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Enem 2021 tem tudo para ser o mais branco e elitista da última década

Pandemia e gerência atual do MEC contribuem para que o exame deste ano apresente a menor taxa de inscritos pretos, pardos e indígenas desde 2009

Por Gabriela Junqueira 3 set 2021, 15h51

Um levantamento realizado pelo Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp) revelou que o Enem 2021 deve ser o mais branco e elitista dos últimos dez anos. A edição do exame terá a menor taxa de pessoas pretas, pardas e indígenas desde 2009. Além disso, a prova também terá  a menor participação de estudantes com isenção de taxa, ou seja, que a familiar é de até 1,5 salário mínimo.

Sala de aula vazia com carteiras de madeira
Nay Ni Ratn Mak Can Thuk / EyeEm/Getty Images

O número de inscritos para a prova, que é o principal caminho para a entrada nas universidades do país, teve uma queda preocupante de 44%, registrando apenas 3,1 milhões de inscrições. A redução está ligada a uma medida do governo de retirar a isenção dos vestibulandos que não compareceram a última edição do exame, que aconteceu em um momento crítico da pandemia de Covid-19.

O ministério sabia que manter essa regra iria resultar na exclusão dos mais pobres e, ainda assim, decidiu mantê-la. Por isso, esperamos que a justiça possa intervir e reverter essa situação cruel”, disse o presidente da Educafro, Frei Eduardo, para a Folha. 

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A decisão faz parte de uma série de medidas e declarações elitistas e exclusivistas do governo Bolsonaro. No começo de agosto, Milton Ribeiro, ministro da Educação, disse em entrevista que universidades “deve ser para poucos” e que não são úteis. Em seguida, durante outra entrevista o ministro declarou acreditar que crianças com deficiência “atrapalham” o aprendizado de outros estudantes, uma fala carregada de preconceito e capacitismo.Através de medidas que excludentes como a retirada da taxa de isenção, o atual MEC coloca em prática uma política destinada apenas para pessoas ricas e brancas, ignorando a maior parte da população brasileira.

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