Blog da Galera: você sabe o que significa heteronormatividade compulsória?

A Marina Tiellet, da Galera CH, abre a discussão para esse tema ainda pouco discutido - e que não deixa de ser um tabu.

Por Da Redação Atualizado em 31 out 2024, 00h52 - Publicado em 10 jan 2020, 12h30

Oi, gente! Tudo bem? Aqui quem fala é a Marina Tiellet. Andei sumida por um tempo por conta do final de ano e dos vestibulares, mas trouxe uma pauta mais do que necessária para este novo ciclo que se inicia. Afinal, quando falamos de progresso, falamos também de evolução pessoal – e, de fato, o que define essas coisas é a nossa capacidade de autoconhecimento e amor próprio quando nos preocupamos em evoluir como pessoa. Nesse sentido, uma das maiores vilãs do autoconhecimento é, nada mais, nada menos, que a temida heteronormatividade.

Site Pierna Cruzada/Reprodução

Segundo o dicionário, este termo é usado para identificar situações que fogem do “habitual”, isto é, em termos de orientação sexual, relações que não são heterossexuais se tornam assim marginalizadas (gays, lésbicas, bissexuais, assexuados, etc). Em outras palavras, a heteronormatividade exclui tudo aquilo que não é aceito pela sociedade, naturalizando o senso comum como a única forma propriamente digna de aceitação.

 

Na prática, o termo é definido enquanto compulsório, pois já existe uma grandiosa socialização por cima deste. Ou seja, a famosa “caixinha dos meninos” e “caixinha das meninas”. Na maioria dos casos, os pais já esperam que seu filho homem se atrele ao “papel natural da vida” a que lhe é atribuído: gostar de meninas, brincar de carrinho, não ser sensível, e por aí vai. O papel da filha mulher, em contrapartida, é gostar de garotos, brincar de boneca e ser sentimental.

Só de tomar consciência sobre a existência desse sistema já é meio caminho andado! Todavia, se desprender disso é o que tem de mais complicado. E por que isso acontece? Ter medo daquilo que não se conhece faz parte da própria natureza humana enquanto instinto de sobrevivência. Logo, é muito difícil se desfazer de algo enraizado por gerações. Por mais desconstruída que uma pessoa seja, ela facilmente pode ser levada (sem querer) por um pensamento que não condiz com seus valores pessoais, isso tudo porque ela foi socializada e ensinada desse jeito.

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Site Conversa Cult/Reprodução

Tomemos como exemplo garotas lésbicas que, por algum momento, ficam reflexivas com a possibilidade de serem bissexuais, pelo simples fato de que a sociedade lhes ensinou desde pequenas que devem gostar de homens. Desta forma, chegamos ao seguinte questionamento: até que ponto a heteronormatividade compulsória pode afetar nossas vidas? Será que algum dia estaremos completamente limpos deste tipo de socialização?

O autoconhecimento por si só depende de uma dissecação de tudo aquilo que se acredita, do que lhe é ensinado e, neste aspecto, a normatividade retém com efetividade o processo. Passamos, de certa forma, a desacreditar em nós mesmas, em nossos próprios valores e conhecimentos por conta de algo que nos é imposto.

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E aí, será que devemos realmente questionar sobre nossa luta pessoal ou deveríamos estar, na verdade, questionando o que nos foi colocado sem sequer alguma explicação? Mais amor próprio e resistência em 2020!

Um bom ano a todos, um muito mais livre,
@mar1n4

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