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Autora de 365 DNI responde polêmicas e diz que obra é tipo A Bela e a Fera

Em entrevista para a CAPRICHO, Blanka Lipińska compara trilogia erótica com clássico da Disney e diz que Massimo faz sucesso porque é "homem de verdade"

Por Isabella Otto 23 jan 2021, 10h04
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CAPRICHO/Sestini/Divulgação

Quebrar recordes na Netflix não é para qualquer um. Em meio a tantos títulos no catálogo, após sua estreia, em junho de 2020, o filme 365 DNI, inspirado no primeiro livro da trilogia de mesmo nome da autora polonesa Blanka Lipińska, de 35 anos, liderou por muitas semanas o TOP 10 dos mais assistidos na plataforma e ainda alcançou um feito inédito, segundo a Forbes: nas duas vezes em que perdeu a liderança, recuperou logo em seguida, se mantendo firme e forte em 1º lugar.

Apesar de não ser recomendado para menores de 18 anos, muitas adolescentes assistiram à trama e estão ansiosas para a sequência, que deve estrear ainda no segundo semestre deste ano, tendo criado fã-clubes para o filme e, em especial, para o Massimo Torricelli (Michele Morrone), personagem acusado de sequestrar a protagonista, Laura Biel (Anna‑Maria Sieklucka), mantê-la sob cárcere privado e violentá-la sexualmente. “É só um filme”, “Quanta hipocrisia!”, “Mimimi puro” e “Se for assim, não vemos mais nada” foram alguns dos comentários que a CAPRICHO mais recebeu quando postou uma crítica do então lançamento.

Autora de 365 DNI responde polêmicas e diz que obra é tipo A Bela e a Fera
Barbara Marcantonio/CAPRICHO

O livro de estreia da trilogia foi lançado no Brasil há apenas dois meses, pela Buzz Editora, com o nome de 365 Dias, e para entender o que a própria autora pensa disso tudo, a CAPRICHO entrevistou Blanka Lipinska, que reforçou que o filme não é mesmo para o público teen, disse que personagens como o Massimo fazem sucesso porque “são homens de verdade” e entregou se a personagem Laura sofre ou não da Síndrome de Estocolmo. Confira na sequência o bate-papo na íntegra:

CH: 365 DNI é um filme com conteúdo adulto, mas consumido em larga escala por adolescentes no Brasil, que criaram inclusive fã-clubes, especialmente para o Massimo. Você achava que sua obra seria consumida também por essa faixa etária? Isso te preocupa?

Blanka: Eu não posso controlar quem lê meus livros nem quem assiste ao filme. Eu afirmo muito claramente em todas as minhas entrevistas que meus livros são para adultos e também não para todos os adultos. Eu acho que é preciso ter muita experiência em sexo para poder apreciar plenamente o tipo de relação que eu apresento em minhas criações. Na verdade, os jovens não têm um gosto tão preciso e específico. Portanto, eu aconselho fortemente os jovens a não buscarem nada do que eu crio.

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CH: Quais foram suas inspirações para criar o Massimo Torricelli?

Blanka: Minha inspiração foi o Massimo Torricelli….

CH: Algumas pessoas defendem que seu livro romantiza temas como tráfico sexual e sequestro. O que você acha?

Blanka: Quem diz algo assim, provavelmente, não leu os três livros. Se alguém ler a história inteira e ainda tiver essa opinião, terei o maior prazer em discuti-la, mas, se não, não há sentido em fazer isso.

 

CH: Homens como o Massimo Torricelli e o Christian Grey são um grande sucesso na literatura. Por que você acha que isso acontece?

Blanka: As mulheres sentem falta dos “homens de verdade”. Hoje, as mulheres decidem, organizam, criam, e o homem fica confortável e começa a se ajustar. A Mãe Natureza o criou de forma diferente e é por isso que as mulheres sentem falta da sensação de ser “uma menina”. O homem é quem decide, domina, dá sensação de segurança. Mas não podemos confundir isso com submissão ou falta de independência. Eu sou um exemplo perfeito disso! Nos negócios, eu sou implacável, dura e persistente. Em casa, eu gosto de ser cuidada, que decidam por mim e me dominem de vez em quando. Isso me dá equilíbrio. É exatamente por isso que as mulheres amam homens como Grey ou Massimo. Eles não pedem, eles fazem.

CH: Apesar de todas as controvérsias a respeito do livro/filme, você é uma mulher que escreveu uma bem sucedida trilogia. Nós vivemos em um mundo machista, onde mulheres livres e que falam abertamente sobre sexo ainda são julgadas por homens e outras mulheres. Esses julgamentos já te machucaram?

Blanka: Nos últimos dois anos, eu tenho lidado com opiniões de pessoas que pensam que o sexo é uma criatura mítica, como Lorde Voldemort, de Harry Potter. Todo mundo sabe, porém, que ninguém quer dizer o nome dele na trama de Rowling por medo. Eu acredito que o sexo não é só para procriação, mas também para o prazer, e a conversa é a maneira mais fácil de disseminar isso. Na Polônia, eu realizei um tipo de “revolução sexual”. Milhões de mulheres se rebelaram e começaram a dizer não a um sexo que é só ok. Elas começaram a esperar mais da relação e a falar abertamente sobre suas necessidades. Isso foi uma surpresa para os homens, mas eles aceitaram o desafio. Casais me escrevem dizendo que eu salvei o casamento deles porque as mulheres se abriram para si mesmas e para o parceiro, e isso ajudou ambos.

CH: Na vida real, você se envolveria romanticamente com um homem como o Massimo Torricelli?

Blanka: Eu fiz isso e, como você pode ver, ele não está mais presente na minha vida – mas o livro é um best-seller.

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CH: Você acredita que a Laura sofra da Síndrome de Estocolmo? É uma hipótese?

Blanka: A Bela, de A Bela e a Fera, sofria disso? Essas duas histórias não são muito diferentes. A minha, porém, é para os adultos que podem dizer o que é bom e o que é ruim na vida, já A Bela e a Fera é um conto de fadas para crianças que ainda não entenderam as regras do mundo. Eu acho que minha heroína não sofre de nenhuma síndrome, porém, para concluir isso, é preciso ler os três livros.

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