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Por uma mulher negra no STF

Por que estamos vendo tantas campanhas que incentivam a indicação de uma ministra negra à Suprema Corte do Brasil?

Por Luana Lira, líder Girl Up Brasil e estudante de jornalismo Atualizado em 11 out 2023, 12h16 - Publicado em 11 out 2023, 12h13
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STF (Supremo Tribunal Federal), fundado há mais de 100 anos, é um dos maiores representantes do poder no Brasil. Isso porque são os ministros que o compõem que julgam todos os casos de maior relevância no nosso país. O problema é que durante todo esse tempo em que tivemos 171 ministros, apenas 3 deles foram mulheres (detalhe: todas brancas) e 3 homens negros, ou seja, toda a história da corte foi assinada por homens brancos.

Isso por si só já mostra que precisa ocorrer uma mudança, certo? Errado! Ainda que nós, aqui, vejamos a importância de mudar esse cenário para que exista representatividade negra e feminina, não toca todo mundo.

Dessa forma, tendo em vista que o presidente Lula não indicaria uma mulher negra para o cargo que ficará vago no STF quando a ministra Rosa Weber se aposentar em outubro, diversas organizações começaram a criar campanhas para pressioná-lo a optar pela diversidade nessa importante indicação.

De mobilizações que pressionam o gabinete da presidência, intervêm artisticamente em capitais brasileiras ou transformam uma Barbie em Preta Ministra, até as que estampam a história emocionante de uma menina negra a procura de representatividade, podemos ver uma movimentação forte e potente protagonizada por organizações negras que têm suas muitas diferenças, mas deixaram todas elas de lado para levantar apenas uma bandeira.

Acompanhar essas campanhas todas me deixou em êxtase, porque eu acabei conhecendo juristas pretas incríveis, de extrema competência, que poderiam muito bem ser ministras — nomes como Adriana Cruz, Lívia Sant’Anna Vaz e Soraia Mendes agora estão no meu repertório de pessoas em quem me inspiro (elas três são as indicações do “Mulheres Negras Decidem” para a vaga no STF, e se você ainda não as conhece, corre já para conhecer!). Além disso, eu vi a real possibilidade de alcançarmos juntos esse objetivo e enegrecer um pouquinho o STF, mas meu sonho se enfraqueceu diante dos recentes acontecimentos.

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Senta que lá vem fofoca…

No programa Greg News, Gregório Duvivier fez uma crítica aberta a Lula para tentar dar um “acorda” no presidente e estimulá-lo a indicar uma mulher preta, além disso divulgou uma campanha feita por ONGs negras. Entretanto, a repercussão disso nas redes foi péssima.

As pessoas pegaram Gregório (um homem branco que estava ecoando uma demanda) como uma abertura para condenar todas as mobilizações prévias do movimento negro — mas sem amplamente ir contra o movimento (porque eles não queriam ser chamados de racistas).

No bom português, o que aconteceu foi que as portas do pensamento conservador, machista e racista, presentes no público “progressista” se abriram e as pessoas se sentiram no direito de declamar em alto e bom tom seus preconceitos. Isso tudo, claro, com a “desculpa” de que o presidente deveria indicar alguém que tivesse competência, sem pensar em “identitarismos” — o que é quase o mesmo que dizer que competência não pode ser encontrada em mulheres negras e que elas só são escolhidas por suas características identitárias.

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