Quem é Walter Delgatti, o hacker da CPMI dos Atos Golpistas no Congresso
Depoimento do hacker à CPMI deu o que falar nas redes sociais - e pode ter um reflexo importante no futuro de Bolsonaro na Política
Nos últimos dias, não se fala em outra coisa no cenário político: Afinal, quem é Walter Delgatti Neto, o hacker da CPMI dos Atos Golpistas? E qual o impacto do depoimento dele para o futuro do ex-presidente Jair Bolsonaro? Para responder estas perguntas, é necessário dar alguns passos para trás.
Primeiro, é preciso entender ele ficou conhecido como o ‘hacker da Vaza Jato’. Foi ele quem invadiu, em 2019, os celulares do então ministro da Justiça e ex-juiz Sergio Moro – e de outros integrantes da Lava Jato.
De lá pra cá, Delgatti foi preso diversas vezes. A última vez foi no dia 2 de agosto, quando foi acusado de invadir uma série de sistemas do Judiciário – além de adicionar, supostamente, um mandado de prisão falso contra Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Agora, Delgatti retornou à tribuna da CPMI e deu detalhes de como foi convidado pelo ex-presidente Bolsonaro a invadir urnas eletrônicas e como teria recebido R$ 40 mil para invadir sistemas do Judiciário.
Esse é um assunto complexo, mas também super importante para entendermos um pouco do jogo político do nosso país, ok? Vamos lá!
Qual a relação entre o hacker e o ex-presidente Bolsonaro?
O depoimento de Walter Delgatti Neto contém algumas camadas importantes que atingem algumas figuras importantes na Política. Uma delas foi a de um possível diálogo que Delgati teve com Bolsonaro. Segundo Delgatti disse, em depoimento nesta quinta-feira (17), ele foi abordado pelo ex-presidente para assumir a autoria de grampos do celular do ministro AlexandrE de Moraes.
Segundo o hacker, em troca de assumir a autoria dos grampos, ele receberia um ‘indulto presidencial’, ou seja, um tipo de perdão pelo crime. Delgatti explicou, ainda, que essa estratégia de colocá-lo como responsável era para refutar críticas da esquerda, já que ele já havia hackeado dispositivos de integrantes da Lava Jato no passado.
E não para por aí: Delgatti disse que recebeu R$ 40 mil da deputada bolsonarista Carla Zambelli para invadir sistemas do Judiciário. Ele disse ainda, que teria recebido ordens para fraudar urnas eletrônicas diretamente de Bolsonaro.
“Suas versões [de Delgatti] mudam com os dias, suas distorções e invenções são recheadas de mentiras, bastando notar que a cada versão, ele modifica os fatos, o que é só mais um sintoma de que a sua palavra é totalmente despida de idoneidade e credibilidade”, informou a Defesa de Zambelli, em nota enviada ao g1.
O ex-presidente Jair Bolsonaro também negou as acusações.
Ainda não se sabe o real impacto que essas acusações terão sobre o ex-presidente. Fato é que nesta sexta-feira (18), o presidente do STF Alexandre de Moraes autorizou a quebra de sigilo fiscal e bancário de Bolsonaro e de sua esposa Michelle Bolsonaro. Ambos estão sendo investigados pelo caso das joias, que teriam sido vendidas como itens pessoais durante o mandato do ex-presidente.
Hacker bate boca com Moro
No mesmo depoimento que deu nesta semana, Delgatti bateu boca com ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro.
“Relembrando que eu fui vítima de uma perseguição em Araraquara, inclusive, equiparada à perseguição que vossa excelência fez com o presidente Lula e integrantes do PT”. O hacker disse, ainda, que leu uma série de conversas de Moro e emendou: “Li a parte privada e posso dizer que o senhor é um criminoso contumaz, cometeu diversas irregularidades e crimes”.