Comportamento

Amazônia: Bolsonaro comemora no Twitter prisão de brigadistas no Pará

Presidente relembrou insinuações que deu em agosto, em que disse que ONGs podiam ser responsáveis por queimadas na Amazônia.

Por Isabella Otto Atualizado em 8 jul 2020, 11h41 - Publicado em 27 nov 2019, 15h21

Nesta quarta-feira, 27, Jair Bolsonaro usou mais uma vez o Twitter para celebrar a prisão dos quatro voluntários da Brigada de Alter do Chão, no Pará, suspeitos de serem alguns dos responsáveis por plantar focos de incêndio na Amazônia.

– Em outubro declarei que muitos focos de incêndios poderiam estar ligados a ONGs. Agora a polícia paraense prende alguns suspeitos pelo crime. pic.twitter.com/AT2SoBgNJV

— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) November 27, 2019

“Em outubro, declarei que muitos focos de incêndios poderiam estar ligados a ONGs. Agora a polícia paraense prende alguns suspeitos pelo crime”, escreveu na rede social.

Na verdade, as insinuações feitas pelo presidente aconteceram em agosto, mais precisamente na manhã do dia 21. Em entrevista ao G1, Bolsonaro disse o seguinte: “o crime existe, está aí, nos preocupa muito. Mas nós tiramos dinheiro de ONGs, acabamos com a questão do repasse de dinheiro de órgãos públicos, de modo que esse pessoal está sentindo a falta do dinheiro. Então, pode estar havendo, pode, não estou afirmando, ação criminosa desses ‘ongeiros’ pra chamar a atenção contra a minha pessoa, contra o governo do Brasil(…) Pelo que tudo indica, foi para lá o pessoal para filmar e tocaram fogo. Esse que é o meu sentimento”.

Governo X ONGs: entenda o que está acontecendo em Alter do Chão, no Pará — – Reprodução/Reprodução

Ambientalistas e representantes da Brigada de Alter garantem que a prisão é injusta, já que o inquérito usado para a detenção não possui provas concretas de que os brigadistas estejam envolvidos no crime em questão. A CH conversou com a mãe de um dos voluntários presos, que acredita que a prisão seja política. Além disso, foi informado que os suspeitos detidos em medida preventiva tiveram suas barbas e seus cabelos raspados, o que é inconstitucional, já que, de acordo com o Art. 2º, § 4º, “o preso cuja custódia cautelar decorrer de Mandado de Prisão Temporária não está sujeito ao disposto no inciso VIII [realizar o processo de higienização pessoal, incluindo: a) cortar cabelo, utilizando-se como padrão o pente número “2” (dois) da máquina de corte; b) raspar barba; c) aparar bigodes] e suas alíneas, enquanto permanecer nessa condição”, conforme relata Guilherme Marinho no site Jusbrasil.