Corte químico: o que é, como evitar e dicas para recuperar o cabelo
Após a quebra dos fios, cuidados específicos são necessários para que eles voltem a crescer de forma saudável
Recentemente, a cantora Luísa Sonza contou que, devido ao processo de descoloração global que faz para deixar seu cabelo loiro platinado, passou por um corte químico e, por isso, teve que deixar os fios bem curtinhos. Mas, afinal, por que o chamado corte químico acontece? Existe uma maneira de evitá-lo? Conversamos com especialistas que respondem essas e outras dúvidas sobre o assunto.
O que é o corte químico e por que acontece?
O corte químico é causado pelo excesso de processos químicos ou por química incompatível com o cabelo, que já pode estar frágil por outros procedimentos. “A fibra capilar se rompe em várias partes, deixando os fios irregulares com aspecto navalhado. É como uma resposta de rejeição do organismo aos procedimentos e químicas feitos no cabelo”, explica o médico tricologista Dr. João Gabriel Nunes.
Como evitar?
A cabeleireira e naturalista capilar Paula Breder afirma que a estrutura capilar não foi feita para química. “A ruptura é a última fase do desgaste causado pelo processo químico. Antes disso, há uma fragilização do fio, uma quebra das ligações naturais do cabelo, que observamos na porosidade, no afinamento do fio, no desequilíbrio de pH. Por isso, a melhor forma de prevenção é não usar química.”
Segundo ela, ainda há outro agravante, que são produtos que “maquiam” e tornam difícil de perceber o desgaste do cabelo com antecedência. “Hoje em dia, existem tantas maquiagens para o cabelo que a perda proteica é disfarçada por ativos como silicone e petrolatos, ao ponto de a pessoa perceber esse desgaste apenas quando acontece a quebra.”
As dicas do tricologista Dr. João Gabriel envolvem fazer teste de mecha antes do procedimento químico, evitar várias químicas seguidas, seguir um cronograma capilar, manter a hidratação dos fios e ter cautela ao utilizar ferramentas de calor.
Quanto tempo leva para recuperar um cabelo que teve corte químico?
O médico fala em cerca de dois anos. “O cabelo que sofreu corte química precisa de cuidados especiais, como cronograma capilar com produtos de reconstrução e de hidratação, e de um novo corte de cabelo para que possa crescer saudável”, afirma.
O cabelo que teve corte químico cresce saudável?
Paula Breder diz que vai depender do pH, e o cabelo ainda pode crescer com o temido scab hair, uma disfunção capilar causada por exposição prolongada à química.
“O cabelo volta a crescer saudável, o problema se intensifica quando se insiste na química e, assim, ele vai continuar a quebrar”, acrescenta o tricologista.
O couro cabeludo é danificado nesse processo?
“A microbiota do couro cabeludo sofre alterações gravíssimas. Pode ficar ressecado, craquelado e, por tabela, ser acometido de prurido crônico [coceira]”, declara Paula Breder.
O Dr. João Gabriel Nunes comenta que a química não afeta o bulbo capilar, mas pode ferir o couro cabeludo, que também pode precisar de um tratamento com um médico tricologista.
Após o corte químico, quais são os cuidados necessários?
O primeiro passo é entender que seu cabelo mandou um recado e suspender imediatamente a química. Depois, será preciso usar produtos adequados aos danos causados, seguir um cronograma capilar, evitar ferramentas de calor, cuidar do couro cabeludo com óleos vegetais e naturais, fazer umectação, entre outros. Durante esse momento de recuperação do cabelo, vale consultar um tricologista e fazer um acompanhamento para que os fios voltem a crescer de forma saudável. Combinado?
Quem deu as informações: Dr. João Gabriel Nunes, médico tricologista, membro da Sociedade Brasileira do Cabelo (SBC) e fundador do Centro Médico Capilar (Mogi Guaçu – SP); Paula Breder, cabeleireira, naturalista capilar e fundadora da Paula Breder Fitocosméticos