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Como o uso de câmeras por PMs está reduzindo a morte de jovens em SP

Entre 2017 e 2022, tivemos uma redução de 80,1% da mortalidade de adolescentes em intervenções policiais em São Paulo

Por NAIARA ALBUQUERQUE Atualizado em 29 out 2024, 18h43 - Publicado em 16 Maio 2023, 17h31

62 batalhões da Polícia Militar do Estado de São Paulo começaram, em 2020, a utilizar câmeras operacionais portáteis (chamadas de COP) em seus uniformes. Essa medida levantou muitas controversas na época, mas, especialistas em direitos humanos já apontavam que ela poderia ajudar a coibir a ação policial desnecessária – principalmente com a nossa galera.

Agora, um estudo divulgado nesta terça-feira (16) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), em parceria com a Unicef, mostrou que houve uma redução drástica nas mortes em intervenções com a força policial no Estado em razão do uso desta tecnologia.

E isso tem tudo a ver com você, viu?

Isso porque houve uma queda significativa nas mortes de jovens com a utilização dessas câmeras. Entre 2017 e 2022, ocorreu uma redução de 80,1% da mortalidade de adolescentes em intervenções policiais no Estado.

Para termos ideia, 102 jovens, entre 15 e 19 anos, foram vítimas de intervenções da força policial em 2019. Em 2022, foram 34 (uma queda de 66,7% no período) – o que reforça, mais uma vez, que essa tecnologia têm ajudado a coibir a ação desnecessária dos PMs entre a nossa galera.

Além de jovens, as principais vítimas por intervenções policiais são pessoas negras. Entre 2017 e 2022, 62,7% eram negros, enquanto que o contigente de pessoas brancas foi de 34,7%, 0,1% amarelas e 2,5% a raça/cor da vítima não foi preenchida no BO.

Ainda há um longo caminho pela frente

No levantamento, também foi constatado que a utilização de câmeras em fardas policiais já é um mecanismo muito difundido ao redor do mundo. No Brasil, a partir do Programa Olho Vivo, ”as experiências de adoção de câmeras corporais são recentes e escassas, mas têm sido apontadas como um mecanismo promissor para reduzir a letalidade provocada pelas polícias e fortalecer a confiança da população”, informou o texto de apresentação do levantamento.

Gráfico com dados de mortes
Gráfico mostra mortes por ação de força policial FBSP/ Unicef/Reprodução

Ainda com base nos dados, os especialistas estimaram que tenham sido evitadas aproximadamente 184 mortes nos 62 batalhões participantes do Programa Olho Vivo, entre agosto de 2020 e dezembro de 2022.

Os autores do estudo identificaram que apesar dos dados apontaram para uma melhora na atuação dos PMs, ainda há dificuldades para que os órgãos públicos – como Ministério Público e a Defensoria Pública – tenham acesso às imagens produzidas. Além disso, há a necessidade que essas câmeras sejam instaladas em outros batalhões.

”Não podemos aceitar 256 mortes decorrentes de intervenção policial em 2022 como rotina. O momento de queda é oportuno para adotar ainda mais medidas de profissionalização que de fato mudem estruturalmente a forma como a polícia atua em São Paulo”.

 

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