os traumas são restritos às partes envolvidas.”

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