7 em cada 10 alunos de 15 anos não sabem diferenciar fatos de opiniões

Pesquisa revela que talvez não falte tanto diálogo no Brasil, mas a falha na comunicação está justamente na interpretação de textos

Por Isabella Otto Atualizado em 30 out 2024, 17h34 - Publicado em 21 Maio 2021, 14h46

Nesta semana, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico emitiu um relatório mostrando que a maioria dos estudantes de 15 anos do mundo não sabe diferenciar fatos de opiniões na hora de interpretar textos.

Garota usando um moletom laranja descansa a cabeça na mesa, sobre livros e cadernos de estudo
Carol Yepes/Getty Images

Alunos de 80 países foram analisados para elaborar o relatório Leitores do século 21: Desenvolvendo habilidades de alfabetização em um mundo digital. 67% dos adolescentes brasileiros matriculados em escolas, ou seja, cerca de 7 em cada 10 alunos, não sabem fazer essa diferenciação. A média do Brasil, infelizmente, mas talvez não surpreendentemente, ficou acima da dos outros 79 países analisados.

Dois fatores são ressaltados no documento. O primeiro é que a falta de interpretação de texto é praticamente um “caso de saúde pública” no Brasil e que justamente essa lacuna na educação pode levar à polarização em diversos assuntos, como na política, culminando na “diminuição da confiança nas instituições públicas e na falta de credibilidade na democracia”.

 

O segundo é que a Era Digital também pode contribuir para esse alto número, já que, com o bombardeiro constante de informações, muitas vezes não conseguimos manter o nível de leitura ou a atenção na leitura, e acabamos lendo muito, mas sem parar para analisar a fundo o que foi lido. Daí, ao compartilhar essas informações, ainda mais com as redes sociais, que causa na gente essa necessidade de opinar sobre tudo, fake news acabam sendo criadas e incentivadas.

É interessante também destacar que a média em escolas menos favorecidas, principalmente naquelas localizadas em regiões rurais, chegou a quase 90%! O ensino digital tem se mostrado também, de acordo com o estudo, ainda mais problemático no quesito alfabetização.

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