O dia em que Bolsonaristas criminosos depredaram Congresso, Planalto e STF

Golpistas furaram bloqueio de policiais, agrediram repórteres e depredaram prédios públicos

Por Andréa Martinelli Atualizado em 29 out 2024, 19h05 - Publicado em 8 jan 2023, 16h50
invasão congresso, planalto e stf
Manifestantes antidemocráticos invadem Congresso Nacional neste domingo (8). GloboNews/Reprodução

Nós sobrevivemos a uma das eleições mais intensas desde a redemocratização, mas o clima tenso continua. Hoje, nas redes sociais, não há outro assunto e nós da CAPRICHO estamos atentas: Bolsonaristas golpistas invadiram o Congresso Nacional, Palácio do Planalto e STF (Supremo Tribunal Federal) em Brasília (DF) na tarde deste domingo (8).

Eles quebraram vidraças e depredaram dependências dos locais. Estes grupos realizavam protesto na capital federal, mas romperam bloqueio policial – que tentou conter os criminosos com bombas de efeito moral, mas sem sucesso.

Estes manifestantes, que protagonizam atos terroristas, não aceitam a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), questionam o resultado das urnas nas eleições 2022, pedem intervenção militar e um golpe de estado. Lula, neste fim de semana, está seguindo agenda de visitas presidenciais, e, por isso, está em Araraquara (SP). A cidade sofreu perdas com as grandes chuvas neste início de janeiro.

Ataque previsto e orquestrado

Desde o início deste mês, bolsonaristas estavam marcando manifestações antidemocráticas em Brasília e cerca de 100 ônibus com grupos de todo o país chegaram a Brasília neste fim de semana. Após os ataques, o governo federal optou por não recorrer à GDO (Garantia da Lei e da Ordem). Ela une todas as forças de segurança para reestabelecer justamente ela, a ordem.

Há foco em decretar a intervenção federal apenas na Segurança Pública do Distrito Federal e que essa será uma ação mais complexa, envolvendo até a exoneração – ou seja, a saída do governador do estado – e envolve aprovação do Congresso Nacional. Esta ação está prevista no artigo 34 da Constituição para manter a integridade nacional. Neste caso, o novo Secretário seria indicado pelo presidente da República.

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Vídeos nas redes sociais mostram os grupos agredindo policiais e depredando os locais dentro do Congresso, Planalto e STF:

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Um dos questionamentos que está sendo feito é: porque demorou tanto tempo para as autoridades agirem – ou até tivessem de preparado junto às forças de segurança para este episódio?

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Autoridades afirmaram que houve omissão por parte do governo do DF para que invasões ocorressem. A polícia do estado acompanhou movimentação dos golpistas pela manhã até a Esplanada e não barrou ataque, o que foi chamado de “apagão da segurança pública” na capital federal.

É possível que Anderson Torres, Secretario da Segurança Pública do Distrito Federal, e o governador do estado, Ibaneis Rocha, tenham relação com a inação das forças de segurança no estado. Torres foi ministro da Justiça do governo Bolsonaro e está na Flórida, nos Estados Unidos. Ibaneis Rocha foi afastado do cargo e Celina Leão, sua vice, assumiu o cargo.

Você deve lembrar que, há dois anos, houve a invasão do Capitólio, o equivalente ao nosso Congresso Nacional nos Estados Unidos após a derrota de Donald Trump nas urnas. Este movimento bolsonarista de hoje é analisado como um espelhamento do que aconteceu no país norte-americano.

Mas existe uma diferença importante entre a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2020 e a invasão da sede dos 3 poderes hoje em Brasília.

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A gente explica: nos EUA, o presidente Joe Biden ainda não tinha tomado posse quando os atos ocorreram. Já aqui no Brasil, Lula é a autoridade máxima do país e está sendo cobrado por medidas federais urgentes.

Além disso, a invasão do capitólio foi feita para impedir a diplomação e legitimação de Joe Biden como presidente. Aqui no Brasil, esse período já passou e Lula é o presidente já em exercício. Então, a intenção dos criminosos neste domingo era não só invadir e depredar os locais, mas ocupá-los de forma permanente em um ataque à democracia.

Entre as autoridades que já se manifestaram estão Flávio Dino, ministro da Justiça, Rodrigo Pacheco, presidente do Senado Federal, Augusto Aras, Procurador Geral da República (PGR) e chefe do Ministério Público Federal (MPF), Artur Lira, presidente da Câmara dos Deputados; Ibaneis Rocha, governador do Distrito Federal não falou publicamente, mas demitiu do cargo Anderson Torres, ex-ministro do governo Bolsonaro e atual Secretário de Segurança Pública do DF.

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Em discurso após assinar o decreto que determinou a intervenção, Lula afirmou que deseja “garantir de uma vez por todas que isso não se repetirá no Brasil. E é preciso que essas pessoas precisam ser punidas. E que essas pessoas nunca mais façam isso portando um símbolo nacional como a bandeira ou camisa da seleção brasileira.”

Aproveitaram o silêncio do domingo, quando ainda estamos montando o governo, para fazer o que fizeram. E vocês sabem que existem vários discursos do ex-presidente estimulando isso. E isso também é responsabilidade dele e dos partidos que sustentaram ele”, afirmou o mandatário.

Na manhã desta segunda (9), os presidentes de todos os poderes emitiram uma nota. Nela, afirmam que “o país precisa de normalidade, respeito e trabalho para o progresso e justiça social da nação”. Cerca de 1.200 bolsonaristas foram presos até o momento e levados à sede da Polícia Federal.

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