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Motorista que assediou menor culpa “short do tipo Anitta”; cantora rebate

Uber baniu completamente o motorista que culpabilizou a vítima e a roupa que ela usava pelo assédio.

Por Isabella Otto 18 fev 2020, 17h27

Na última segunda-feira, 17, um vídeo de uma menina de 17 anos sendo assediada no carro por um motorista da Uber viralizou. O caso ocorreu no domingo, 16, na região metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. O motorista, identificado como André, disse coisas do tipo: “de 14 anos pra cima você já é responsável”, “eu namoraria contigo se tu não tivesse namorado” e “eu faria coisas que teu pai não faria, pode ter certeza”.

Reprodução/Reprodução

Desconfortável, a garota disse que não tinha interesse e que o motorista tinha idade para ser pai dela, ao que ele respondeu dizendo que “estava só brincando”. Em nota, a Uber disse que o homem foi completamente banido do aplicativo. “A Uber considera inaceitável e repudia qualquer ato de violência contra mulheres. A empresa acredita na importância de combater, coibir e denunciar casos dessa natureza às autoridades competentes. A conta do motorista parceiro foi banida assim que a denúncia foi feita. A empresa defende que as mulheres têm o direito de ir e vir da maneira que quiserem e têm o direito de fazer isso em um ambiente seguro. Todas as viagens com a plataforma são registradas por GPS. Isso permite que em caso de incidentes nossa equipe especializada possa dar o suporte necessário, sabendo quem foi o motorista parceiro e o usuário, seus históricos e qual o trajeto realizado”, foi dito.

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Na tarde desta terça, 18, outro vídeo do motorista, agora na delegacia, onde respondeu pelo assédio, também viralizou nas redes. André disse que a jovem o “denegriu” (palavra que ele nem deveria ter mais no vocabulário, né?) e culpabilizou a vítima e a roupa que ela estava usando na ocasião. “[no vídeo] ela está sorrindo, bem espalhada no banco, em posições que eu até nem gostaria de citar aqui(…) ela estava com um short do tipo Anitta, com uma miniblusa, com as pernas abertas no banco, me chamando a atenção“, falou ao repórter.

O trecho da entrevista chegou até a Anitta, que usou as redes sociais para se pronunciar sobre o caso e a fala do motorista envolvendo seu nome: “NADA justifica um assédio. A forma de se vestir, sentar, falar, etc, não significa qualquer autorização ou pedido ou convite a ser assediada e/ou invadida, abusada, estuprada, etc. Quanto à menina estar usando um short ‘tipo Anitta’, pra mim significa que ela é independente, não tem medo de ser quem ela quer e, acima de tudo, bem inteligente pra denunciar e expor um assediador para que outras meninas não passem pelo mesmo que ela“, escreveu.

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A fala do motorista do Uber é típica de homens machistas que incentivam a cultura do estupro diariamente, seja com atitudes dentro do ambiente de trabalho, no caso de André, seu carro, seja com justificativas para atos cuja única justificativa é o caráter da pessoa que o pratica. No caso de um assédio, a única justificativa por ele ter ocorrido é o assediador – e a culpa por ele ter acontecido é também do assediador.

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