9 dados sobre ser mulher e maioria no Brasil que talvez você não saiba
E que te farão questionar ainda mais as desigualdades de gênero em nossa sociedade
A gente sabe que ser mulher no Brasil está longe de ser fácil. Inclusive, de acordo com dados do Fórum Econômico Mundial, o “país tropical abençoado por Deus e bonito por natureza” ocupa o amargo 4º lugar entre os países da América Latina mais perigosos para ser do sexo feminino – ou para ter uma vivência feminina, melhor dizendo.
E talvez você já tenha escutado por aí que isso acontece porque somos minoria, o que é uma mentira em vários aspectos. Por razões sociais, raciais e de gênero, as mulheres são minorias em espaços delimitados pelo machismo estrutural que ainda hoje é uma verdadeira epidemia em nossa sociedade. Ser mulher já não é tranquilo, mas quanto mais você se afasta do padrão estético e comportamental de mulher imposto pela sociedade, mais os espaços lhe são negados, espaços esses que são preconceituosos, misóginos e capacitistas, nem um pouco bonitos por natureza.
Exatamente por isso, é bastante provável que a lista abaixo, que nos coloca como maiorias no Brasil, vai te fazer questionar ainda mais tudo isso o que a gente falou aqui e as desigualdades de gênero no país.
1. Mulheres são maioria no país
Segundo a PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) mais recente, de 2019, a população brasileira é composta por 48,2% de homens e 51,8% de mulheres.
2. Mulheres são maioria nas universidades brasileiras
Se 18% dos brasileiros entre 25 e 34 anos têm ensino superior, esse número sobe para 25% quando falamos de brasileiras. Além disso, o relatório Education at Glance 2019 mostra que as mulheres têm 34% mais chances de se formar no ensino superior que os homens, muito porque “meninos têm uma tendência maior de repetir o ano e de abandonar a escola que meninas”, como explica Camila de Moraes, analista de educação da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) no país, para a BBC News Brasil.
3. Mulheres sustentam quase metade dos lares brasileiros
Indo contra aquele padrão patriarcal ultrapassado de que o homem é o provedor e sustenta a casa, uma pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostra que hoje 45% dos lares brasileiros são sustentados por pessoas do sexo feminino. Entre os anos de 2014 e 2019, cerca de 10 milhões de mulheres tomaram o posto de gestoras da residência. Obviamente, juntamente desse dado, é preciso avaliar questões envolvendo crise econômica, taxa de desemprego e sobrecarga feminina, mas não deixa de ser uma quebra interessante de antigos valores.
4. Mulheres são a maioria dos leitores no país
Foi apenas no século XIX que o livro se tornou item possível para a maioria das mulheres. Antes disso, àquelas que tinham acesso à algum tipo de leitura tida como imoral, como aquelas mulheres que estudavam tratamentos medicinais com ervas e eram vistas como bruxas, eram castigadas de alguma forma. Mulheres que queriam conhecer mais do que a elas era permitido eram marginalizadas pela sociedade. Hoje, apesar de o percentual de mulheres alfabetizadas no Brasil ser 1% menor que o de homens alfabetizados, elas representam 60% dos leitores brasileiros, de acordo com dados do Ibope Inteligência para o +Mundo Marketing.
5. Mulheres vivem mais que homens
Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) de 2019 mostram que as mulheres vivem de 1,4 a 3 anos a mais que os homens. Não é apenas uma condição genética, mas também comportamental. Segundo o estudo, as mulheres são mais cuidadosas com a saúde e o bem-estar. E não é preciso nem dizer que, quanto menos desigual é o país, mais essa taxa de expectativa de vida é equilibrada.
6. Mulheres são maioria na produção de artigos científicos
Dos 364 mil estudantes matriculados pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), 195 mil são mulheres. Isso afeta diretamente o número de autoras femininas de artigos científicos no país, que também são maioria: 72% das produções são de mulheres, de acordo com a OEI (Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura).
7. Mulheres são maioria no SUS
Em anos de pandemia, é válido destacar um dado que talvez você não saiba: as mulheres representam 65% dos mais de seis milhões de profissionais de saúde dos setores público e privado, tendo grande destaque nos serviços e na gestão do SUS (Sistema Único de Saúde). Inclusive, nas três últimas edições da mostra “Brasil, aqui tem SUS”, dos 78 trabalhos premiados, mais de 50 foram escritos por autoras femininas. Por razões sociais, econômicas e culturais, “o perfil da gestão municipal do SUS é de uma mulher branca, com aproximadamente 50 anos e pós-graduada”, como salienta André Bonifácio, pesquisador da Universidade Federal da Paraíba.
8. Mulheres são maioria entre os gamers brasileiros
Pelo 5º ano consecutivo, as mulheres lideram o perfil de consumidores de jogos no país: são 53,8%, conforme mostra a 7ª edição da Pesquisa Game Brasil. Além disso, o público feminino também gosta de diversificar mais, consumindo games em diferentes plataformas. “Estão cada vez mais engajadas nos games, dos eSports aos consoles, passando pelo celular”, aponta Carlos Silva, head de gaming na Go Gamers, uma das empresas responsáveis pela realização do levantamento.
9. Mulheres são maioria do eleitorado
Dados liberados em setembro de 2020, pelo Tribunal Superior Eleitoral, mostram que mulheres formam 52,6% do eleitorado brasileiro contra 47,4% de homens. As mulheres também são maioria entre os eleitores com nível superior completo: 60%. Em contrapartida, segundo dados do IBGE, as mulheres seguem sendo minoria na representação política, ocupando pouco mais de 10% dos assentos na Câmara dos Deputados e 37% dos cargos gerenciais. Em 2020, as candidatas mulheres representaram apenas 16% dos vereadores eleitos no Brasil. Desde 1889, quando a República Federativa do Brasil foi proclamada, sendo Deodoro da Fonseca considerado o primeiro presidente do Brasil, tivemos apenas uma mulher no cargo, Dilma Rousseff, eleita em 2010.