49% das meninas desistem do esporte por medo da masculinização

Enquanto as adolescentes deveriam se aproximar mais do esporte, estão cada vez mais se distanciando dele por puras imposições sociais.

Por Isabella Otto Atualizado em 31 out 2024, 21h40 - Publicado em 6 jun 2017, 17h51

Você sabia que 70% das meninas gostam e querem praticar algum tipo de esporte, mas 49% delas acabam desistindo no meio do caminho? Esse número é seis vezes maior que o de meninos que abandonam as atividades físicas. Isso se deve a uma série de fatores, que vão desde o machismo que ainda existe no meio – principalmente em algumas modalidades ainda vistas como “masculinas” – até o fato de que muitas meninas, mesmo ainda na infância, precisam cuidar da casa e dos irmãos menores.

49% das meninas desistem do esporte por medo da masculinização
Simone Biles, um dos principais nomes da nova geração de ginastas olímpicas, já foi criticada pelo seu corpo. Reprodução/Reprodução

Esses dados foram levantados pela ONG Plan International e divulgados durante um evento que discutiu a importância do esporte na vida das garotas, que aconteceu no Museu do Futebol, em São Paulo, neste terça-feira, 6. A discussão contou com a presença da Mônica Sousa, diretora executiva da Mauricio de Sousa Produções, que explicou mais sobre o projeto empoderador #DonasDaRua, da Thays Prado, representante da ONU Mulheres no Brasil, e da Maria Guimarães, publicitária da agência 65/10, cuja missão é mudar o papel da mulher na publicidade e na sociedade.

Um dos principais motivos que desencorajam as meninas a praticarem algum esporte é o corpo. Ou, no caso, como ele vai ficar depois de tanto treino. Veja, por exemplo, as nadadoras. Apostamos que você já ouviu alguém dizer que as costas dessas atletas são muito definidas, grossas e ~masculinas~. Isso, para muitas meninas, é um impedimento gigantesco, principalmente durante a adolescência, quando as jovens estão tão expostas às opiniões alheias e se preocupam mais do que nunca com elas.

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Durante a adolescência, uma garota tem duas vezes mais chances de ficar com a autoestima baixa que um menino. “Se comporta que nem mocinha”, “cuidado para não ficar com as costas largas”, “braço musculoso é coisa de menino”, “senta com a perna fechada”, “menina suada é nojento” e “futebol é coisa de lésbica” são alguns comentários que muitas meninas escutam diariamente e acabam acreditando neles, se isolando e se afastando do esporte, quando, na realidade, deveriam estar fazendo o contrário. De acordo com a Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, o esporte é a melhor ferramenta para otimizar a saúde das mulheres, tanto a física quanto a mental. Ou seja, as adolescentes estão fazendo o caminho inverso: enquanto deveriam se aproximar mais do esporte, estão cada vez mais se distanciando dele por puras imposições sociais.

Não tem nada de errado em ter um corpo mais musculoso, costas largas, pouca altura, pé grande, mão pequena, pernas definidas. Opiniões preconceituosas não devem te fazer desistir de um sonho. Só você sabe o que te faz feliz. Só você sabe quem realmente é. O esporte é, para muitas mulheres, a porta de entrada para um novo mundo. Um cheinho de oportunidades e de empoderamento. Cada pessoa é única! #BeTheChange

 

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