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Por uma mulher negra no STF

Por que estamos vendo tantas campanhas que incentivam a indicação de uma ministra negra à Suprema Corte do Brasil?

Por Luana Lira, líder Girl Up Brasil e estudante de jornalismo Atualizado em 29 out 2024, 18h14 - Publicado em 11 out 2023, 12h13
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STF (Supremo Tribunal Federal), fundado há mais de 100 anos, é um dos maiores representantes do poder no Brasil. Isso porque são os ministros que o compõem que julgam todos os casos de maior relevância no nosso país. O problema é que durante todo esse tempo em que tivemos 171 ministros, apenas 3 deles foram mulheres (detalhe: todas brancas) e 3 homens negros, ou seja, toda a história da corte foi assinada por homens brancos.

Isso por si só já mostra que precisa ocorrer uma mudança, certo? Errado! Ainda que nós, aqui, vejamos a importância de mudar esse cenário para que exista representatividade negra e feminina, não toca todo mundo.

Dessa forma, tendo em vista que o presidente Lula não indicaria uma mulher negra para o cargo que ficará vago no STF quando a ministra Rosa Weber se aposentar em outubro, diversas organizações começaram a criar campanhas para pressioná-lo a optar pela diversidade nessa importante indicação.

De mobilizações que pressionam o gabinete da presidência, intervêm artisticamente em capitais brasileiras ou transformam uma Barbie em Preta Ministra, até as que estampam a história emocionante de uma menina negra a procura de representatividade, podemos ver uma movimentação forte e potente protagonizada por organizações negras que têm suas muitas diferenças, mas deixaram todas elas de lado para levantar apenas uma bandeira.

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Acompanhar essas campanhas todas me deixou em êxtase, porque eu acabei conhecendo juristas pretas incríveis, de extrema competência, que poderiam muito bem ser ministras — nomes como Adriana Cruz, Lívia Sant’Anna Vaz e Soraia Mendes agora estão no meu repertório de pessoas em quem me inspiro (elas três são as indicações do “Mulheres Negras Decidem” para a vaga no STF, e se você ainda não as conhece, corre já para conhecer!). Além disso, eu vi a real possibilidade de alcançarmos juntos esse objetivo e enegrecer um pouquinho o STF, mas meu sonho se enfraqueceu diante dos recentes acontecimentos.

Senta que lá vem fofoca…

No programa Greg News, Gregório Duvivier fez uma crítica aberta a Lula para tentar dar um “acorda” no presidente e estimulá-lo a indicar uma mulher preta, além disso divulgou uma campanha feita por ONGs negras. Entretanto, a repercussão disso nas redes foi péssima.

As pessoas pegaram Gregório (um homem branco que estava ecoando uma demanda) como uma abertura para condenar todas as mobilizações prévias do movimento negro — mas sem amplamente ir contra o movimento (porque eles não queriam ser chamados de racistas).

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No bom português, o que aconteceu foi que as portas do pensamento conservador, machista e racista, presentes no público “progressista” se abriram e as pessoas se sentiram no direito de declamar em alto e bom tom seus preconceitos. Isso tudo, claro, com a “desculpa” de que o presidente deveria indicar alguém que tivesse competência, sem pensar em “identitarismos” — o que é quase o mesmo que dizer que competência não pode ser encontrada em mulheres negras e que elas só são escolhidas por suas características identitárias.

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