Precisamos falar sobre a falta de cuidado com a saúde mental dos jovens
No SuperMeninas, evento da GirlUp em parceria com CH, palestrantes falaram sobre como os jovens pretos e periféricos estão mais vulneráveis
O suicídio é a quarta principal causa de morte entre jovens de 15 e 29 anos no mundo. No Brasil, esse assunto ganha contornos ainda mais nefastos: São os jovens pretos, pobres e periféricos as principais vítimas de suicídio, segundo levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado no ano passado. Por isso, já passou da hora de falarmos sobre isso abertamente, né?
“Nunca é uma coisa só quando o assunto é saúde mental. Temos ainda uma população muito desigual, e a gente tem poucos profissionais de saude mental considerando a diversidade”, disse a psicóloga Mariana Cacciacarro, no evento SuperMeninas, que aconteceu na tarde deste sábado (7), em São Paulo.
Entre os anos 2010 e 2019, 112.230 pessoas morreram por suicídio, no Brasil. Trata-se de um aumento de 43% no número de vítimas nesse período, segundo dados do Ministério da Saúde.
A ativista, influencer e produtora cultural, Dandara Pagu, disse que já maior de idade começou a fazer terapia, e isso a ajudou muito para conseguir ter consciência do que viveu e passou. “Vou falar algo aqui que só falei em terapia, mas eu já tentei suicídio. Eu vim da periferia, e por isso e outros motivos as pessoas acreditam que eu não deveria ta aqui. Não só por isso eu não devia tá aqui, mas toda situação social que é jogado pra quem é preto e periférico”, afirmou.
Importante destacar que a pandemia de covid-19 também afetou e muito a saúde mental da nossa galera. Um relatório da UNICEF e a Rede de Conhecimento Social mostrou que 7 em cada 10 estudantes sentiram esse impacto na saúde mental. Você pode ler mais sobre isso aqui.
Autocuidado e a importância de falar não
É consenso entre nós que as redes sociais acabaram acelerando as dinâmicas sociais, né? Nesse sentido, ansiedade e depressão acabam atingindo principalmente os jovens – que são os principais consumidores nesses locais. Cacciacarro conta que nesse sentido, as pessoas podem ter uma expectativa de que a resposta venha imediatamente “e às vezes só não dá e tá tudo bem”, diz.
Para Dandara, é importante que as pessoas também encontrem grupos e pessoas em comum, que possam se fortalecer.
“Eu sou a mulher preta, retinta, bissexual. E se eu começo a seguir uma pessoa branca, classe média alta, onde eu vou me ligar com essa pessoa? Por isso eu sempre falo: esteja perto de quem parece com você, e de quem pode te fortalecer”.
*Nós estamos com uma cobertura completa sobre o evento SuperMeninas, com GirlUp! Você pode acompanhar toda a nossa cobertura aqui no site da CAPRICHO e também nas nossas redes sociais!