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Agressor fechava feridas de vítima com cola: ‘chegou a beber meu sangue’

Deisiane Souza Cerqueira denuncia namorado, que a torturava: 'me bateu tanto que depois começou a usar cola comum para fechar os ferimentos'

Por Isabella Otto 28 mar 2019, 12h25

Mais uma denúncia de agressão anda tirando o sono de muita gente, principalmente das mulheres. Deisiane Souza Cerqueira, de 18 anos, moradora do bairro Phoc II, em Camaçari, Salvador, foi mantida em cárcere privado e agredida pelo namorado Alexandre da Silva, de 35, e encontrada pelo pai na última semana totalmente desfigurada.

O antes e depois de Deisiane. Reprodução/Reprodução

A vítima disse que o parceiro começou a torturá-la do nada. “Não sei o que houve com ele. Depois de dois meses de namoro, passou a me trancar dentro de casa, me espancar. Ele deixava eu comer apenas uma vez por dia“, revelou ao jornal Correio 24 horas. A estudante, que também disse que o homem já chegou a beber o sangue que saiu dos machucados dela, convidou o namorado para morar com ela quando sua mãe mudou de casa e a deixou sozinha na residência. No início, o pai achou que o afastamento da filha era por causa da nova rotina, mas começou a estranhar quando, depois de seis meses, continuou difícil falar com a filha e ela sempre parecia inventar desculpas para não se encontrar com ele.

Robson, pai da adolescente, foi até a casa da filha e a encontrou amarrada na cama, presa por uma corda, muito fraca e cheia de marcas pelo corpo. “Foi terrível(…) Carreguei ela nos braços e tirei dali. Depois, fomos à delegacia registrar o caso“, informou o pai ao Correio. Deisiane estava sozinha quando foi encontrada.

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À polícia, a estudante disse que “o namorado me batia tanto que as paredes de minha casa estão sujas de meu sangue. Certa vez, ele bateu tanto, mas tanto, que ele depois começou a usar cola comum para fechar os ferimentos. Como não conseguia, me esmurrava no mesmo lugar“. Exames de corpo delito foram feitos e Alexandre da Silva foi atuado após a vítima denunciar as agressões na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher de Camaçari. Uma medida protetiva também foi concedida na tentativa de proteger a garota, principalmente até a resolução do caso.

Esse é o tatuador Alexandre da Silva, de 35 anos. Reprodução/Reprodução

O advogado de defesa do homem, que trabalhava como tatuador, disse que o cliente é inocente e que não dará mais declarações até que o inquérito seja concluído. “Ele está numa situação de risco devido ao clamor social, porque esse tipo de situação sensibiliza as pessoas”, disse. Robson, pai da vítima, rebate o posicionamento do advogado: “ele é culpado(…) os fatos estão aí. Tem laudo dos peritos”.

De acordo com reportagem publicada também pelo Correio, somente 30% dos casos de violência contra a mulher na Bahia resultam em medida protetiva. O principal motivo para esse número pequeno e preocupante é a dificuldade que a  Justiça tem de encontrar os agressores. Por causa disso, muitas vítimas, principalmente aquelas que moram em cidades pequenas do interior, acabam precisando ficar afastadas e pedir ajuda pois sentem medo de voltar para casa e serem surpreendidas pelos foragidos.

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